O cuidado de não tachar

Opinião
Guaíra, 10 de junho de 2022 - 21h27

Você já pensou no significado do verbo tachar, quando empregado para pessoas? Os dicionários trazem significados do tipo “apontar defeito”, “desaprovar”, “censurar”. Pois bem, a ideia é essa, mas ela vem de “por tacha”, pregar, prender. 

 

O fato é que, quando tachamos alguém, definimos o todo dessa pessoa, muitas vezes por alguns indícios ou fatos que observamos. Aí, a prendemos em uma ideia que fazemos dela. Portanto, é fruto de um julgamento fotográfico, estático, dentro de um limite de tempo, mas que, por generalização, acaba por se tornar uma verdade quase eterna. E, para que essa pessoa se desprenda, há que se fazer muito esforço. 

 

Tudo isso é fruto de um tipo de mentalidade que a Dra. Caril Dweck chama de Mindset Fixo (mentalidade estática).

 

Quando entramos nesse modelo de pensamento, perdemos a ideia da mudança, do processo, da possibilidade de transformação. Fazemos um julgamento muito pouco sincero ao outro (e a nós mesmos).

 

Professores, profissionais de Recursos Humanos, avaliadores de atletas para o esporte, precisam se atentar cada vez mais para isso. Cada um de nós não é nada. A gente está.

Portanto, um aluno com nota baixa, não necessariamente é ruim naquela matéria, não é fato consumado que ele não “tenha jeito” para aquele tema. 

 

O mesmo vale para um profissional em um processo seletivo. Quem não tem as características e talento (que não é dom, é competência, portanto pode ser adquirido) para aquele cargo, não significa que um dia não possa tê-lo. 

 

No esporte, vejo torcida “pegando no pé” de determinados jogadores (eu mesmo me vejo, por vezes, fazendo isso), mas, se não está bem, é preciso tirar do time, sim, mas dar tempo e condições para o reparo, para a mudança de competência que se faz necessária,  nunca tachar que a pessoa não serve para aquilo (aliás, o número de craques dispensados em “peneiras” – e por avaliadores ditos de respeito). 

 

O grande problema disso tudo é que, não raro, o avaliador, em qualquer uma dessas esferas, “tacha” a pessoa. Acredita, e muitas vezes diz a ela, que ela não serve para aquilo, que é preciso procurar outra coisa para fazer. O fato é que a gente não sabe, não tem a mínima noção, do que uma pessoa é capaz de se tornar. Conheço muitos casos de grandes transformações.

 

Portanto, precisamos entender que todos estamos em desenvolvimento. Tudo o que formos fazer pela primeira vez não vai sair da melhor maneira. É natural que nos aperfeiçoemos. Então, estando na posição de avaliador, pode-se escolher quem está melhor, claro, mas não “tachar” aqueles que foram piores. Podem se desenvolver.

 

E você, estando na posição daquela pessoa que foi “tachada”, não dê ouvidos, não aceite, não desanime. Avaliadores não são iguais, não obedecem aos mesmos critérios e, acredite, também erram.

 

Pense nisso, se quiser, é claro!

 

Prof. Ms. Coltri Junior é consultor, palestrante, adm. de empresas, mestre em educação, professor, escritor e CEO da Nova Hévila Treinamentos. www.coltri.com.br; Insta: @coltrijunior 

 


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Coltri Junior

Professor Coltri Junior é palestrante, consultor organizacional e educacional, professor e diretor da Nova Hévila Treinamentos

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