
O relatório de prestação de contas da Santa Casa de Misericórdia de Guaíra referente a outubro de 2025 não é apenas um documento administrativo. Ele é um retrato pulsante da rotina de uma instituição que, mesmo sob pressão crescente, continua sendo o sustento da saúde pública do município. Em 31 dias, entre Pronto Socorro e Santa Casa, foram realizados 25.654 atendimentos. A força desses números dispensa adjetivos: eles falam por si, mas também revelam urgência, esforço humano e a capacidade de uma estrutura que opera muito além do ideal.
No Pronto Socorro, a linha de frente da emergência, a movimentação foi intensa e ininterrupta. Somente neste setor, ocorreram 20.853 procedimentos. A triagem registrou 3.861 acolhimentos com classificação de risco, o primeiro contato de milhares de pessoas que chegaram fragilizadas, assustadas ou com dores agudas. A equipe realizou 2.562 atendimentos de urgência, 1.947 observações de até 24 horas, 3.315 aferições de pressão, 662 testes de glicemia, 2.273 administrações de medicamentos, além de 203 pequenas cirurgias e quase 300 nebulizações. Na área diagnóstica, foram 6.265 exames, incluindo 3.919 laboratoriais, mais de 1.000 radiografias e 329 tomografias, fundamentais para diagnósticos rápidos que salvam vidas.
Na Santa Casa, onde os casos ganham continuidade e tratamento especializado, os números também impressionam. O mês fechou com 274 internações, que abrangem desde cirurgias até atendimentos clínicos, obstétricos e pediátricos. Houve ainda 2.427 procedimentos diagnósticos, com destaque para 870 ultrassonografias, 1.056 radiografias, 311 tomografias e exames complexos, como ecocardiogramas e colonoscopias. As consultas especializadas, muitas realizadas em parceria com a UPA, chegaram a 2.100 atendimentos. No total, a Santa Casa contabilizou 4.801 procedimentos no mês.
Cada uma dessas cifras corresponde a uma história. A criança que chegou febril no meio da madrugada. A mãe que ouviu pela primeira vez o batimento cardíaco do bebê na tococardiografia. O idoso que teve uma crise hipertensiva controlada a tempo. O trabalhador ferido que saiu do pronto atendimento estabilizado. Essas vidas não aparecem nas tabelas, mas são a razão de cada registro.
O relatório assinado pelo interventor Vamberto Silva Ribeiro, apresentado em 3 de dezembro de 2025, reforça o compromisso com a transparência e o cumprimento do Decreto Municipal 7478/2025. Mas também traz um alerta claro: Guaíra depende profundamente de sua Santa Casa. Dependemos do olhar atento, da agilidade, da coragem e da exaustão diária de profissionais que, mesmo diante de limitações estruturais, seguem entregando o máximo possível.
Outubro foi apenas um mês. Um mês de pressão, de superação e de provas incontestáveis de que a Santa Casa precisa ser continuamente fortalecida. Não se trata apenas de números; trata-se de vidas. E cada vida que passou por aquelas portas é um lembrete do tamanho da responsabilidade que essa instituição carrega — e do quanto ela é essencial para toda a cidade.

