Paz sem voz?

Opinião
Guaíra, 16 de março de 2020 - 12h14

Há muitas pessoas que entram em um tipo de relacionamento muito perigoso, que é o de abrir mão das divergências (não da guerra, mas de diferenças de opinião) em prol do que se acha ser paz.

Por outro lado, isso acontece porque há os que querem calar as outras pessoas, muitas vezes pelo motivo dessa opinião contrária ferir seus próprios interesses. Quem cala, nessas circunstâncias, o faz por medo (Como diz O Rappa, em Minha Alma: paz sem voz não é paz, é medo). Quem age para calar o outro é tão medroso, ou mais, do que seu interlocutor.

Aqui, quem cala, cai na mazela dessa paz em que se perde a voz, portanto a autonomia, a individualidade, sua própria vida. O fato é que temos que deixar a nossa alma em vigília para que não caiamos na rotina da aceitação de tudo e da alienação à realidade (a minha alma “tá” armada e apontada para a cara do sossego).

Stephen Covey chama essa relação de perde-ganha (sufocar sua voz para evitar conflito). Esse tipo de comportamento nos leva ao extremo da aceitação de que a culpa do crime é de quem passa em determinado lugar, pela roupa que veste, pela corrente ou relógio que usa. É claro que devemos tomar cuidado, mas não aceitar isso como se fosse normal. Transferir a culpa é um grande erro.

Enquanto nosso sentimento de segurança estiver dentro da nossa casa , por meio de câmeras, por vezes com seguranças armados, pelas grades do condomínio, estaremos nesse processo de paz sem voz (as grades do condomínio são pra trazer proteção / mas também trazem a dúvida se é você que está nessa prisão). Enquanto estivermos seguros socialmente, exatamente pela prudência de não expormos nossa visão, seja política, religiosa ou qualquer outro tema, idem. Enquanto aceitarmos aqueles que querem nos calar, mais ainda. Enquanto, em nossos relacionamentos, aceitarmos tudo por medo de perder a outra pessoa, estaremos em paz, porém calados, sem voz. Então não é paz, é medo. E não há paz com medo.

Importante ressaltar que nossa voz deve ser posta em função do amor, da correção, do que é certo. Reforço que divergência de opinião não é guerra (lembrando que não há paz na guerra, também).

Por essas e outras, vale a reflexão da canção: que tipo de paz você quer ter: aquela em que finge que tudo está bem, ou aquela fruto da sua atuação calorosa? Portanto, qual a paz que você não quer (ou quer) conservar para tentar ser feliz?

Pense nisso, se quiser, é claro.


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Coltri Junior

Professor Coltri Junior é palestrante, consultor organizacional e educacional, professor e diretor da Nova Hévila Treinamentos

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