Desde a queda do muro de Berlim e o fim da polarização entre os blocos socialista e capitalista que marcaram boa parte do século 20 existe um movimento sincronizado de negação da política.
Com o desígnio claro de esvaziamento ideológico da sociedade tende-se a desenvolver, sem maiores dificuldades, o projeto neoliberal que visa o acumulo de capital nas mãos de poucos iluminados que controlam a sociedade.
Oriundos desse movimento há diversos resultados catastróficos para humanidade. Um deles é o renascimento da intolerância política, assim como, o surgimento de “lideranças” e “partidos” de extrema-direita, como por exemplo, o caso do “Partido dos Verdadeiros Finlandeses” que prega o sistema de bem-estar social, ligado aos valores cristãos, contra os direitos das minorias.
Na Alemanha temos o Partido Nacional Democrata cujo ideário é focado no combate à cultura islâmica que, segundo eles, ameaça a cultura alemã. Este partido defende a interrupção de todos os programas de integração de gênero, dentre outras bandeiras homofóbicas e segregacionais.
Na Grécia tem a “Aurora Dourada” onde a suástica nazista é seu símbolo. Pregam o ódio aos imigrantes e o fim da União Europeia.
Na França a “Frente Nacional dos Le Pen” cresce, assustadoramente, com seu discurso nacionalista de extrema xenofobia.
O “Partido da Liberdade” da Áustria acredita na pureza racial baseada nos valores cristãos.
Representante deste movimento global tem-se o presidente dos EUA, Donald Trump, que contém ideias extremamente conservadoras, além de controlar o mais poderoso sistema bélico do planeta.
Primitivista na conceituação mais conservadora esses líderes e partidos representam um perigoso retrocesso humanista, além de encontrarem farto terreno com a negação da política e com o esvaziamento ideológico no mundo. Há de se constar também os erros da esquerda mundial que esqueceu suas bases históricas, renunciou suas bandeiras, e fracassou em seus desígnios.
No Brasil e na síntese deste movimento mundial encontramos Jair Bolsonaro que empolga importante parcela do povo brasileiro, farto da corrupção e dos erros, tanto da esquerda como do centro.
Bolsonaro é o retrato fiel da falência de nosso sistema político, da polarização de muitas vezes mais do mesmo, de um país cada vez mais intolerante e contaminado pelo ódio de classe.
Seu discurso sem lastro, suas ideias conservadoras empolgam, no sentido de que, a esperança foi renunciada ou simplesmente sufocada.
Este é o fruto perverso da negação política, ou simplesmente, da acomodação dos que deveriam mudar os paradigmas das velhas práticas oligárquicas e corruptivas do nosso sistema.