Segundo moradores, governo não está entregando o medicamento para pessoas impossibilitadas de se locomover, conforme havia garantido que faria
O setor de saúde dessa atual gestão continua sendo o foco das reclamações dos guairenses que, além de criticarem a “escassez” da entrega de fraldas, oxigênio e leite, garantiram que os remédios não estão chegando para as pessoas sem condições de se deslocarem à farmácia municipal centralizada.
Desde a junção de todas as distribuições de medicamentos em um só local, ocorrida em 21 de junho, na Rua 31, nº 979, no bairro Jardim Paulista, os pacientes temiam a mudança devido à falta de acessibilidade do município para transitar de uma região à outra.
Antes dessa alteração, em abril, o secretário de saúde, Jorge Uatanabi, havia garantido a entrega de medicação aos acamados. “O setor colocará à disposição dos munícipes, durante 11h ininterrupta por dia, o atendimento, de segunda à sexta-feira, sendo da 7h às 18h. Para as pessoas impossibilitadas de buscar o medicamento, a Secretaria de Saúde disponibilizará o medicamento na residência”, declarou naquele momento.
Entretanto, não é isso que está ocorrendo. Duas denúncias de moradores, um no Jardim Ligia e outro no Califórnia para esta folha, confirmam que os remédios não estão chegando e eles não possuem condições de se transportarem até o Jardim Paulista.
Ainda em maio, a vereadora Maria Adriana Gomes chegou a fazer indicação ao prefeito para criar o programa “Remédio em Casa” e o parlamentar José Reginaldo Moretti pediu transporte público justamente para sanar este problema.
Nesta última semana, antes de se ausentar, o Chefe do Executivo, José Eduardo Coscrato Lelis em entrevista ao Jornal O Guaíra, comentou sobre a necessidade da centralização. “A gente precisa centralizar pra fazer gestão da distribuição. Estou ajustando através de uma legislação para não faltar remédios padronizados a partir da centralização e da padronização exata. Quando você descentraliza há aspecto de desperdício de remédios. Agora é essencialmente criteriosa”, afirmou.
“Agora, os não padronizados e de alta complexidade, essa nova legislação vai fazer com que eu crie uma equipe multidisciplinar para avaliarmos os critérios, se não a prefeitura, que hoje tem a prerrogativa legal de gastar 15% do orçamento, vai continuar gastando 23%. É uma questão essencialmente de gestão”, completou.
José Eduardo também comentou sobre a situação enfrentada para quem mora longe da farmácia centralizada. “Estamos planejando a questão do circular. Agora para ajustar isso preciso de outros envolvimentos. Estou montando a estrutura, a base, para chegar ao que precisa. Gera um desconforto, mas é uma questão necessária”, disse ele.
E ele ainda orientou: “Somente com a receita, qualquer pessoa pode ir lá, sobrinho, filho, vizinho, e retirar o medicamento. Agora, é evidente que há a possibilidade de fazermos ajustamento no futuro com os agentes de saúde, mas não podemos pular etapas. Temos que centralizar primeiro para depois ajustar a distribuição. A princípio é um incômodo, mas você tem das 7h às 18h e a ideia da Câmara de vereadores de aumentarmos o atendimento das 18h para às 19h também será avaliada.”
Segundo o prefeito isso é “gestão para que não se falte remédios e para que façamos controle adequado dos mesmos.”
“Estamos criando mecanismos para que chegue a quem precisa. Vamos fazer a distribuição com critérios. Não vamos deixar de atender a população. Para quem tem dificuldade a prefeitura vai dar o suporte, mas vamos criar normas para definir essas dificuldades”, garantiu.
Ao ser questionado se ele não estaria indo contra os princípios do SUS de descentralizar, o prefeito afirmou que: “De repente se cria um dogma e acha que ele será correto sempre. Cabe a cada comunidade se ajustar ao que é importante para que tenha eficiência nos processos”, finalizou.