Parece hipocrisia, não é? Estarmos ao lado de Barretos, onde tem um dos melhores hospitais do mundo com tratamento especializado contra o câncer, e essa geração de adolescentes, pelo “andar da carruagem”, vai precisar, e muito.
Com esse pensamento, surgiu uma dúvida: mas não é essa a geração de jovens com mais informação e inteligência dos últimos tempos?! Jovens que aprendem com uma rapidez nunca antes vista, mas que sofrem com o não, sofrem por um namorico não correspondido e ainda caem em desafios onde os maiores prejudicados são eles mesmos?!
Com essas dúvidas martelando na minha cabeça, resolvi ir a campo buscar respostas e descobri que os comportamentos típicos da adolescência, incluem muitas coisas que parecem estranhas ou no mínimo inadequadas, para a maioria dos pais, como: tingir o cabelo, colocar piercing, ouvir músicas diferentes e até novas amizades.
Encontrei mais respostas conversando com a Psicóloga, Dra. Marcela F. S. Moraes (CRP 06/124762) de Guaíra, especialista em psicoterapia para adolescentes, adultos e casais.
Segundo a psicóloga o nosso mundo mudou muito, o avanço da tecnologia nos traz novidades diariamente, porém o nosso sistema nervoso é o mesmo, nosso cérebro se desenvolve desde o ventre materno até os 25 anos de idade, e a última etapa de desenvolvimento é o comportamental. São quase três décadas para se ter um sistema nervoso mais maduro, mas com a rapidez que o mundo atual caminha, os pais estão criando filhos sem estarem com seu sistema no auge, e isso tem sim, consequências.
As consequências vão desde a desorganização, impulsividade, depressão, uso de drogas, auto mutilação, até pensamentos mais perigosos, como os suicidas.
Mas o quê fazer?

É só psicológico?
Buscando mais informações, conversei com uma profissional da educação, a Professora Vanja Sugimoto. A professora Vanja tem experiência de décadas com a juventude guairenses. Ela comenta que viu a transformação do mundo, onde muitas coisas melhoraram, mas outras, se não forem utilizadas com cautela, prejudicam a família como um todo.

Vanja diz que muitos pais a procuram na escola com a mesma história: os filhos não conversam, não dividem assuntos, apenas ficam no quarto ligados no celular quase 24 horas.
As consequências para esse estilo de vida são muito perigosas, estamos criando uma futura geração despreparada para o mercado de trabalho e para as adversidades da vida. É uma geração que não aguenta viver com frustrações e a vida é feita de muitas frustações, afinal vamos aprendendo durante a jornada…
O mundo atual, com sua tecnologia de ponta, com suas inteligências artificiais, está deixando os adolescentes acomodados. Vivemos uma era de abundância de informações e não existe mais o buscar aprender algo novo, está tudo ao alcance da mão, e tudo que vem sem esforço, não se dá o devido valor.
Atualmente os professores vêm perdendo o referencial como profissionais do ensino, isto é preocupante! Os pais que antes eram auxiliares e parceiros na educação dos filhos, cobrando, ajudando e fazendo parte dos ensinamentos dos filhos, hoje em dia estão fora deste ciclo, apenas aparecem criticando os métodos de ensino e protegendo atitudes erradas dos filhos perante a escola.
Como podemos ver, tanto para a psicóloga Dra. Marcela como para professora Vanja, a convivência dos pais com os filhos é a solução para muitos problemas: falar mais, dividir tempo saudável entre eles, é a chave para uma vida mais tranquila e filhos mais preparados.
Senhores Pais, tenham tempo para seus filhos, sejam curiosos com o que fazem. A distância pode fazer parte da rotina dos núcleos familiares de hoje, com pais e filhos distantes, mas é importante que queiram manter a convivência, de preferência, sem o distanciamento físico.
Filhos, dividam seu dia-a-dia com seus pais (tem até chamadas de vídeo para isto), a sabedoria deles vai ajudar muito nas suas escolhas e diminuir seus arrependimentos futuros…
Muitas vezes, a caretice, a “pegação no pé” pelos pais, é justamente o outro lado da situação que os filhos precisam, para consolidar emoções, tomar decisões e se sentirem amados.
Bora viver o que é vivido e não o que é postado, menos celular e mais abraços! Muito mais abraços!!!


