Toninho Costa, o amigo de sempre
Antônio Assis Costa – Toninho Costa – 75 anos de idade é casado com a Professora Vanilda (a Vidinha), possui 3 filhos: Frederico, Vanessa e Antônio Manuel e dois netos. Foi vereador, dançou muito ao som de Ray Connif, Billy Voguen, trabalhou desde criança nas mais diversas profissões e hoje desfruta de uma aposentadoria merecida. É noveleiro assumido, assiste televisão de mãos dadas com a Vidinha… Quem quiser ter uma aula sobre a política de Guaíra e recordar a nossa cidade, é só conversar com o nosso entrevistado. Aliás, depois de ler o relato de sua trajetória de vida vamos ter a certeza que tivemos muito prazer em conhecer melhor o amigo Toninho Costa.
Como foi a sua infância na velha Guaíra?
Hoje eu penso que a tecnologia roubou um pouco a infância das crianças. Aprendi a nadar no “corgo” juntamente com o Zezinho e o André Lacativa. Comíamos as frutas no pé. Aquela parte da Rua 2 para baixo era um cerrado e tinha pés de pitanga, gabiroba, era tudo nativo. Tinha também as cobras nos pés das gabirobas, não sei se elas ficavam esperando os passarinhos ou se elas comiam a frutas. Meu pai me ensinou: “cuidado ao chegar nos pés das frutas, olha bem se não tem cobra”.
Estudei no Francisco Gomes com grandes mestres: Dona Silvia Tavares, Dona Genoveva, Dona Nerildes. Tive muita sorte!!! Depois fui para o Enoch, naquela dificuldade para comprar livros e cadernos, e ali tive um professor de desenho, João Batista Pardinho, mas as aulas eram de geometria. Ele ensinou a encontrar a área de uma circunferência, o Raio vezes Pi, e eu pensava “para quê achar a área de uma circunferência, não existe fazenda redonda”…
Daí, uns trinta anos depois, fui vender pivô e usei a regra do Professor Pardinho. Meu primeiro professor de matemática se chamava Leonidas de Castro China, homem sério, casou-se com a elegantíssima professora Maristela.
Quando começou trabalhar no comércio?
O saudoso Zininho, da farmácia, foi o meu primeiro patrão. Ajudei meu pai a tocar uma lojinha de calçados no antigo prédio do Sr. Salim Elias, na esquina da Avenida 11 com a Rua 10. Trabalhei também em um Posto de Gasolina, durante cinco anos, ali vendiam-se peças de automóveis. Fui bancário, como funcionário do Banco Scatena, que era um prédio que tinha uma arquitetura muito bonita na Rua 12 com a Avenida 11. Me aventurei a tocar umas terrinhas lá pelos lados do Guaritá. Fiquei por sete anos em Goiás, também mexendo com a terra, era uma sociedade, mas resolvi voltar para Guaíra. Vim para ser gerente da empresa Massey Ferguson. Eu nasci para o comércio, gosto do comércio. Nesta época, um pouco tempo depois, a convite do saudoso ex-prefeito Minininho, fui gerenciar o Centro de Lazer e Centro Social Urbano. Tomei conta dos dois ao mesmo tempo durante 8 anos. Quatro anos na gestão do Minininho e quatro na gestão do Dr. Orlando.
Alma gêmea
Não tenho dúvidas de que minha esposa Vidinha estava predestinada a ser minha companheira para o resto da vida. Comecei a namorá-la com 17 anos, estamos juntos a 56 anos, foram 5 de namoro mais 51 de casados. Sempre do meu lado, nas minhas campanhas ela foi um excelente “cabo eleitoral”. Formei uma linda família com meus filhos e netos.
É muito apegado à família?
Gosto muito do convívio familiar, estou sempre em contato com meus sobrinhos: a Celinha Salomão, Geraldo, Flavinho, Paulo Eduardo. Minha irmã Jandaci, dancei muito com ela, nas brincadeiras dançantes. Tem a Raquel, que costurava, casou-se com o Farid Salomão; irmão Raul, que aprende mecânica como ninguém; são pessoas que estimo pois acho que a família é a base de tudo.
Vereança!
Fui vereador por quatro gestões. A última vez trabalhei com Dr. Orlando. Me lembro bem que fiz uns papeizinhos, chamados hoje de “santinhos” na gráfica do Sr. Vicente Lacativa, e foi o Sr. Vicente que arrumou um “slogan” para a minha campanha que mantive por toda a minha vida política: “Toninho Costa, o amigo de sempre”. Contei, para me ajudar nas campanhas, com minha esposa Vidinha e com o Sr. Horácio dos Santos, pai do Denir Barulho e muitos amigos. Trabalhei como vereador na gestão do Dr. Aloizio Lelis Santana, que considero um prefeito “Operário”, edificou Guaíra; Minininho, o José Pugliese, que rotulo como o Prefeito da Assistência Social, foi o prefeito que mais fez casas em Guaíra. Fez mais de mil casas. No mutirão, assim que ele assumiu como prefeito, não havia calçadas nem muro, foi a sua primeira providência, uma promessa de campanha. Dr. Orlando, já estava na personalidade dele olhar para os mais carentes, tanto como prefeito como médico. Foi uma perda lamentável. Acredito que Guaíra cresceu muito porque estes prefeitos com os quais trabalhei eram honestos. Guaíra é uma cidade rica, com uma agricultura forte. Trabalhei junto com o Dr. Waldemar Chubaci, Dr. Fábio Talarico, Dr. Orlando, o potencial de nossa cidade era muito grande. Antigamente não tinha o ICMS, na época do Dr. Nenê, por exemplo, não tinha arrecadação e quase ninguém pagava imposto. Foi na gestão do Dr. Chubaci que ele foi ao Rio de Janeiro, no IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal – e vieram dois técnicos para cá e organizaram a prefeitura. Fizeram cadastros das casas e marcaram toda a cidade.
E o Futebol?
Junto com o Sr. Horácio Santos, formamos um time de futebol chamado “Cruzeiro”, que durou por muitos anos. Eu sempre tive um time de futebol, era o único jeito de jogar (risos). Tive um time chamado “Os Tigres”, porque na época em que trabalhei no posto tinha gasolina que era o símbolo da Esso, na Maracá. O futebol traz grandes amizades, fazia os amistosos nas fazendas.
Um fato interessante
O Sr. Zico Scofoni sempre foi um grande amigo. Um dia levamos o Padre Orlando até a residência do Sr. Zico porque o Padre queria conhecê-lo. Dentro da sua naturalidade, Sr. Zico reiterou, várias vezes, durante a conversa a frase “e como dizia o outro”, “… E como dizia o outro”… Padre Orlando ouvindo aquilo, na saída, já na porta, agradeceu a hospitalidade e perguntou: “mas, quem é esse outro, que foi tão lembrado na nossa conversa?”
Foi muito ao cinema?
Todos os dias. A Dona Lulia escrevia umas placas com o nome e horário dos filmes. Eu pegava estas placas e pregava em frente à rodoviária antiga e outra em frente à antiga Riachuelo. Então eu entrava de graça. Aprendi muito com estes filmes, via o Marlon Brando, Gina Lolobrígida, Sofia Loren, o cinema me deu uma cultura muito boa.
E os velhos e bons tempos?
No meu tempo de namoro, era comum ter as turminhas e as meninas formavam a “turminha do fedô”, o nome não é sugestivo mas eram todos amigos e gente muito boa, eram: Carolina Queirós, Francelina Lourenço, Zimalda, Marli Vacaro, Surreme Cury, Cleia Dalva, Leila. E os rapazes eram: o Dr. João Bento Lourenço, que foi fazer faculdade de Medicina em Campos, no Estado do Rio de Janeiro, e por lá ficou; o Zu, que jogava futebol muito bem; eu, que fazia parte do time dele, mas era um perna de pau (risos) era mais pela amizade; Dr. Geraldo Sebastião Isac; Shigueaki Susuki; Silas Joaquim Silveira e o Minininho, um grande caráter, uma reserva de honestidade, de seriedade administrativa, aprendi muito com ele. Tive o prazer de ser amigo do Dr. Quito, outra grande perda.
Quem você gostaria de abraçar se fosse possível trazer do plano espiritual?
Meu pai! Era sistemático, mas era agradável e proporcionou uma vida familiar aconchegante. Morreu novo, com 62 anos, queria agradecer por tudo que ele me fez, pelo homem de bem que ele me fez tornar.