A iniciativa do vereador Rodrigo Malaman (PSDB) para debater a realização ou não do Carnaval em Barretos lotou as dependências da Câmara Municipal na noite de sexta-feira (11). Marcado para às 19h00, o debate teve duração de quase três horas e meia. A ACIB (Associação Comercial e Industrial de Barretos), que defende os interesses da classe empresarial, não enviou representantes.
O critério da audiência é tido como parcial por analistas políticos, haja vista que o requerimento do vereador convoca o debate para a “não realização do Carnaval”. Durante toda a audiência, Rodrigo Malaman não se posicionou.
Para Dr. Cesar Mauricio da Silva as aglomerações aumentam o risco de contaminação. “As pessoas deixam de fazer aglomeração naquele local em que é proibido fazer em outro. Isso a gente vivenciou no final do ano. Eu quero chamar a atenção do Poder Público para ficar instituindo regras, mas as pessoas não querem cumprir. Os jovens vão brincar o Carnaval, beijar na boca de várias pessoas e depois vão passar para os avós, pois sabemos que a durabilidade da vacina nas pessoas mais idosas é menor. É possível ficar em quarentena depois de brincar o Carnaval?” – questionou. O representante do CREMESP (Conselho Regional de Medicina do Estado de SP) afirmou que é notória a revolta das pessoas com as medidas restritivas.
Segundo o médico Fauze Daher, assistir uma dúvida desta, se deve realizar um Carnaval que não é de rua e nem de investimento de dinheiro público é esquisito. “É uma festa reservada, contida, numa fase da pandemia que esmoreceu com essa variante com alto contágio e baixa mortalidade. O mundo já está aberto para as pessoas se encontrarem e viver com essa pandemia que não vai desaparecer da noite para o dia.” Lembrou que Neil Morris Ferguson que é um respeitável epidemiologista britânico já reconheceu que o lockdown foi um erro. “Impedir Os Independentes de realizar o Carnaval é fazer lockdown.” Para ele, está nas mãos da prefeita a decisão e sentiu falta da presença de Paula Lemos (DEM) no debate.
“Está previsto que Olímpia receberá mais de 70 mil pessoas durante o feriado de Carnaval, segundo a prefeitura daquela cidade.” – afirmou Ricardo Batista da Rocha (PP), o “Bodinho”. O vereador lembrou que se houver doentes lá, eles virão se tratar em Barretos.
O advogado Chafei Amsei (MDB) declarou que a população tem uma visão errada sobre Os Independentes. Segundo ele, a realização do Carnaval vai beneficiar restaurantes, hotéis, postos de gasolina e mercados. A amplitude dos negócios é muito mais ampla. “Fui procurado por uma munícipe que estava preocupada porque alugou 40 imóveis, sendo uma renda extra pós pico da pandemia. Além dos imóveis, esta munícipe contratou nove faxineiras e cinco cozinheiras para trabalhar nestes imóveis. Através de um evento promovido por Os Independentes, mais de 60 famílias serão beneficiadas pelo dinheiro que circulará em nossa cidade. Este aspecto da economia tem que caminhar junto com a saúde. Nós temos um grande índice de transmissão, mas baixo índice de internação e mortes.” – disse. Lembrou que o governador João Dória (PSDB) decretou ponto facultativo e as pessoas irão para o litoral, alugarão chácaras, farão eventos particulares, assim como foi Natal e Ano Novo.
Segundo o secretário municipal de saúde, Kleber Rosa, foi notado que em todos os feriados há um aumento da procura por atendimentos médicos na atenção primária. “Tendo o feriado de Carnaval, já estaremos esperando o aumento da demanda. Todos os que estão internados na UTI com Covid neste momento tem alguma outra complicação de saúde, como problemas nos rins e infarto. Neste momento o nível da pandemia está ambulatorial.”
A rede hoteleira está preocupada, pois caso não haja o evento terá que devolver o dinheiro das reservas, assim como os proprietários de imobiliárias que alugaram chácaras e casas.
Dados da Associação Os Independentes diz que o número de barretenses que compraram ingressos na última edição do Bloquim corresponde a 0,35% da população. “Os eventos precisam voltar porque ninguém suporta ficar sem trabalhar. Ano passado a gente lutava para que o comércio abrisse e havia gente morrendo. Agora tem gente só com sintomas gripal e tem gente pedindo para fechar um evento. A Prefeitura e a Associação Os Independentes precisam andar unidos. Sou apaixonado pela associação, mas muito mais por Barretos.” – frisou emocionado o presidente Jerônimo Muzetti.
Promotor de eventos, Renato Vargas disse que a realização de eventos é uma questão de sobrevivência. “Não aceitamos mais suportar, todos estão trabalhando e o setor de eventos não. Chegamos ao fim. Temos que tratar de nossas famílias. Por toda minha vida sempre foram contrários ao Carnaval. Agora na pandemia não seria diferente.”
O secretário municipal de turismo Cuiabano Lima declarou que se sente feito de palhaço. “Temos 80% da população vacinada. Barretos é recorde de vacinação, inclusive das crianças. A gente tinha esperança que a vacina iria nos libertar. Agora preciso ainda vir aqui defender a retomada de eventos.” O secretário apontou que os 17 mil turistas que estarão aqui é um número bem menor daquele que estará em Olímpia.
O Conselho de Pastores de Barretos, presidido por Eryck Bretanha, enviou carta repudiando a realização do Carnaval.
Apesar de a Câmara Municipal promover o debate sobre a realização, ou não, de eventos carnavalescos em Barretos no ano de 2022, a decisão final sobre o tema caberá a prefeita Paula Lemos.
Por: Igor Sorente – Fonte: Jornal Sertanejo