Por Inara Lacativa
A palavra “haters” tem origem inglesa e significa “odiadores”. Bastam alguns minutos na internet que encontramos vários deles nos comentários de postagens, notícias e até mesmo em suas próprias páginas pessoais.
Geralmente os “haters”, além de espalharem ódio, são munidos de um forte sentimento de “juízes”. Sim, eles julgam, condenam e odeiam tudo e todos que contrariam suas opiniões. Na maioria das vezes, mal conseguem interpretar os textos, leem somente chamadas ou entendem somente o que seu ódio quer entender. Falta empatia, interpretação de texto e, acima de tudo, bom senso.
Pessoas públicas, meios de comunicação e todos que gostam de comentar ou compartilhar algum tipo de notícia, raramente escapam da ira e da maldade dos “juízes” da internet.
Muitas vezes todo esse ódio acaba favorecendo que notícias falsas sejam amplamente divulgadas ou mesmo que notícias verdadeiras sejam distorcidas por comentários maldosos ou vitimistas. É tudo uma questão de “não concordo ou não gosto disso, então vou odiar”.
Para impedir a disseminação de mentiras, recentemente foi iniciada uma campanha mundial contra essas chamadas Fake News, ou “falsas notícias”.
Há uns dias, o Jornal O Guaíra fez um editorial a respeito. Na verdade falou sobre isso justamente por conta dessa campanha mundial. Bastou para que alguns “haters” das redes sociais se doessem e tomassem para si essa publicação.
Mais recente ainda foi a publicação que fala sobre a greve dos médicos. Uma nota simples, direta e que deixava claro que era uma informação da Instituição responsável pelo pagamento dos mesmos.
Os médicos, por sua vez, sempre que procurados ou sempre que nos procuravam, nunca queriam aparecer como informantes ou mesmo dando suas versões.
O papel do jornal é ouvir os dois lados, mas quando um dos lados não quer falar, a notícia não pode ser omitida, visto que uma das partes se manifestou. Assim sendo, quando se tem dois lados e um se manifesta, a responsabilidade do que foi dito é dessa parte e não do meio de comunicação. Ao jornal cabe divulgar, principalmente quando se trata de um assunto que afeta toda população.
Quantas vezes noticiamos fatos contra a prefeitura e a favor do cidadão, por exemplo, sem que a mesma se manifestasse? Muitas. Isso desmentia o fato? Não. Mas fazia com que a prefeitura se mexesse para resolver o problema ou pelo menos dar uma satisfação.
Mas o que os “haters” fazem? Odeiam tudo. Distorcem tudo. Teve gente comentando a respeito da competência dos médicos, de tudo que já fizeram ou fazem pela cidade. Difícil entender porque falavam disso quando a nota não contestava a competência, habilidade ou mesmo a capacidade dos médicos de atenderem com carinho e atenção todos que sempre precisaram.
Tive que ler um médico, que respeito muito, dizendo que o Jornal só fala o ladode quem lhe paga para isso. Não me lembro de ter prestado contas a ele de recebimentos do jornal, de ter recebido dinheiro da Santa Casa ou de qualquer outra pessoa que quisesse “prejudicar” os médicos. Também gostaria de saber onde estão os pagamentos de todos os médicos quando os defendemos, divulgamos suas paralizações, as mazelas da saúde pública ou os procuramos para que falassem tudo de errado que acontece na cidade.
Não encontrei no caixa do jornal os pagamentos de um dos pediatras que sempre teve acesso livre em nossa redação, sempre nos passou informações de problemas e reivindicações da classe, mesmo não querendo aparecer publicamente.
Seria bom saber também qual o problema em vir a público e dizer porque estão em greve, se o motivo não é o salário. Afinal, pela forma como se ofenderam, não deve ser esse o motivo.
A nota dizia que eles entraram em greve contra pagamento do salário de 15 mil reais. Dizemos que era muito? Que era pouco? Não.
A explicação que recebemos depois foi que são 15 mil menos 27,5% de imposto e o que sobra é dividido por 3 pediatras para se manterem no plantão à distância. Assim, são R$ 3.625,00 para cada um por mês para um plantão que não precisam ficar na Santa Casa.
Oficialmente, a Santa Casa diz que pede um pediatra por mês de plantão à distância, com pagamento de 15 mil reais. De acordo com a instituição, a decisão de dividir o plantão é deles e por isso cada um recebe 1/3 do valor. Anteriormente, o valor era R$ 22 mil reais e cada médico recebia em torno de R$ 3.900,00 por mês, mas eram 4 médicos.
De acordo com o Dr. Ricardo Pardi, na semana anterior quando houve outra paralização, essa era a 3º redução de salário em 1 ano e deveríamos procurar o provedor para que respondesse o que estava acontecendo. Foi o que o jornal fez. Mas a resposta não agradou os médicos. Então eles resolveram aparecer nas redes sociais atacando quem? O Jornal O Guaíra.
Uma chuva de “haters”, de gente que queria defendê-los apareceu com o mesmo nível de ofensas da vitimização de quem, em momento nenhum, foi ofendido.
Tive que ler que o jornal é uma porcaria, li também como se deve fazer jornalismo com direito a link de dicas e etc., como se os 89 anos de história desta folha não fossem suficientes para dar uma aula sobre isso.
E eu pergunto: o que havia de errado com a nota? Nada.
Simplesmente colocamos uma informação que não era falsa, não ofendia os médicos e não entrava no mérito de estarem ou não certos. Se tem mais alguma coisa que não o salário que os afligem, como vamos saber se eles não falam?
Aparecer agora nas redes sociais dizendo que atendem com amor, dedicação ou ofendendo o jornal não responde a questão e não desmente a nota. É direito sim da população saber o que está acontecendo, até mesmo para que possa cobrar de quem é responsável pelo problema, para que resolva. Fazer de vítima, atacar o jornal, distorcer a informação não vai resolver nada.
Se a culpa é da Santa Casa, da Prefeitura, dos médicos, da falta de dinheiro, etc., a culpa não é do jornal de divulgar. Vamos ter mais senso crítico, né?
Na verdade, falta um pouco de empatia sobre a situação da Santa Casa. A provedoria tem tentando manter as portas abertas, tem tentado manter os pagamentos e medidas de corte são necessárias nesse momento para não pararem todo atendimento. Talvez, se houvesse um repasse maior isso não aconteceria. Mas daí a atacar as pessoas que se propuseram a resolver o problema sem receber NADA em troca, não é lá muito bonito nem te torna melhor do que elas.
Quanto ao ódio, ao vitimismo, à má interpretação do texto, os haters, os disseminadores de Fake News, não é a primeira e nem a última vez que somos alvo. Quando se faz um jornalismo que relata fatos e não suposições, é normal desagradar algumas pessoas. É fácil aparecer nas redes sociais e se vitimizar.
Seguimos por 89 anos assim. Com a consciência tranquila de que ataques não mudam a nossa postura e muito menos a nossa consciência tranquila de estar fazendo o que é certo.
Guardem o rancor, o ódio e o vitimismo. Nas redes sociais, atrás de um computador, é fácil sair ofendendo os outros. Difícil é fazer seu papel enquanto cidadão, cobrar o seu vereador, seu prefeito, as pessoas que recebem dinheiro público para prestarem serviço, acima de tudo, é difícil cobrar a si mesmo para que tenha uma postura correta e, ao invés de só criticar, fazer algo para mudar a situação deprimente que vivemos nesse país, a situação de calamidade da Santa Casa, seja você de qualquer classe social ou profissão, nada isenta da sua responsabilidade do que acontece ao seu redor.