Depois da repercussão da paralisação dos pediatras nos plantões à distância da Santa Casa de Misericórdia de Guaíra, a provedoria confirmou que, no momento, o atendimento retornou e está em negociação com os profissionais de todas as especialidades, na busca de soluções para o hospital, que enfrenta sérios problemas financeiros.
A proposta da entidade é diminuir os valores de R$ 22 mil para R$ 15 mil aos médicos para mantê-los no plantão à distância, atendendo SUS e convênios.
Segundo o provedor Jonas Nogueira Lellis, o hospital pode fechar as portas caso não haja mudanças e mais apoio do governo municipal, já que a dívida herdada pela atual diretoria ultrapassa os R$ 6 milhões.
Agora, médicos e provedoria estão em discussão para encontrar uma melhor maneira de poder remunerá-los devidamente. De acordo com Jonas, ambas as partes têm interesse em manter o atendimento à população guairense.
“A Santa Casa havia feito uma proposta para reduzir o valor repassado aos médicos, para fechar todos os médicos por R$ 15 mil à distância, além do que eles recebem de seus particulares. R$ 15 mil era só para manter o plantão à distância”, afirmou a entidade na segunda-feira (12), explicando posteriormente que algumas especialidades, como pediatria, ginecologia e geral dividem o plantão em 3 ou 4 profissionais o que, consequentemente divide o salário.
O Jornal O Guaíra entrou em contato com os médicos através do diretor do Corpo Clínico da Santa Casa, o Dr. Ricardo Pardi, que fez as contas e explicou quanto seria pago a cada profissional. “Os R$ 15.000 não é pra cada médico. É pra cada especialidade. Se a especialidade tem quatro médicos, como o caso dos pediatras, é 15.000 ÷ 4 = 3.750 mil e ainda, com o desconto do imposto de renda de 27,5% = R$ 2.718,75 cada (por uma semana). Existem especialidades que têm três médicos e no meu caso (anestesista) e do Dr. Hassan (cirurgião) só um em cada, mas ficamos 24h/dia em 30 dias/mês, 15.000 – 27.5 % = R$ 10.875 por 30 dias e 24h/dia. Ainda estão entendendo que é 15 pra cada médico”, declarou o profissional, que não quis dar mais detalhes porque os médicos se reuniriam na noite de ontem (14) e iriam elaborar uma nota oficial para ser divulgada nas próximas edições.
REPASSE PÚBLICO
Segundo a Santa Casa, a prefeitura continua repassando a verba municipal através da contratualização, mas, não é o suficiente para manter a instituição. “Um dos grandes problemas que tivemos foi a contratualização, que não dá pra pagar as contas do mês. Até dar certo, levará uns quatro, cinco meses e o problema da Santa Casa é para ‘ontem’, não para daqui seis meses. Precisamos de uma verba extra”, cobra o provedor.
Jonas pediu também apoio à Câmara Municipal. “É preciso que os vereadores nos ajudem e façam um projeto, ou um movimento para arrumarem uma verba de socorro para a Santa Casa, para colocar a casa em ordem, porque até hoje a prefeitura deu só o que está no contrato e precisamos de uma verba extra. A entidade precisa de um ‘empréstimo’, um dinheiro para poder caminhar. Precisamos de um socorro, não temos de onde tirar. Ou o prefeito ajuda, ou fechamos as portas, não temos outra opção”, lamenta.
“A dívida é muito grande, passa de cinco milhões de reais, somados aos impostos de renda que não foram pagos, que acreditamos que ultrapassará os seis milhões, já que não recolheram esses impostos até julho do ano passado. Na época do Junão, de uma diretoria séria, deixaram 500 mil reais de dívida e na gestão anterior, em quatro anos, deixaram chegar a 5 milhões de reais. Hoje estamos nos digladiando. Não é justo ficarmos discutindo, é hora de unir forças, os médicos, diretoria, população, não é hora de puxar pra cada lado, é hora de se unir para vencer o mal, é isso que convido todos os guairenses que têm vontade e que têm Guaíra no coração, vamos nos unir para salvar Nossa Santa Casa”, finaliza Lellis.
RESPOSTA PREFEITURA
De acordo com o governo municipal, em novembro de 2017 foi realizada a contratualização com a Santa Casa, que nada mais é que o instrumento contratual de prestação de serviços, ou seja, é pago cada procedimento realizado pelo Hospital, inclusive o plantão à distância realizado pelas especialidades em Guaíra. “A prefeitura faz o repasse mensalmente do Serviço prestado e a Santa Casa faz o pagamento dos médicos, funcionários e procedimentos.”
A atual gestão ainda destaca que, através de um acordo com os médicos concursados (funcionários públicos) que prestam atendimento nas Unidades Básicas de Saúde, ainda paga duas horas destes profissionais para atuarem na Santa Casa de Misericórdia de Guaíra. “A prefeitura realizou acordo com os médicos para que tenham uma redução de duas horas diárias na carga horária de trabalho para que possam atender o Plantão à distância, ou seja, eles teriam que cumprir 4 horas e cumprem duas horas em cada (USF), inclusive os médicos pediatras. O Pagamento dos que atendem nas USFs são realizados pela Prefeitura. Concluindo, os médicos recebem seu salário na Prefeitura para atender nas USFs e pela Santa Casa pelo Plantão à distância.”
Em busca de soluções para cobrir o déficit do único hospital de Guaíra, o prefeito José Eduardo pretende comprar o prédio onde se localiza o atual Pronto Socorro, que é de propriedade da Santa Casa. “Seria com pagamento parcelado, de forma que diminua a dívida passiva da entidade de saúde. O Prefeito José Eduardo, aguarda a resposta do Conselho da Santa Casa – composto por sócios e membros da sociedade civil. Caso haja a concordância da venda do prédio à prefeitura, o prefeito José Eduardo enviará um Projeto à Câmara com a proposta de compra do imóvel para apreciação dos vereadores’, finaliza o governo.