No final de 2020 e início de janeiro de 2021, a rede social da Festa do Peão de Guaíra divulgou vídeos de artistas famosos convidando a população para o evento, que deveria ocorrer em maio deste ano. As postagens causaram dúvidas e especulações, já que a pandemia ainda não cessou e há muitas incertezas sobre uma vacina para imunizar a população da Covid-19.

Para esclarecer todo o assunto, o Jornal O Guaíra entrevistou, na tarde de ontem (12), o integrante da AGUF (Associação Guairense de Fomento), responsável pela comissão organizadora da festa, o empresário Jamel Abdala.

Jamel destacou que os vídeos foram gravados no mês de outubro, assim que o evento foi remarcado para maio de 2021 e que a comissão aproveitou para publicar as chamadas ao final do ano, porque acreditava que a vacina seria eficaz e já seria distribuída neste início de 2021. Confira a entrevista:

A Festa anunciou através de suas redes sociais a realização do evento para maio. Mesmo em pandemia, como a organização decidiu manter as datas?

Quando anunciamos a festa no final do ano e já tínhamos a gravação dos artistas, contávamos com aquilo que todo mundo acreditava: de que maio já teríamos a vacina e um controle maior da pandemia. Isso nos causou transtorno, porque a gente vem carregando uma data, adiando sem ter a certeza de nada. O mais importante para nós sempre será a preservação da saúde das pessoas que vão ao evento.

Para realizarmos o evento contávamos de que teríamos a vacina no final de 2020 ou começo de 2021 e que iria fluir naturalmente, mas, com o passar dos dias, observamos que existe um clima de insegurança em relação à vacina no Brasil, talvez até por uma “guerra política”.

Para nós, tínhamos essa gravação feita, porque a partir do momento que não pudemos realizar o evento em outubro, adiamos e achamos que maio seria a melhor data e acreditávamos que até lá teríamos um perfeito controle da pandemia, teríamos a vacina fluindo; quando isso aconteceu, a pandemia estava caindo e acreditávamos com a gravação dos artistas em nossas mãos, tudo fluía para que as pessoas estariam imunizadas até lá.

A comissão sempre esteve comprometida em fazer o evento com muita seriedade e honestidade, mas, antes de tudo, preservando a saúde das pessoas. O que não esperávamos, o imponderável aconteceu. A vacina ainda não chegou e se até um determinado tempo vai atender a todos. Pelo que caminha a situação, a comissão vai se reunir na semana que vem, para discutirmos com os empresários e definir uma nova data.

 Os cantores confirmaram que participarão do evento?

Estamos constantemente em contato com o empresário dos artistas que contratamos e todos os shows estão praticamente quitados. Tradicionalmente, a festa do peão sempre paga a grade de artistas conforme vai recebendo dos convites. E foi isso que fizemos. Até fevereiro, já tínhamos pagado uma parte substancial dos shows, isso não ficou com a gente, foi repassado para o empresário dos cantores, o Marcinho Costa. Decidimos assim para não ficar carregando aquele débito enorme para o dia do evento e é mais tranquilo para trabalhar.

O que aconteceu é que a vacina não veio e continuamos na pandemia, dessa maneira, estamos amparados pelo decreto do presidente da república, dando um prazo para realizar o evento ou devolver o dinheiro após a pandemia. A maioria dos eventos comprometidos financeiramente com empresários e artistas ficaram estacionados neste nível.

Nosso interesse é que a festa seja realizada o mais breve possível e que atinja o seu objetivo. Mas, infelizmente, pelo que observamos, e a comissão vai se reunir, dificilmente acontecerá em maio. Porque precisamos esperar a vacinação e como ela atingirá o público até maio. Estamos no aguardo para ver qual caminho a seguir.

 Como o visitante que não quer participar do evento pode fazer para reaver seu dinheiro de volta?

Legalmente, estamos amparados, mas a preocupação é grande e constante. Temos responsabilidades com essas pessoas que confiaram em nós, pagaram seu camarotes, compraram as permanentes, as parcerias de patrocínios que estavam encaminhadas e não queremos prejudicar ninguém. A AGUF é uma empresa séria e procura fazer tudo da melhor forma possível, com transparência e honestidade.

Estamos aguardando um parecer da Anvisa para ver como vai fluir essa vacinação, para termos uma posição mais efetiva. O que podemos garantir é que as pessoas que se comprometerem com a AGUF e que compraram camarotes e permanentes têm seus ingressos em nossas mãos tranquilos. Eles vão ter direito.

Sobre reaver o dinheiro de volta, será na época de realizar a festa, quando o governo federal suspender a pandemia – nós temos aquele “um ano para pagar a pessoa”. Se a festa for acontecer, quem não quiser participar receberá o dinheiro de volta. O que precisamos é transacionar, porque devolveremos o dinheiro dessa pessoa e venderemos esse convite devolvido a outra, porque não haverá perigo de pandemia e teremos um grandioso público, se Deus quiser.

Mas as pessoas que pagaram não perderão, simplesmente estamos em compasso de espera e não é porque queremos, é porque as circunstâncias nos impedem de realizar o evento.

 Como o visitante que quer participar e ainda não comprou o ingresso no ano passado pode adquirir os convites?

As pessoas – no momento oportuno que for o evento, com todas as precauções e a pandemia não estiver existindo – que quiserem comprar seu ingresso, continuaremos vendendo pelo preço que paramos de trabalhar na época. A permanente era R$ 120 reais e os camarotes estavam bem escassos (quase todos vendidos). Vamos continuar de onde paramos, não vamos prejudicar ninguém. Estava tudo caminhando muito bem, mas a pandemia apareceu no final de fevereiro e não conseguimos realizar o evento na época certa. 

A festa segue as recomendações do Ministério da Saúde? Como serão as normas de higiene e segurança para o evento?

Com certeza, só poderemos realizar a festa com o aval da justiça, quando tiver imunidade, tranquilidade e, se isso acontecer, como é um evento que aglomera muitas pessoas, não acontecerá agora, só poderemos realizar a festa com segurança e certeza. No momento da festa, se tiver algum resquício de pandemia e se o Ministério da Saúde nos orientar, vamos tomar todas as precauções necessárias, caso contrário não será realizada, adiaremos novamente.