Local foi inaugurado sem alvará de licenciamento ou condições de estrutura adequada. Seria necessário mais gastos do dinheiro público para readequação. Mesmo assim, não há qualquer investigação das autoridades do município ou Estado
O furto de canos e fios de cobre na Unidade de Pronto Atendimento 24h, na última semana, reacendeu as discussões sobre o prédio no município. O crime ocorreu durante a madrugada de sexta-feira (31) e agora está sendo investigado pela Polícia.
De acordo com o Secretário de Saúde, Jorge Watanabe do Prado, o local foi invadido no intervalo da troca dos Guardas, mas o serviço de zeladoria já foi readequado.
Com as atenções voltadas à UPA, a população está questionando o governo, novamente, sobre os atendimentos que deveriam acontecer, mas que nunca tiveram início. Inaugurado no final de dezembro de 2016, com controvérsias, o espaço está totalmente inadequado e com suas instalações comprometidas, o que deixa o funcionamento completamente inviável aos guairenses.
Há necessidade de avaliação técnica do Departamento de Obras, liberação da Vigilância Sanitária e alvará de licença de funcionamento, o que impede a abertura das portas para a comunidade. Além disso, o aparelho de Raio X foi comprado no ano passado, mas, a sala não foi construída conforme as exigências e seria necessário quebrar as paredes para isolar o cômodo, como o necessário; tomadas se encontram em lugares errados e a tubulação de oxigênio também está irregular.
Segundo a prefeitura, sem a reestruturação, será impossível abrir a UPA 24h em Guaíra. “Não adianta colocá-la em funcionamento sem poder atender a população adequadamente. Seríamos irresponsáveis”, afirma Jorge Watanabe.
IRREGULAR
Para o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Antonio Alves Mendonça, não há condições para adequar a UPA 24h, pois há muito o que refazer, o que iria onerar os cofres públicos. “A antiga gestão fez a inauguração do local apenas para ter seu nome na placa. Está tudo errado lá dentro. Se a atual administração quiser colocar a unidade para funcionar, terá que refazer tudo, desde obras de estrutura, até instalação elétrica”, afirma.
Antonio ainda ressalta que o CMS foi “enganado” pelo ex-prefeito. “Quando o projeto da Unidade de Pronto Atendimento passou pelos conselheiros de saúde, aprovamos de um jeito e eles alteraram. Usou-se muita mentira. Se falava algo, mas se fazia outra coisa. Todos esses erros foram esclarecidos pelo novo governo municipal, porém, estamos agora com um prédio sem qualquer condição de atendimento”, explica.
Sem UPA?
Guaíra recebeu R$ 2,3 milhões do governo federal para levantar a UPA 24h, mas, se não coloca-la para funcionar, pode ter uma opção de utilizar o espaço. O Ministério da Saúde lançou uma portaria dando a oportunidade do município de devolver este valor parcelado e ficar com a estrutura.
“Se a prefeitura devolver o dinheiro ao governo, terá o prédio para si e poderá anexar ali o Ambulatório ou até mesmo o Pronto Socorro, já que ambos se encontram em imóveis alugados e não exigem toda a infraestrutura que uma UPA exige. Essa seria uma opção para a cidade não perder o local”, complementa Antonio.
AUTORIDADES
Os guairenses pediram mais atenção das autoridades com o assunto, já que a antiga gestão inaugurou um imóvel sem estrutura para receber a sua finalidade: a UPA. Gastou-se, além do repasse da esfera federal, milhares de reais dos cofres públicos municipais. O atraso de funcionamento de Unidades de Pronto Atendimento em outros municípios já despertou investigações do Ministério Público. Em Guaíra não seria diferente.