Fogo em canaviais do município e região também está assustando a população; até a tarde de ontem, guairenses continuavam presos em Franca pelo crime ambiental
Os frequentes focos de fogo na mata já abriram grandes clareiras, empobrecendo a diversidade da flora e, consequentemente, fauna.
A população está inconformada com as atitudes criminosas de alguns cidadãos, que colocaram fogo na Mata do Residencial Taís neste domingo (03) e também nesta terça-feira (05). Com o ato, a Guarda Civil Municipal calcula mais de 90% da área verde comprometida.
O espaço havia conquistado, há poucos dias, verba de R$ 200 mil para sua revitalização, com construção de alambrado, calçamento e quiosque. Entretanto, a vegetação ardeu em fogo e foi praticamente devastada. “Da dó de ver o estado do local. Tentamos apagar, mas foi tudo muito rápido”, comenta o comandante da GCM, Paulo Sérgio da Silva.
Estimativas da Defesa Civil apontam que a APP – Área de Preservação Permanente – deve demorar pelo menos dois anos para se recuperar do incêndio. Os frequentes focos de fogo no horto já abriram grandes clareiras, empobrecendo a diversidade da flora e, consequentemente, fauna. “A vizinhança escutou os gritos dos macaquinhos na mata. Muito triste”, conta uma moradora da região.
De acordo com a Guarda, ainda não há provas de como o incêndio começou e quem são os criminosos. “Mas, contamos com o apoio da comunidade, com denúncias e ligações, para que possamos evitar esses casos. Importante salientar que atear fogo em terrenos vagos, áreas institucionais, de preservação ou plantações é crime ambiental”, completa Paulo, que deixou o telefone da GCM disponível para contato (17) 3331-2273 ou 199.
Ainda no final do mês de julho e meados do mês de agosto, outra reserva urbana sofreu com as queimadas. Dois incêndios praticamente desolaram a reserva do Portal do Lago, uma mata ciliar do Córrego da Antas, afluente na bacia do Ribeirão do Jardim.
O comandante espera que com a criação de uma Brigada de Incêndio do Município o combate ao fogo se torne mais ágil. “Guaíra não tem Corpo de Bombeiros estadual (da PM) e os incêndios são combatidos pela Guarda Municipal e auxílio das usinas. O projeto de lei da brigada já foi aprovado pela Câmara dos Vereadores e é intenção do município montar o grupo de combate às queimadas”, pontua Silva.
Incêndios na região
No início desta semana, além de Guaíra, incêndios também ocorreram em canaviais de toda a região. Nesta segunda-feira (04), a Polícia Rodoviária confirmou que a rodovia Faria Lima ficou interditada das 14 às 16 horas entre Barretos e Colômbia. O motivo foi uma queimada em plantação no município colombiense, que começou ainda pela manhã, provocando muita fumaça e prejudicando a visibilidade na pista.
Em Barretos, equipes do Corpo de Bombeiros atuaram em dois casos de grandes proporções. Um deles ocorreu em loteamento próximo à Casa Vovô Antônio, no bairro Campo Redondo, em que o fogo destruiu área de mata estimada em cerca de dois mil metros quadrados. Outro foco ocorreu numa fazenda na rodovia Faria Lima, próxima ao trevo de acesso à avenida João Batista da Rocha.
Homens presos
Conforme notícia publicada na edição de ontem (05) do Jornal O Guaíra, o guairense O.E.D.L, 41 anos, foi preso em Morro Agudo e levado para a cadeia de Franca, após ser denunciado por testemunhas de que estaria ateando fogo em canaviais da região.
O indivíduo, que foi preso juntamente com M.P.F, 58 anos, alegou que estava na estrada de terra para cortar caminho e que se direcionava a Ribeirão Preto. Dentro de seu veículo havia apetrechos para o crime, como copo plástico, papel toalha, fita adesiva, álcool e luvas. Segundo a Polícia Militar, são utensílios para a criação de uma “vela” para iniciar fogo nas plantações.