Um bilhão de alunos ainda estão em regime de aprendizagem remota

Opinião
Guaíra, 5 de julho de 2020 - 11h31

De acordo com relatório divulgado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), desde o início da pandemia, um bilhão e meio de estudantes, ao redor do mundo, estiveram assistindo aulas remotas, uma vez que 194 países aderiram ao fechamento das escolas, como medida de prevenção à disseminação do Covid-19. Também segundo dados desse mesmo relatório, com a reabertura dos estabelecimentos de ensino em 25 países, atualmente ainda estão em regime de aprendizagem remota no mundo 1.081.787.825 alunos.

No Brasil, alguns estados planejam a retomada das aulas presenciais para os próximos meses. Para tanto é importante considerar os aprendizados acumulados de países que já retomaram as aulas presenciais. Algumas medidas comuns para a reabertura das escolas nesses países foram adotadas e espera-se que sejam seguidas também pelos estabelecimentos de ensino no Brasil, como o uso obrigatório de máscaras por alunos, professores e funcionários, distanciamento físico nas salas de aulas, checagem de temperatura diária, protocolo rígido de isolamento em caso de sintomas ou contato com alguém com sintomas, testes psicológicos, que inclusive indicaram que 33% dos alunos estavam com problemas de saúde mental.

Já em maio, seis países europeus reabriram escolas, sendo eles: Alemanha, Áustria, França, Holanda, Islândia e Suíça. A maioria deles começou pelas séries iniciais e ampliou aos poucos, até atingir as séries dos alunos mais velhos. Nesses países, rígidas medidas de segurança foram estabelecidas para evitar a disseminação do novo coronavírus. Na França, as turmas têm no máximo 15 alunos. O número é a metade da ocupação média das classes antes da pandemia do covid-19. Na Holanda, dividiu-se a turma em dois turnos, com o objetivo de evitar aglomerações e as escolas só puderam reabrir, caso todos os protocolos de segurança e higiene fossem atendidos. Na sequência, outros países na Europa e em outros continentes foram retomando as aulas presenciais. Em Israel, alunos da Educação Infantil e séries iniciais retornaram à escola, enquanto os demais continuaram com aula à distância. Outra medida adotada foi o escalonamento de intervalos para garantir que os grupos não se encontrassem. No Japão variou de acordo com a região, mas sempre com medidas severas de higiene e distanciamento. Canadá e Austrália não adotaram o isolamento social em sua totalidade e apenas algumas escolas foram fechadas em áreas específicas. No Reino Unido, algumas mudanças estruturais para a reabertura das escolas foram definidas, entretanto apenas metade delas conseguiram fazer as adaptações previstas nos protocolos do Departamento de Saúde do país.

Na Dinamarca, a reabertura foi gradual, iniciando apenas com alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental 1, os demais só puderam voltar à escola um tempo depois. Medidas protetivas foram adotadas naquele país escandinavo, como distanciamento entre as carteiras, lavagem das mãos a cada duas horas ou depois de tossir e espirrar, bem como antes e depois de se alimentar. Intensificou-se também a higienização de maçanetas, interruptores, brinquedos, torneiras, corrimões descargas e carteiras. Na Noruega, as escolas de Educação Infantil também retomaram antes dos demais segmentos. Lá,os alunos passam a maior parte do tempo realizando atividades na parte externa da escola, ao ar livre e as crianças são treinadas sobre o que fazer em termos de higiene pessoal e distanciamento físico.

É importante lembrar que em alguns países houve necessidade de fechar novamente as escolas, em razão de novos casos de doenças. Foi o que aconteceu na Coréia do Sul, onde mais de 1338 estabelecimentos de ensino tiveram de interromper novamente as aulas presenciais por conta de novos casos de contágios. Entretanto, vale ressaltar que o aumento dos casos ocorreu fora da escola, sendo que registrou-se apenas um caso de contaminação dentro da escola.

Na França, algumas escolas que tinham sido reabertas tiveram também de interromper suas atividades presenciais uma semana depois, após serem anunciados 70 novos casos de covid-19. Acredita-se, entretanto, que esses casos tenham sido contraídos antes da reabertura das escolas. Apesar desse episódio, a França é o país mais adiantado da Europa na retomada e deve ser o primeiro a ter todos os alunos em sua integralidade frequentando a escola durante o verão europeu. A China não reportou contágios de coronavírus em escolas. No entanto, a reincidência de novos surtos levou cidades chinesas a aderirem ao lockdown novamente e, naturalmente as escolas também foram fechadas.

 

Marcelo Borba de Freitas é graduado em História pela Unesp e concluiu pós- graduação em Gestão Escolar, pela USP


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Marcelo Borba de Freitas

Marcelo Borba de Freitas é historiador e gestor escolar   

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