O final de semana foi mais agitado do que o normal em Guaíra. Estabelecimentos comerciais noturnos puderam abrir suas portas e servir os consumidores em suas mesas. Não só espaços privados, mas os públicos também registraram a presença de jovens e adultos; um deles no Parque Maracá.
A aglomeração de pessoas em um mesmo local e sem máscaras nos rostos assustou aqueles que passavam de carro nas proximidades. Até porque a Santa Casa de Misericórdia de Guaíra continua com seus leitos lotados e com diversos pacientes na fila de espera para serem transferidos a UTIs da região, registrando mortes diariamente em decorrência da Covid-19.
Mas isso parece não preocupar alguns cidadãos, que utilizaram o fim de semana como uma “liberdade” para os dias de quarentena. Apesar de estar na fase de transição, isso não dá opção para que as pessoas se aglomerem, já que o “toque de recolher” continua a valer das 20h às 5h.
Neste momento de incertezas por todos os lados e do relaxamento das restrições em outros, o governo deve aumentar a fiscalização e também a orientação aos estabelecimentos. Dessa maneira, a proprietária do jornal O Guaíra, Izildinha Lacativa, pediu para que o promotor do Ministério Público, Diego Bisco Lelis, se atentasse para o caso do município, utilizando como exemplo o parque Maracá nestes últimos dias.
O vereador Renan Lelis Lopes também alertou a prefeitura sobre a situação, através de suas redes sociais. “Estou terminando este domingo com uma grande preocupação. Em uma pandemia, onde nosso município ainda chora seus mortos, afrouxar o laço das medidas preventivas contra a COVID-19 é o mesmo que prever mais uma fase com crescimento de casos e óbitos em nossa cidade. O que eu vi em Guaíra hoje, região Parque Ecológico Maracá é mais um reflexo da falta de responsabilidade de alguns, somada à falta de orientaçãoe fiscalização do Poder Público. Esta soma de fatores irá refletir daqui duas semanas em nossa cidade. Percebi pessoas sem máscara e aglomerações como se já tivéssemos superado esta pandemia. Uma realidade mascarada que, se não tomarmos os cuidados, tanto o poder público como a comunidade, vamos voltar a chorar nossos mortos e isto me deixa muito preocupado e com o coração apreensivo. Alertei o prefeito em exercício Edvaldo Morais sobre a necessidade de manter o sinal de alerta em nossa cidade. As novas regras da fase de transição adotada pelo Governo do Estado, não são desculpas para diminuir nossa atenção. Lá, na nossa Santa Casa, pacientes aguardam vagas em UTI, em uma verdadeira batalha pela vida. Alguns estão intubados, mas com medicações cada vez mais escassas, a tensão entre os profissionais da área, nossos verdadeiros heróis, só cresce.”
Renan afirma que o governo precisa encontrar o bom senso entre a economia e as vidas. “Pessoas não podem morrer de fome e muito menos vítimas da COVID-19. Como vereador, mesmo com nossa função sempre limitada, fiz várias indicações ao prefeito, mas como ocorre na maioria das vezes, a maioria é engavetada. Em uma época onde deveria existir união de forças, o que vemos é que ignoram sugestões que poderiam auxiliar nossa cidade. Na outra ponta, parte da comunidade sem consciência ignora os riscos de uma contaminação que pode te levar a uma internação e depender de vagas mais escassas de UTI.”
INTENSIFICAÇÃO DA FISCALIZAÇÃO
O Ministério Público enviou ofício à prefeitura nesta segunda-feira (26), solicitando a intensificação da fiscalização, principalmente nos locais públicos, bares e restaurantes, advertindo o prefeito de que “a falta de fiscalização poderá configurar ato de improbidade administrativa e providências do MP em um prazo de 5 dias”. O ofício também foi enviado à Polícia Militar, inclusive com a possibilidade de “prisão em flagrante dos infratores pelo crime previsto no artigo 268 do Código Penal”.
ÁUDIO PARA A PROMOTORIA
No início desta semana, a proprietária do jornal O Guaíra enviou um áudio à esposa do promotor Diego Lelis, que acabou utilizando-o para fazer a solicitação ao governo municipal e às autoridades policiais. Izildinha Lacativa cobra o MP e diz que faria uma reportagem para também pressionar governo municipal e autoridades policiais para que intensificassem a fiscalização pelo uso de máscaras.
“Tem um monte de gente na rua, nos bares, sem máscara e eu vou pressionar o Dr. Diego se ele não pode fazer alguma coisa. Não tem vagas na UTI, tem seis pessoas esperando por uma vaga na região, gente morrendo e o povo, depois das 17h, em volta da lagoa, nos bares, sem máscaras. Se não tiver uma pressão da polícia em cima disso, está danado. Não precisa fechar o comércio, acho que tem até que estender o horário do comércio, mas precisa ter distanciamento, álcool em gel e principalmente máscara. Vamos chamar a atenção da promotoria, polícia e prefeito, porque não tem condições. Pessoas me ligaram cobrando porque tinha muita gente sem máscara. Temos que fazer alguma coisa urgente.”
MENSAGENS DE APOIO
Após divulgar a ação pelas redes sociais, o Jornal O Guaíra recebeu diversas mensagens de cidadãos preocupados com a situação da covid-19 na cidade, apoiando este pedido de intensificação da fiscalização. “Parabéns ao O Guaira, pela ação. Infelizmente essa triste realidade parece que ainda não atingiu os olhos e corações de muitas pessoas. Enquanto isso, vemos famílias sendo vitimadas por esse VÍRUS MALDITO e a festa rolando nas aglomerações em espaços públicos e até em residencias”, disse Claudinei Bagatini.
“Este é um típico cenário falso de melhora, e é muito preocupante. Assim que entra em transição de fase, as pessoas acreditam de verdade estar melhorando o avanço do combate. E não está. É assim que se forma uma TERCEIRA ONDA. Aqui em Santos também está assim”, contou Cátia Dias.
“Não precisei sair de casa para confirmar isto, pois no sábado, em diversos pontos aqui em volta da minha casa o som de risos, gritos, música e cheiro de churrasco eram bem nítidos, até altas horas, deixando uma sensação de impotência e incredulidade no desrespeito à situação. Muito triste isto”, falou Valéria Araujo.