Geadas afetam produção de alimentos e preços devem subir

Há queda de produção e qualidade de algumas culturas. Sindicato Rural de Guaíra destaca danos nas culturas da região, como feijão, tomate, pupunha, hortaliças e cana. FAESP pede apoio aos produtores em dificuldade para quitar compromissos

Cidade
Guaíra, 30 de julho de 2021 - 13h40

As geadas ocorridas entre 19 e 20 de julho trouxeram muitos prejuízos para a região de Guaíra. Segundo o engenheiro agrônomo do Sindicato Rural de Guaíra, Renato Massaro, várias culturas foram erradicadas, trazendo grandes prejuízos aos produtores rurais. “Tomate, feijão, milho verde comercial, áreas de pupunha e hortaliças sem estufas foram bem danificadas. Com relação à cultura maior em área plantada,que é a cana, também foi atingida. Com isso, essas áreas recém-plantadas, brotadas, tiveram até perdas totais, ao verificarmos junto a alguns agricultores, com necessidade de replantio”, avalia.

Como a geada queimou a cana, Renato explica que o desenvolvimento da planta é interrompido, assim como a quantidade de açúcar. “Pelo que analisamos, as usinas terão que antecipar colheita fora da época ideal, consequentemente, o peso vai ser inferior, causando prejuízo grande na nossa região que tem 3 usinas, tendo que mudar toda sua programação.”

A Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo também se posicionou sobre a situação. Fábio de Salles Meirelles, presidente da entidade, relata ter sido feito levantamento, por meio da rede de sindicatos rurais filiados, sobre as perdas. “Foram dois dias de frio intenso e abrangente, que provocaram danos em várias cadeias produtivas, especialmente na cafeicultura, cana-de-açúcar, milho e pastagens. Prejuízos foram reportados também nos pomares de citros, cultivos de trigo, mandioca, frutas e hortaliças”, informa, enumerando as culturas mais atingidas:

Café: estima-se que as geadas afetaram entre 10% a 20% da área nas principais regiões produtoras do Estado. A dimensão exata ainda está sendo avaliada, em função dos diferentes graus de severidade do frio que atingiram as lavouras. Os danos foram mais intensos nas lavouras novas, em áreas de plantios nas baixadas. Porém, as plantações mais maduras não passaram ilesas, o que deverá resultar em menor rendimento e qualidade na próxima safra, com o aumento de grãos pretos e verdes.

Cana-de-açúcar: Áreas com renovação e brotação nova foram bastante prejudicadas. Nas plantações ainda não colhidas, a seca já havia provocado queda de produtividade. Com a geada, a produção que já estava prevista em volumes menores, tende a se reduzir ainda mais. 

Milho safrinha: impactos severos foram registrados em municípios das regiões do Médio Paranapanema e Sudoeste Paulista. Nas lavouras em fase de florescimento e enchimento de grãos, os primeiros registros apontam uma quebra de produtividade podendo alcançar em até 70%. Nas situadas em estágio mais avançado (grão pastoso ou farináceo), a sinalização é de que o potencial produtivo possa se reduzir entre 20% e 30%.

Pastagens: os danos foram expressivos em muitas localidades, já que grande parte das áreas de pastagens em baixadas foram queimadas. Com a seca, a produtividade de massa que já havia caído significativamente, tende a ser potencializada com os efeitos da geada. Isso implicará na necessidade de suplementação dos animais, ou seja, maiores gastos com a alimentação do rebanho cujos custos já estão altos, com potencial reflexo na produção de carne e leite. Produtores de leite em sistemas semi-intensivos relataram quebra de 30% a 50% na produção em um período de três dias.

Hortaliças: perdas chegam a 15% das áreas em produção do cinturão verde, o Alto Tietê Paulista. Isso abrange um universo de dois mil produtores prejudicados. Houve redução na produção e menor qualidade dos produtos. A geada impactou também a produção nas regiões do Médio Paranapanema e Noroeste Paulista, com prejuízos estimados acima de 50%.

Impacto na saúde financeira das propriedades rurais

Além das perdas estimadas para a agropecuária paulista, que serão expressivas em termos agregados, preocupa a consequência individual para as propriedades rurais, com reflexos em termos de diminuição do faturamento, margens e incapacidade de pagamento dos custeios agrícolas. Além disso, deverá ocorrer elevação temporária dos preços dos alimentos, devido à escassez de oferta, que pode repercutir nos índices de inflação.

É natural do mercado, com relação à falta de produto, termos aumento. Já estão aumentando os preços, mesmo naqueles produtos em quantidades suficientes, em decorrência de outras coisas, como o dólar, mas, agora principalmente, esses produtos, como feijão, café, tomate, já veremos diferença nos preços nessa semana, assim também como as hortaliças de um modo geral”, explica o eng. agr. do Sindicato Rural de Guaíra.

“Neste momento, é fundamental que o Ministério da Agricultura e, no Estado, a Secretaria de Agricultura apoiem os produtores paulistas, pois eles terão dificuldade em honrar seus compromissos financeiros perante os credores. É preciso criar linhas emergenciais de custeio e de prorrogação de dívidas”, pondera Fábio Meirelles, concluindo: “Somente assim os produtores rurais poderão continuar se dedicando às suas atividades, contribuindo para a segurança alimentar e a paz social”.

Geada nesta semana

Renato Massaro explica que ontem, 28 de julho, não houve relatos de geadas nas lavouras, já que o município registrou mínima de 1,3º C na área rural, tendo geada somente nas baixadas. Porém, a previsão para esta sexta-feira (29) era diferente. “Segundo previsões, nesta sexta, haverá geada de um modo geral, serão temperaturas negativas que deverão atingir toda nossa área. Como tivemos essas temperaturas mais baixas, pouca chuva, essa massa de ar polar terá facilidade de chegar com mais intensidade no nosso município”, alerta.


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