O Ministério da Saúde incluiu ontem (20) a cloroquina, e seu derivado hidroxicloroquina, no protocolo de tratamento para pacientes com sintomas leves de covid-19. De acordo com o documento divulgado pela pasta, cabe ao médico a decisão sobre prescrever ou não a substância, sendo necessária também a vontade declarada do paciente, com a assinatura do Termo de Ciência e Consentimento.
Porém, o governador de SP, João Dória, não seguirá a inclusão do medicamento no tratamento dos pacientes do estado. “Nós não faremos a distribuição e nem aplicação generalizada da cloroquina, porque a ciência não recomenda. A ciência não orienta este procedimento e em São Paulo nós seguimos o que a ciência”, disse Doria.
O secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, ressaltou que o uso da cloroquina ainda é condicionado à aceitação do paciente ao tratamento, que envolve riscos e que o médico ainda é a pessoa com última palavra sobre a recomendação do produto. “Tem que existir o consentimento informado por escrito do paciente. Ou seja, é uma indicação do médico com o consentimento do paciente.”
São Paulo registrou 3.664 novos casos da doença de ontem para hoje, segundo Germann, totalizando 69.859 casos. É o terceiro maior aumento registrado em 24 horas. O total de mortos foi para 5.363 casos, aumento de 4% em 24 horas. O coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, Dimas Covas, ressaltou que “a epidemia mostra neste momento a sua face mais atroz”, ao comentar a marca de 1.000 mortes em um único dia, registrada nesta terça. “(A covid-19 é) a maior causa nesse momento de mortalidade já no Brasil. A primeira causa de mortalidade. Superou todas as demais doenças”, disse Covas.
Ainda segundo os dados do governo do Estado, a taxa de ocupação dos leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) foi a 71,7%. Na região metropolitana da capital, chegou a 87,9%.
Ministério da Saúde recomenda
O governo federal incluiu o medicamento, mas alerta que, apesar de serem medicações utilizadas em diversos protocolos e de terem atividade in vitro demonstrada contra o coronavírus, ainda não há resultados de “ensaios clínicos multicêntricos, controlados, cegos e randomizados que comprovem o beneficio inequívoco dessas medicações para o tratamento da covid-19”.
Ainda assim, ao atualizar as orientações para o uso dos medicamentos, o Ministério da Saúde considerou a existência de diversos estudos e a larga experiência do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento de outras doenças infecciosas e de doenças crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A droga é, originalmente, indicada para doenças como malária, lúpus e artrite.
De acordo com a pasta, como também não existe, até o momento, outro tratamento eficaz disponível ou terapia farmacológica específica para covid-19, as novas orientações buscam uniformizar as informações para os profissionais da saúde no âmbito do SUS e orientar o uso de fármacos no tratamento precoce da doença.