O Portal da Transparência mostra que a empresa Borghetti & Carmo recebeu mais de R$ 12 mil apenas para locação de sanitários e gradil. Diretor de Cultura, Alex Tomé alegou que a publicação está errada e que valor seria referente a palco e tenda do evento
Levantamento realizado através do Portal da Transparência confirma que o governo municipal gastou com o Ocuparte, realizado nos dias 18 e 19 de junho, no Parque Maracá, mais de R$ 62 mil.
O evento ofereceu uma programação eclética para os jovens da cidade, com bandas musicais, danças, oficinas, entre outros, inclusive com o show do Circuito Cultural Paulista, Deena Love. Porém, foi alvo de grandes reclamações por parte da população, que acredita que a prefeitura deveria investir o dinheiro em outras prioridades para o município.
Apenas com a empresa Borghetti & Carmo Ltda, a atual gestão pagou R$ 27.600,00 pela “organização do 2º Ocuparte” e R$ 12.788,00 pela “locação de sanitários e gradil” para serem utilizados no encontro. Este último valor chama atenção por ser muito alto, já que dois organizadores de festas, procurados pela redação do Jornal O Guaíra, destacaram que o aluguel de cada sanitário sai de R$ 28 a R$ 30 o dia.
Ao entrar em contato com o diretor de cultura Alex Tomé, o mesmo alegou que as informações publicadas no Portal da Transparência estavam erradas e que os R$ 12 mil seriam referência à locação de palco e tenda.
Entretanto, a pesquisa também mostra que a empresa J. de O. Souza Eventos – ME foi contratada por R$14,7 mil para oferecer geradores, tendas e som para serem utilizados no Ocuparte e a R. de S. Alves recebeu R$1.839,00 por sanitários e gradil.
Outro gasto elevado foi referente à firma de segurança, Gatto & Silva, de Ribeirão Preto, que recebeu mais de R$ 6 mil para fazer a vigilância nos dois dias. A mesma possui empenho de R$ 65 mil pela segurança da Festa do Peão deste ano. De acordo com Tomé, o serviço chegou a este valor porque houve segurança 48h no evento.
“O investimento para a realização do evento foi de aproximadamente R$ 29.000,00 em estrutura, R$ 27.600,00 na produção, organização e contratação de artistas e oficinas e R$ 6.016,00 na contratação de segurança para os dois dias de evento, que começava às 09:30h. Cabe destacar que o show de Deena Love foi realizado em parceria com o Governo do Estado de S. Paulo, por meio do programa Circuito Cultural Paulista, o que significou uma expressiva economia aos cofres públicos no pagamento do referido cachê”, afirmou o diretor de cultura.
Juntamente com estes empenhos, encontra-se um pagamento para a empresa de ônibus Viazul Tour Ltda, no valor de R$1.637,00 referente a vale transporte de pessoas. Porém, o diretor de cultura negou que este pagamento tenha relação com o Ocuparte.
Polêmica sobre drogas
Segundo declarações de alguns guairenses que participaram do 2º Ocuparte, havia grande consumo de drogas durante os dois dias do evento, de maneira explícita. Uma mãe inclusive relatou que precisou retirar cápsulas de eppendorf da grama para que seu filho pequeno pudesse brincar pelo local.
Ao questionar o diretor, Alex negou o ocorrido. “A Guarda Civil Municipal e a equipe de segurança realizaram rigorosa fiscalização preventiva e repressiva, caso necessário, para coibir o consumo de entorpecentes. Houve incisiva orientação do Departamento de Cultura junto à equipe de segurança e à GCM para coibir qualquer tipo de uso de entorpecentes pelos frequentadores, como acontece em todos os eventos. Não houve registro de nenhum incidente neste sentido”, ressaltou.
Bebidas alcoólicas
Qualquer evento em que haja a venda de bebidas alcoólicas é restrita a entrada de menores de idade. Porém, o Ocuparte recebeu muitos jovens e adolescentes. “O Ocuparte tem entre seus objetivos o fortalecimento da economia local como, por exemplo, fomentar o trabalho dos ambulantes. Não houve distribuição de bebidas e sim venda de bebidas pelos ambulantes, respeitando a orientação para que não fosse realizada venda para menores de idade. Portanto, houve orientação expressa do Departamento de Cultura aos ambulantes para que não realizassem venda de bebidas a menores”, destacou Alex.
Limpeza
Após a realização do Ocuparte, munícipes relataram que o Parque Maracá, já na segunda-feira (20), ainda estava repleto de lixos e restos de decoração no local, inclusive na escultura de Tomie Ohtake. “A limpeza foi realizada com muita competência pelo Departamento de Serviços Urbanos por meio da equipe responsável pelo Parque Maracá. O que existe na escultura da artista Tomie Ohtake são intervenções artísticas realizadas por artistas da cidade”, alegou Tomé.
Falta valorização
A vereadora Ana Beatriz Coscrato Junqueira disse, durante seu depoimento na sessão ordinária da última terça-feira (21), que a atual gestão poderia utilizar o dinheiro gasto com esse evento para reativar a Lyra Musical, o Coral, o Eletro Afro, entre tantos outros projetos culturais que foram encerrados por falta de investimento do atual governo.
Em depoimento ao jornal O Guaíra, um artista, que não quis se identificar, afirmou que se surpreendeu com a vontade do prefeito em realizar este evento. “Creio que Sérgio Mello deixou a cultura de lado durante esses 3 anos e 6 meses de governo, nunca se manifestou perante os artistas locais de onde minha pessoa faz parte e sempre que pedimos a presença do nosso Prefeito ele não se manifesta. Infelizmente, mas não usando de má fé, tenho que lembrá-lo da promessa do Teatro que Sérgio expôs no seu próprio Facebook de homenagear nosso querido e saudoso Ney Tosta, fora que o mesmo apenas se manifestou perante a cultura apenas para apreciar artistas de renome e quando lhe convém, e menciono o estado lastimável que a nossa Casa de Cultura está, com o teto caindo, podendo haver acidente onde se encontra pais e alunos, profissionais trabalhando em prol à Cultura, servidores públicos e estudantes. O dinheiro gasto neste evento não poderia ser feito dentro do ECAL, que será realizado no mês que vem?”, questionou o artista.
Em resposta, o diretor de cultura contou que o prefeito apoia “integralmente todos os eventos realizados pelo Departamento de Cultura, como foi o caso da Paixão de Cristo, o Dia do Trabalhador, as atrações do Circuito Cultural Paulista, as ações descentralizadas do projeto Cultura nos Bairros, o ECAL, que será realizado em julho e da mesma forma o Ocuparte” e que o Teatro Arena não foi reformado pois será necessário um investimento de mais de R$ 250 mil.