A tal da resiliência

Opinião
Guaíra, 18 de junho de 2021 - 12h12

Estamos chegando ao fim da nossa jornada. Um dos indicadores de sucesso que trazem essa marca é exatamente o fato de termos algo novo, diferente, maior, ou seja, resiliente.

Como já tratei aqui, resiliência não é voltar ao estado original, mas estar em uma situação melhor do que aquela na qual nos encontrávamos no início da jornada (silie = salto; re = de novo). Portanto, a condição de resiliência é aquela em que damos um salto em nossas condições.

Porém, para chegarmos a tal ponto, existe, via de regra, um momento fundamental na jornada: um obstáculo decisivo no caminho de volta (tratado no artigo anterior). E esse obstáculo, normalmente acontece porque negligenciamos algumas variáveis ainda abertas, quando conquistamos vitórias pelo caminho (é como aquele goleiro que rebate um pênalti, sai para comemorar, a bola bate no chão, pega um efeito e vai para dentro do gol).

Para que consigamos lidar com esse momento, precisamos entender que estar perto do destino, visualizá-lo, não é chegar nele. Eu já ouvi falar sobre estudos que mostram que a maioria dos acidentes em estradas acontece perto da chegada ao destino. Não sei se isso é verdade, mas que existe um número grande de casos assim é fato. Parece que o corpo relaxa, fazendo com que o nível de atenção caia. Pode ser fatal.

Isso também ocorre em provas de atletismo. Muitos corredores, ao estarem perto da linha de chegada, parecem que diminuem o ritmo. Em alguns casos, perdem a prova por esse motivo.

Enfim, enquanto o ciclo não terminar, a jornada não se encerrar, há riscos. E, se estamos sob eles, ainda não estamos em estágio de resiliência, exatamente porque há essa parte vulnerável. Precisamos vencer esse obstáculo final.

Aliás, além de um obstáculo externo, há um interno, também, que é o de não querer renunciar à nossa condição anterior. O fato é que, para um ser novo nascer, há que morrer parte do ser antigo. Portanto, a penúltima fase da jornada é a Ressurreição. 

É bom que se diga que não falo de perder a vida e voltar a ela, mas de adquirir novas habilidades, entendimentos, capacidade cognitiva e emocional, enfim, ser um novo ser, transformado, melhor, maior. A isso se dá o nome de mudança.

O fato é que ela só ocorre se passarmos tudo o que passamos durante o caminho. Somos frutos dessas experiências. Mais ainda: precisamos aprender a desapegar, a saber do que abrir mão para que possamos alçar novos voos. É mais ou menos o que diz Gilberto Gil em Drão: “o amor é como um grão / morre e nasce trigo / vive e morre pão”. 

O pão é o estágio resiliente do trigo que, por sua vez, é o do grão. E, para que o grão vire pão, tem que morrer para germinar.

Pense nisso, se quiser, é claro!

 

Prof. Ms. Coltri Junior é estrategista organizacional e de carreira, palestrante, adm. de empresas, especialista em gestão de pessoas e EaD, mestre em educação, professor, escritor e CEO da Nova Hévila Treinamentos. www.coltri.com.br; Insta: @coltrijunior 


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Coltri Junior

Professor Coltri Junior é palestrante, consultor organizacional e educacional, professor e diretor da Nova Hévila Treinamentos

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