A Experiência como bagagem

Opinião
Guaíra, 7 de maio de 2019 - 09h58

Na série de artigos sobre experiência aplicada às organizações e, por consequência, ao trabalho, já falamos sobre dois dos três significados básicos: a experiência como sentimento, vivência, e como experimento de novas possibilidades. O significado deste último artigo da série é como ”bagagem” profissional.

Nesse quesito, a experiência deve ser entendida como hábito correto adquirido, ou seja, uma forma de fazer o que deu resultado mas, não só em uma ocasião, em várias. Partimos de Aristóteles: ”a excelência não é um feito, mas um hábito”.

Só tem experiência (bagagem), quem tem hábito. Este, por sua vez, é adquirido pela execução repetida de tarefas. Porém, esse hábito pode ter perdido prazo de validade.

Há pessoas que conseguem sucesso rápido em determinados negócios, ou carreira. Por isso, ficam extremamente valorizadas. O que ocorre é que, por vezes, acabam por viver da fama obtida, mas não trazendo mais resultados efetivos. Esse resultado pode ser fruto de um processo de trabalho que deu certo, porém, aplicado apenas uma vez. Logicamente, foi executado dentro de um cenário. Pode ser que, se pudesse ser repetido dentro do mesmo cenário, os resultados fossem iguais ou melhores do que o primeiro. Mas, como o cenário muda, se não houver o hábito profissional da adaptabilidade, aplicar o mesmo processo em um cenário diferente, pode levar ao fracasso.

Por isso, quem vive da sua ”bagagem” técnica corre sério risco, porque estamos num ambiente de constantes mudanças. Quem vive de um resultado apenas, mesmo que este o tenha levado à independência financeira, precisa ter cuidado ao ”vender” a fórmula. Ela pode estar obsoleta.

Com isso, que fique claro, não desprezo, de nenhuma maneira, a vivência profissional de cada um. Valorizo muito um currículo tradicional (com todos os feitos e experiências). Dele, podemos tirar muito do comportamento da pessoa (que é o que vai determinar a possibilidade de sucesso: capacidade de aprender, de se adaptar etc.). Mas isso pede tempo de análise do currículo, coisa que nem sempre se quer fazer.

Dessa forma, ao contratarmos serviços ou colaboradores, precisamos tomar cuidado quando damos extremo valor ao que achamos ser experiência (um feito) e o que é experiência (bagagem), porém, em ambientes e condições que não existem mais. Mesmo assim, a história de cada um me interessa, não para o presente, mas para enxergar os sinais para o futuro. Pense nisso se quiser é claro.


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Coltri Junior

Professor Coltri Junior é palestrante, consultor organizacional e educacional, professor e diretor da Nova Hévila Treinamentos

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