O nó do poder de compra

Opinião
Guaíra, 6 de maio de 2022 - 14h25

Reapareceu na TV uma campanha para o Dia das Mães sobre aquilo que venho falando faz tempo: o crescimento econômico de uma localidade depende de uma teia, uma rede, que faz o dinheiro girar.

 

O foco da campanha é sobre a utilização do comércio local, mas vale para o macro, também. Quanto ao primeiro, tenho um amigo que tem como prática comprar no comércio local, mesmo pagando um pouco mais caro. Ele trabalha em um Centro Universitário e, por isso, seu salário depende dos alunos, que dependem de dinheiro para pagar as mensalidades. Por isso, estes também dependem de outros que tenham renda para que possam comprar de suas empresas ou nas quais trabalham. Muitos desses vêm da área pública, que depende de impostos. 

 

Como temos uma carga tributária em torno de mais 30%, esse dinheiro volta aos cofres públicos, por exagero, na quarta relação de troca pelos quais passam. Assim, o funcionário público é cliente em potencial e, ao comprar, faz com que o dinheiro retroalimente o próprio Estado.

 

Por isso, um sistema econômico que leve ao crescimento não depende, em essência, da circulação de dinheiro. Para isso, é preciso salário digno e vagas de trabalho, que dependem de fomento ao investimento privado local. Economizar é importante. Diminuir custo em uma empresa, também, mas, quando entra no limite do excesso, arrebenta todo o sistema.

 

Cuidado aqui! Há setores da economia que não dependem do mercado interno (seja local ou nacional). São os exportadores. Como a receita vem de fora, tanto faz se nós aqui temos ou não condições de compra. Isso, ainda, tem um efeito perverso, porque, quanto mais vendem para fora (lei da oferta e procura), mais falta produto aqui. Assim, aumenta o preço para nós e, consequentemente, diminui o poder de compra. Aí, a indústria, o comércio e o setor de serviços ficam prejudicados, exatamente por falta de poder de compra do mercado.

 

Portanto, um sistema econômico pautado no arrocho, na inflação (que é causada pelo aumento de preço e, por sua vez, faz aumentar o preço novamente), só trará mais arrocho dentro do sistema. É uma bola de neve sem fim. 

 

Dessa forma, se você tem um negócio, ou deseja ter um, é preciso entender que vivemos dentro de um sistema. Nele, deve haver pessoas que necessitem daquilo que você produz (o seu produto). O valor (preço) tem que trazer sustentabilidade financeira para o seu negócio. É preciso entregar com qualidade e satisfazer a necessidade do cliente (praça/logística/atendimento). Ainda, é preciso que esse público saiba que você existe (promoção). Só que, nada disso adianta, se esse público não tiver poder de compra. É aqui que o marketing (relação de troca) se amarra e se completa. Qualquer nó desatado dessa rede pode colocar tudo a perder.

 

Pense nisso, se quiser, é claro!

 

Prof. Ms. Coltri Junior é consultor, palestrante, adm. de empresas, mestre em educação, professor, escritor e CEO da Nova Hévila Treinamentos. www.coltri.com.br; Insta: @coltrijunior 

 


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Coltri Junior

Professor Coltri Junior é palestrante, consultor organizacional e educacional, professor e diretor da Nova Hévila Treinamentos

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