O necessário não é a causa

Opinião
Guaíra, 12 de agosto de 2022 - 09h50

Muito se fala sobre fórmulas do sucesso, decisões brilhantes, resultados excepcionais. Via de regra, esses feitos são atrelados a caminhos certeiros e algumas características, tais como: perseverança, iniciativa, flexibilidade, liderança, foco em resultado, resiliência (no sentido popular), preparo, competência e por aí vai.

 

A grande questão é: você consegue identificar quantas pessoas com tudo isso, também, não atingiram o sucesso? Essa pergunta choca o nosso sistema de crença, pois, de um modo geral, acreditamos que isso não seria possível. Mas é. E muito! Só que a história dessas pessoas não é contada.

 

Importante frisar que não estou, aqui, desmerecendo, nem dizendo que isso não seja importante. É aí que mora a diferença entre o necessário e o causal (atente: não falei casual, ainda; digo sobre o que leva ao resultado efetivo). Nassin Taleb, em Iludidos pelo Acaso, compara isso a um jogo de loteria. Ir à casa lotérica, ou jogar pela internet, é necessário, mas não a causa de você ganhar na loteria.

 

O necessário é aquilo que te faz entrar no jogo, ter chances, condições, de sair vencedor. A causa vem depois. E aí entram muitos fatores aleatórios. Certa vez assisti a uma palestra do Érico Rocha e ele mesmo disse que em torno de 10% das pessoas que aplicam seu método tem o sucesso esperado. E aí, fica a impressão subjetiva de que só esses 10% é que aplicaram o método em sua plenitude. Os outros sempre cometeram alguma falha.

 

Agora, como falamos de ciências sociais, as respostas de cada ato dependem de outros atores. Pensar em um método pleno, é como você prever uma partida de futebol em todos os seus lances, do início ao fim, como um roteiro. Se você passar a bola para o companheiro X, o adversário Y vai fazer tal coisa. E assim sucessivamente. Ou em um jogo de xadrez. Como prever cada lance do adversário? Você pode traçar cenários, mas só um vai acontecer. E ele muda o destino em cada lance. 

 

O fato é que os ditos vencedores também cometem erros, não aplicam os métodos de forma absoluta. E, não necessariamente, são esses os que comentem menos erros de aplicação. É que o imponderável também atua. O nível de complexidade das nossas relações e do nosso sistema de vida é muito alto. E esse imponderável, por sua característica, é imprevisível. Como planejar aquilo que não conhecemos? Como prever estar no lugar certo, na hora certa? Qual a fórmula para isso? O necessário é estar preparado, e isso depende de cada um. A causa, por sua vez, envolve o acaso (o casual, agora sim), que é externo. A junção dos dois traz o sucesso (ou o insucesso).

 

Digo isso, não para que você se acomode naquilo que deu errado e tenha uma explicação, uma desculpa, e pare de seguir, de tentar (aí faltará o necessário). Por outro lado, também, não se achar superior, perfeito, o(a) cara, porque teve sucesso (o necessário não é a causa).

 

Pense nisso, se quiser, é claro! 

 

Prof. Ms. Coltri Junior é consultor, palestrante, adm. de empresas, mestre em educação, professor, escritor e CEO do Hardcore Game Channel. www.coltri.com.br; Insta: @coltrijunior 

 


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Coltri Junior

Professor Coltri Junior é palestrante, consultor organizacional e educacional, professor e diretor da Nova Hévila Treinamentos

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