INFRAESTRUTURA: Pavimento Antienchente

Cidade
Guaíra, 10 de março de 2023 - 10h48

O aumento cada vez maior das áreas urbanas impermeáveis, resultado da

concentração populacional em grandes cidades, justaposto a conseqüente

interferência humana no ciclo hidrológico, tem obrigado o poder público a adotar

medidas que buscam a eliminação dos efeitos produzidos pelas chuvas intensas. 

Pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP) desenvolveram um novo tipo de pavimento poroso para a absorção e retenção das águas da chuva, reduzindo os riscos de enchentes, aquaplanagens, e provavelmente com menor custo e impacto de implantação se comparados com outros métodos. 

Os pavimentos convencionais são compostos de uma camada de revestimento de asfalto ou concreto impermeável, uma camada de transição e uma base de material granular, como pedra britada. A nova técnica da Poli que deu origem ao pavimento permeável é formada, basicamente, por uma primeira camada de revestimento poroso, uma camada de base que armazena temporariamente o líquido, uma manta de borracha para o isolamento da água e uma série de drenos que permitem que a água chegue mais rapidamente aos rios e córregos. Uma base de pedras de cerca de 30 centímetros retém a água por algumas horas, diminuindo ainda mais a probabilidade de inundações.

“A água infiltrada passa pelas camadas de revestimento, acumula-se na base do pavimento e sai pelos drenos, reduzindo o impacto da impermeabilização causado pela pavimentação convencional das ruas e estradas”, explica José Rodolfo Scarati Martins, professor do Departamento de Engenharia Hidráulica da Poli e um dos coordenadores do trabalho.

Os pesquisadores desenvolveram dois tipos de pavimentação com a mesma tecnologia. A diferença está na superfície: um é feito com blocos de concreto e outro com asfalto comum misturado a aditivos que faz com pequenos orifícios sejam formados na superfície para a infiltração da água. Em testes realizados no estacionamento da universidade, com apoio da Prefeitura Municipal de São Paulo, os pisos conseguiram reter praticamente toda a água das chuvas nos dois primeiros meses deste ano.

“O pavimento capta e armazena a água antes dela correr para as bocas de lobo. É como se a água estivesse sendo lançada na areia da praia”, disse Martins. “A inovação está no rearranjo de materiais que já existem no mercado. Trata-se, na verdade, de uma nova técnica construtiva a partir de pedras, asfalto poroso e outros materiais já disponíveis comercialmente”, aponta.

Segundo ele, a pesquisa desse tipo de sistema de pavimentação tem o objetivo de divulgar e popularizar novas técnicas que sirvam como medidas compensatórias ou de mitigação do impacto da impermeabilização dos terrenos nas grandes cidades, que causam inundações e outros desastres naturais.

Os experimentos nos laboratórios da Poli apontaram ainda que a capacidade de amortecimento média do novo pavimento permeável, considerando eventos de maior e menor intensidade, é de cerca de 50%.

“Fizemos os testes em um período que choveu quase 40 dias seguidos no último verão. O asfalto conseguiu aliviar pela metade os efeitos locais de uma forte chuva”, conta Martins. “Nossa expectativa é que essa nova técnica seja consolidada e utilizada em ruas e estradas para que, assim, seja vista como mais um dos elementos que promovem a sustentabilidade e evitem acidentes nas grandes cidades”, explica.

O asfalto permeável desenvolvido na USP possui esse sistema que é semelhante ao utilizado em diversos outros países como Japão, Bélgica, Alemanha e EUA. O experimento foi realizado em um estacionamento da escola politécnica da universidade, foram colocados dois tipos de pavimento, um com placas de concreto e outro com o asfalto comum misturado com aditivos que geram os espaços vazios. Abaixo do pavimento foi colocada uma camada de 35 cm de brita, responsável por reter a água por mais tempo. Além disso, foi adicionado ao lado do asfalto poroso um espaço semelhante a uma caixa d’água que armazena toda a água absorvida pelo pavimento, com isso é possível relacionar a quantidade de chuva e a quantidade de água que foi absorvida e, futuramente, realizar experimentos futuros para testar a qualidade da água absorvida e a possibilidade de reutilização.

FONTE: ESCOLA POLITÉCNICA USP

 


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