Francisco Muraishi expõe posição do Sindicato Rural sobre situação do agro guairense

Entidade representativa continua atuando em defesa ao produtor rural guairense, tanto com reivindicações à esfera municipal, quanto estadual. Para presidente licenciado, é necessário mais atenção do poder público para o setor que movimenta economia local

 

Cidade
Guaíra, 5 de março de 2021 - 08h47

Em entrevista ao Jornal O Guaíra, nesta semana, o presidente licenciado do Sindicato Rural, Francisco Muraishi, que encontra-se afastado da entidade por seu cargo como vereador na Câmara Municipal, expôs o posicionamento do SR referente ao agro do município e também o quanto a classe vem lutando para combater o aumento de impostos determinado pelo governo estadual.

Francisco recebeu a equipe de reportagem em sua fazenda, Matinha, a mesma que ele cede espaço para os ensaios técnicos do sindicato, juntamente com o engenheiro agrônomo Renato Massaro. Todos seguiram as medidas de segurança contra a covid-19. 

Muraishi desmentiu os boatos quanto ao fechamento da instituição, destacou a necessidade de mais pesquisas para melhorar o desenvolvimento da produção de soja de Guaíra e que, sem o apoio da prefeitura e sem a atuação do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, é difícil que algum instituto venha a realizar qualquer estudo. Confira esses e outros assunto na entrevista:

 

Sabemos que houve questionamentos a respeito do funcionamento do Sindicato após a saída de alguns funcionários. Qual o esclarecimento da entidade para todos?

Francisco: O Sindicato sempre esteve bem. Sou presidente licenciado para poder atuar na câmara. Todo mundo está perguntando se o sindicato vai parar. Nunca parou e não vai parar. Aconteceu de um funcionário sair, mas já o substituímos e estamos com os trabalhos funcionando normalmente. É uma entidade sólida que nunca deixaremos cair o nível. Os sócios podem ficar tranquilos, porque continuamos prestando nossos serviços com excelência, oferecendo contabilidade, departamentos pessoal e jurídico, assistência técnica rural… Temos laboratórios, consultorias, temos uma equipe profissional e capacitada. Além disso, fazemos dias de campos e competições de produtividade, sempre visando obter resultados e soluções melhores aos agricultores. 

 

Como o sindicato está trabalhando durante a pandemia?

Renato Massaro: Estamos trabalhando internamente seguindo todos os protocolos determinados pela saúde. Atendemos aos produtores de maneira presencial e fazemos atendimento remoto também. Na semana que vem, deveremos fechar os portões por causa da fase vermelha e atender um a um. No início foi assim. Espero que a Faesp mande alguma circular.Não estamos fazendo cursos e eventos seguindo determinação do estado. Mas, estamos vendo a possibilidade de um encontro técnico de soja híbrido e online, dependendo de como estaremos com a pandemia neste mês de março. 

 

Falando em encontro técnico, como esses eventos são importantes para o produtor?

Francisco: É através do encontro técnico que o produtor descobre como resolver situações complicadas em sua lavoura. Principalmente agora, que estamos tendo muitos problemas com a soja em Guaíra. Com o encontro, podemos mostrar o motivo e soluções. 

Infelizmente, o produtor rural guairense não consegue produzir mais do que 40 sacas por hectare, sendo que a média da região é de 80 sc/ha. Agora, por que estamos tão atrás? Por que acontece isso? Precisamos de pesquisa. Faltam pesquisas. Como não temos envolvimento da Embrapa, IAC, CATI para cuidar disso, o município tem essa produtividade baixa. No momento, o único órgão que pode oferecer ao produtor o que pode melhorar é o sindicato.

 

Renato: temos nosso ensaio aqui na Matinha, para mostrar um pouco do que dá para fazer para melhorar. Há algumas cultivares que estão dando resultado melhor, tecnologias, hoje, tanto na soja quanto milho, são plantadas na fazenda. Aqui, o produtor encontra as novidades que realmente dão resultados. Estamos trazendo tecnologias para que eles vejam in loco. Nós precisamos produzir mais, isso beneficiará o município por inteiro. A produção aumentando, aumentamos nossa economia local, melhoramos o PIB da cidade. Tanto que manteremos o encontro de soja, agora em março, mas não abriremos por conta da pandemia. Estamos analisando fazê-lo de forma híbrida e online. Acredito que em breve apresentaremos mais sobre o assunto para a sociedade. 

 

Qual é a área de produção de grãos, hoje, em Guaíra?

Renato: Temos no município 28 mil hectares de grãos, sendo 26 mil só de soja (verão). Temos mais da metade, mais de 14 mil de área irrigada, o resto é sequeiro. E temos 70 mil hectares de cana. 

 

Francisco: continuo insistindo para que os produtores não abandonem sua produção de grãos. Precisamos de pesquisa e de incentivo para que essas áreas continuem a produzir. Imagine se estivéssemos com nossa produção de soja a todo vapor? Guaíra estaria muito mais desenvolvida. Precisamos mostrar que os grãos são tão competitivos quanto a cana. 

 

E como resolver essa situação da falta de atenção de um instituto de pesquisa para o município?

Renato: Precisamos de um conselho municipal para buscar isso. Sozinho, o sindicato rural não consegue. Quando buscamos em esfera estadual, somos barrados porque não temos conselho atuante. Há alguns anos tínhamos convênios da prefeitura com um instituto, mas acabou há muito tempo. Através do conselho poderíamos participar na Embrapa, no IAC, para eles mandarem gente para desenvolver estudo na área.

 

Francisco: tenho até indicação na câmara, para uma área de campo para pesquisa de produtividade. uma área pública A prefeitura tem que ser uma das mais interessadas, porque isso só beneficiará o município. Não só essa, mas tenho outras sugestões para o agro local, que vai beneficiar e muito a comunidade guairense, que é a transposição do Rio Pardo ou Grande, para melhorar o abastecimento de água para todos. Agora, está nas mãos do Executivo.

 

Guaíra não tem conselho municipal para o setor? Guaíra não teria que ter uma política agrícola municipal mais atuante?

Francisco: Temos um Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural que está desativado há anos. Faz mais de quatro anos que não tem ação. Tínhamos que ter mais ação da prefeitura nessa área. No momento, estamos até sem secretário de agricultura. Além disso, sobre outros assuntos, por exemplo, a prefeitura tem o projeto para a transposição do rio. O poder público precisa ir atrás disso, pois não podemos deixar a cidade desabastecida. Ele precisa criar um conselho mais atuante, para buscar as demandas para a cadeia agrícola local. Guaíra precisa dar mais atenção para isso. 

Precisamos de mais representatividade. Sozinho, o SR não consegue. Um Exemplo: temos mais de 250 sindicatos envolvidos no tratoraço, essa movimentação e essa cobrança trouxeram resultados. 

 

Aproveitando que está falando do tratoraço, destaque a importância desse movimento para o produtor e também consumidor?

Francisco: O tratoraço é hoje uma realidade, pois a união de entidades, lideranças e produtores está impedindo que o governo aumente o ICMS em tudo. O agricultor enxergou que isso atingiria ele e também o supermercado, o produto final. Nosso sindicato participou dessa mobilização e mostrou que Guaíra também estava contra esse aumento, aumento esse que foi aprovado por muitos deputados, que temos os nomes já em lista e destacamos que não votaremos neles novamente. O Tratoraço é a prova de que se nos unirmos conseguimos que nossas reivindicações sejam atendidas. 

 

Por que o produtor precisa do Sindicato Rural?

Francisco: o produtor precisa do sindicato assim como o sindicato precisa do produtor. Primeiro, temos a função de representatividade. O produtor é mestre da porteira pra dentro e da porteira pra fora ele não tem tempo de correr atrás das coisas, correr atrás de preços, consultorias, pesquisas e tantos outros itens. Isso o sindicato está ali para auxiliar, com todos os departamentos que disponibiliza para os associados. Além disso, a entidade oferece  muitos cursos de capacitação para ajudar não só o agricultor e sua família, mas toda a comunidade. Temos o Jovem Aprendiz, que beneficia os jovens e os ajuda a adentrar ao mercado de trabalho capacitados e prontos e também muitos outros cursos que formam mão-de-obra conforme a demanda necessária para a região. 

Através do sindicato, nós levamos os problemas para a Federação do Estado, que leva a nível federal para que sejam resolvidos. Um exemplo era aquela cobrança da água ao produtor. Nós apresentamos reivindicação para a FAESP, que levou à CNA, que conseguiu sanar junto ao governo federal. 

Estamos aqui para o que o agricultor e a comunidade precisarem. Nos colocamos à disposição e ressaltamos que os produtores podem confiar em nosso trabalho e caminhar junto ao nosso lado para encontrarmos aberturas para todas as portas que surgirem. Vamos cobrar mais a prefeitura para que dê mais atenção ao agro e acreditamos que, com isso, conseguiremos elevar ainda mais o nome do nosso município. 

 

PRÓXIMA ENTREVISTA:  O Jornal O Guaíra prepara a próxima entrevista com o atual presidente  Mário Sérgio, que além de ser agricultor, traz sua lavoura como uma empresa e conhece como ninguém as demandas do agro


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