De hoje a exatamente sete meses acontecem as eleições municipais para escolha de prefeitos e vereadores. Em Guaíra, o cenário da disputa majoritária ainda não está claro, com vários balões de ensaio na tentativa de alavancar candidatura própria, tanto no campo da oposição como da situação.

Entretanto, não vislumbro surpresas entre os governistas, onde, se o prefeito José Eduardo decidir pela tentativa de reeleição, haverá conformação dos outros dois principais interessados: Renato Moreira e José Carlos Augusto. Caso contrário, a escolha será entre essas duas outras alternativas, conforme desempenho nas pesquisas de opinião.

Mas uma coisa é certa: pra não largar o osso, rompimento jamais. Pragmatismo esse grupo tem de sobra, desde a histórica derrota nas eleições municipais de 1996 para a zebra da chapa PMN-PT, provocando a inusitada coligação “União e Progresso” nas eleições do ano 2.000.

Algo inimaginável na época, Pugliesistas se uniram a Orlandistas e Chubacistas para derrotar o então prefeito Cláudio Armani. De lá para cá, apesar da fogueira de vaidades de muitos, o que prevalece no grupo para as disputas eleitorais é a velha máxima “entregar os anéis para não perder os dedos”. Controlam muito bem o fogo amigo e, apesar dos atritos de bastidores, publicamente se comportam como em eterna lua de mel, valendo tudo para se perpetuarem no poder.

Nesse grupo, a única dissidência de fato este ano pode ser a vereadora Bia Junqueira, a ser comprovada ou não nos próximos dias, já que a janela legal para troca de partidos tem inicio amanhã. Pedra no meu sapato e até mesmo no do atual prefeito, a advogada Bia ensaia deixar o PSDB e partir para carreira solo, de olho na cadeira do palácio do lago. Tem potencial, mas sozinha será muito difícil.

Pela oposição, ganha corpo as articulações em torno da candidatura de José Carlos Soares, ex-bancário do BB que deverá tentar novamente; a segunda e última vez segundo suas próprias palavras. Avalio ser a que tem maior musculatura e possibilidade real de vingar, em virtude das crescentes manifestações de apoio que vem recebendo.

Eterno candidato, o ex-prefeito Cláudio Armani vem declarando há tempos que é pré-candidato a prefeito e já está em campanha dissimulada, embora pairem dúvidas sobre a sua real condição jurídica de elegibilidade. Se realmente conseguir viabilizar sua candidatura, tem forte penetração nas camadas populares e boa parcela de votos, embora insuficientes para vencer.

Menos afoito publicamente, nos bastidores e redes sociais o empresário Denir Ferreira (barulho) dá sinais de que seu antigo e legítimo sonho de se eleger prefeito ainda não acabou. Também desfruta de boa parcela de simpatizantes e votos, mas resta saber se conseguirá granjear apoio fora do seu grupo político e familiar ou se, mais uma vez, partirá para o tudo ou nada. Sozinho, pode ser mais uma decepção.

Vitorioso em 2004 e 2012, o PT já deixou claro que o esforço este ano será para a eleição de vereadores, investindo no recomeço. A legenda vive momentos de incerteza sobre a saída ou permanência da vereadora Maria Adriana do partido, que internamente já admitiu a possibilidade de mudança. Especula-se que para o MDB de José Carlos Soares.

E as possibilidades se esgotam por aqui. Agora posso fazer a pergunta óbvia: se a oposição sair para a disputa pulverizada dessa forma, com várias candidaturas, quem subirá a rampa da prefeitura em 1º de janeiro de 2021? Não precisa ser vidente ou matemático para indicar que o grupo governista tem reais chances de, pela primeira vez em Guaíra, alcançar a reeleição; não por mérito próprio (pois fazem uma administração sofrível), mas pela insensibilidade e total falta de juízo dos opositores.

É por essas e outras que defendo o diálogo entre os pré-candidatos e lideranças da oposição, no sentido da construção de uma frente ampla, com chapa única para prefeito encabeçada pelos nomes melhores posicionados nas pesquisas, com maior capacidade de aglutinação de apoios e perfil mais adequado para o sentimento atual dos eleitores (com os dois pés atrás para os políticos).

Recomendo ainda que, dos quatro pretensos candidatos da oposição, quem não integrar a chapa majoritária, tenha a humildade de disputar a vereança como puxadores de votos, visando a eleição de uma boa bancada de vereadores para dar sustentação política ao futuro governo. Eu mesmo faria isso, caso pudesse concorrer.

Isso pode parecer difícil e até utópico, mas não deveria. Guaíra não pode continuar neste marasmo administrativo e festival de incompetência, algo que está escancarado, apesar da blindagem e parcialidade dos principais veículos de comunicação da cidade, verdadeiros capachos do prefeito Zé Eduardo e seu grupo (não sem interesses financeiros, é claro).

Com a palavra os interessados na mudança.