Em 04 junho deste ano, a prefeitura emitiu a nota “Fazer muito em pouco tempo: faculdade presencial de Guaíra confirma primeiros cursos para o início de 2022” confirmando que os cursos seriam oferecidos a partir do primeiro semestre do ano que vem. Porém, quase três meses depois, ainda é incerta a implantação das grades dentro deste prazo.
O Jornal O Guaíra entrou em contato com a atual administração para questionar sobre o tempo anunciado. Em resposta, o Executivo disse que, de acordo com o contrato de cessão do espaço público (entregue em 19 de fevereiro de 2021) para sua instalação, “tem dois anos para implantar a referida faculdade” e que o questionamento sobre o cronograma deveria ser feito à empresa.
Em uma esclarecedora conversa com o docente e mantenedor da Kheiron, José Eduardo de Miranda, não dá para confirmar prazos por causa das aprovações do MEC (Ministério da Educação e Cultura), mas o empenho para a concretização da instituição é intenso e, com certeza, o município será contemplado com os cursos presenciais de graduação. “O processo de implantação corre paralelamente ao processo de credenciamento. Temos o compromisso de ofertar o ensino presencial. Hoje, por conta da pandemia, o ensino está híbrido. Por isso se está avaliando o cronograma. Nossa expectativa, como lhe disse, é acelerar o processo e cumprir, como sempre fizemos, o nosso encargo. Seja no princípio, ou depois, em 2022 teremos a Faculdade!”
A Kheiron recebeu a doação do prédio da antiga incubadora de empresas, reformado, em 2020 e desde então iniciou os procedimentos para a aprovação dos cursos pelo MEC.
O docente diz que serão oferecidos, primeiramente, Pedagogia, Ciências Contábeis e Administração. Outros, como Direito, estão com solicitação de abertura encaminhada.
“[O primeiro semestre de 2022] sempre foi a nossa busca. Mas há um fluxo de processo e estamos gerenciando para que seu termo seja o mais breve possível, buscando atender a proposta de oferta presencial”, afirma.
“As pessoas podem resguardar a certeza de que Guaíra terá uma excelente Faculdade presencial, que contribuirá muito com o desenvolvimento das pessoas e do próprio município. Inclusive, o imóvel está com outra aparência. Entramos na fase de aquisição dos equipamentos pedagógicos. Agora, quando formos à Guaíra, levaremos a chamada para o banco de talentos. Na medida em que conformarmos o banco de talentos e selecionarmos professores por curso, desenvolveremos processos de capacitação com os selecionados, para integrá-los previamente ao modelo pedagógico. Como nossa proposta é presencial, estamos construindo um diferencial”, adiciona.
Quanto ao vestibular da faculdade privada, ele apenas acontecerá depois da publicação das respectivas portarias do MEC: credenciamento da Instituição e Autorização dos Cursos. “Neste momento, estamos executando a adequação do imóvel, para atender às especificidades do instrumento de avaliação”, complementa.
Quase uma década
A população guairense aguarda pela faculdade presencial há quase uma década. A proposta para a vinda da instituição de ensino superior surgiu em 2012, ainda na gestão do ex-prefeito José Carlos Augusto, quando o prédio da antiga incubadora foi doado à empresa Kheiron Educacional. O projeto de doação, que teve a participação fundamental do então vereador Dr. Cecílio José Prates, foi aprovado pela Câmara Municipal. A administração ficou responsável pela realização de obras de adequação para aprovação dos cursos pelo Ministério da Educação.
Na época, uma empresa foi contratada por meio de licitação para realizar as obras, que não foram concluídas totalmente até o final de dezembro de 2012. O ex-prefeito Sérgio de Mello, que na campanha de 2012 manifestou ser contra o projeto, venceu aquele pleito eleitoral e não deu prosseguimento na conclusão das adequações.
O prédio acabou sendo deteriorado e vandalizado, tornando-se inviável a instalação da faculdade. Denúncias elaboradas por vereadores foram encaminhadas ao Ministério Público mostrando dano ao patrimônio público. A Kheiron Educacional também entrou com ação contra o poder público. O ex-prefeito Sérgio de Mello chegou a firmar um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), com o Ministério Público se comprometendo a fazer a manutenção do local viabilizando, assim, sua entrega ao responsável; o que não ocorreu.
Quando assumiu, em 2017, a gestão de José Eduardo elaborou uma ação contra a empresa responsável (contratada na gestão de José Carlos Augusto) pela obra. Em 2018, a Justiça acatou os argumentos da administração e condenou a empresa a ressarcir os cofres públicos por não terminar o projeto da reforma e adequação do imóvel.
A prefeitura, então, executou as reformas necessárias em 2020, com recursos do tesouro municipal e, no início de 2021, fez a entrega do espaço em boas condições de uso. Desde então, a Kheiron ficou responsável para iniciar as atividades.