SindServ demonstra insatisfação com reajuste da cesta e salário dos servidores

Segundo o Sindicato, prefeito havia feito o compromisso de que aumentaria o auxílio-alimentação para R$ 500 caso conseguisse o empréstimo de R$ 4 milhões com o Banco do Brasil. A entidade ainda apontou a falta de EPIs, periculosidade e uniformes para os funcionários públicos

Cidade
Guaíra, 22 de março de 2018 - 12h44

O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Guaíra demonstrou insatisfação com a decisão da prefeitura de reajustar o salário dos servidores públicos em 3,5% em 2018 e R$ 20 a mais no auxílio-alimentação.

Segundo a entidade, o prefeito José Eduardo Coscrato Lelis havia feito o compromisso de que, caso a prefeitura obtivesse êxito no empréstimo com o Banco do Brasil no valor de R$ 3.940.000,00, o reajuste da cesta para os funcionários seria de R$ 40, sendo R$ 20 neste início e R$ 20 em setembro.

Em entrevista ao Jornal O Guaíra, o presidente do SindServ, Rodrigo Borghetti explicou como foram as negociações com o governo municipal. “Na reunião com o José Eduardo, a gente tinha pleiteado 5% de ganho real. Ele disse que não teria condições, nós passamos para 5% o total, o que seria menos de 2,5% de ganho real. O prefeito disse que não tinha condições porque ele atingiu o limite prudencial da folha de pagamento, por conta de contratação de cargo de confiança, etc., gratificações – que têm cargos que recebem de 50 a 80% –, e a folha está ‘estourada’. Então, chegamos ao índice de 3,5% que seria possível pra ele, contudo, nós pedimos que a cesta fosse para o índice do Procon, que está em R$ 637. Ele falou que não tinha condições porque a arrecadação caiu”, declarou.

“Você vê que ele estájogando com dois índices, ele não quer aumentar salário porque a folha está estourada, mas vai vir um empréstimo que ele está pegando de R$ 4 milhões, então vai ter caixa. Assim,nós pedimos para ele aumentar a cesta, pelo menos, em R$ 500, um aumento de 40 reais. Novamente ele não quis”, complementou.

Em conversa, eles entraram em um consenso. “Por fim, nós propusemos para o Chefe do Executivo que no mês de setembro, depois que ele receber esse empréstimo, que aumentasse a cesta para R$ 500 e ele se mostrou solícito em fazer. Chegou na hora, ele nos surpreendeu, porque o aumento chegou para ser aprovado na Câmara Municipal sem esse reajuste de mais 20 reais em setembro”, afirmou Borghetti.

Para Rodrigo, quem será prejudicado com isso será o trabalhador de padrão mais baixo. “A desigualdade está nos seguinte: tem cargo de confiança que ganha R$ 6 mil e ainda tem 50% de gratificação, então o salário vai para onze mil e ele tem aumento sobre o salário e agratificação. Para esses funcionários, esse aumento representa muito, que são os da cúpula do prefeito, cargos na maioria de indicação política. O que que a gente percebe é que sempre o servidor de menor padrão está sendo colocado de lado porque o que poderia igualar alguma coisa nos menores padrões, que era essa cesta, ele [José Eduardo] resolveu não fazer o compromisso, ele deixou no ‘ar’”, proferiu.

O sindicato ainda enfatizou que não concorda com tal reajuste. “Agora, o prefeito vai fazer o empréstimo, vai prejudicar o funcionário pelo seguinte: ele vai deixar resíduo para o outro prefeito pagar, assim, o próximo gestor vai começar a administração já com uma dívidaconsolidada herdada e que vincula as receitas, principalmente do fundo de participação do município, o que quer dizer que o empréstimo tem crédito preferencial.”

O presidente da instituição chegou a criticar a gestão de José Eduardo. “Quero deixar claro que na opinião do sindicato esse reajuste é medíocre, feito por uma administração que está se demonstrando medíocre. Ele [prefeito] fala em queda de arrecadação, mas não faz nada para que a arrecadação suba, tudo o que ele faz, não consegue terminar. Tentou fazer a Área Azul e até agora não conseguiu, não fez o georreferenciamento para aumentar o IPTU. A arrecadação estagnou e os gastos aumentaram. O que ele deveria fazer: cortar essas gratificações de 50 80% que tem, exonerar um pouco de cargo de confiança que não é do serviço público e contratar servidores que já tem, para poder reajustar os salários.”

UNIMED

Como ainda há restos a pagar para o convênio da Unimed, os servidores públicos beneficiários do plano tiveram o valor descontado de seus salários, porém, segundo o SindServ, a prefeitura ainda não repassou o montante para pagar a empresa. “A administração está tão medíocre que, no dia 1º, nos foi descontado a mensalidade da Unimed, mas até hoje o governo municipal não conseguiu repassar o dinheiro da Unimed para o Sindicato e a fatura está vencida. Porque se ele não descontar isso, ele não consegue pagar a folha, cerca de R$ 20 mil reais. Até hoje eles falam que não têm caixa para repassar, que deveria ser repassado até o 5º dia útil. Então, o prefeitoestá trabalhando no limite, se ele não readequar as despesas, não se indispor com um pouco de cargo político, exonerar e usar servidor de carreira, não vai conseguir ‘matar’ essa conta”, destacou Borghetti

SEM EPI’s

Além dos reajustes, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Guaíra aproveitou o espaço para apresentar as reivindicações dos funcionários da prefeitura, que estão até mesmo sem equipamentos de proteção individual para trabalhar. “O servidor está sem uniforme; sem EPI, para conseguir uma luva está uma dificuldade; sem Guia de Fornecimento de EPI; não tem CIPA e SESMIT (órgãos fiscalizadoresde segurança do trabalho)…A gente foi cobrar uniforme, fala que não tem dinheiro. Agora a primeira-dama vai fazer a oficina de costura, vamos ver se eles vão fornecer o uniforme para os servidores”, apontou o presidente.

“Falta o EPI principalmente para o pessoal que trabalha com serviço perigoso, como os eletricistas, você vê eles nas escadas, sem capacete, sem luva, não tem cinto e se cair vão se ‘arrebentar’ no chão, não tem treinamento, não tem nada”, completou.

A entidade confirmou que, durante campanha eleitoral, José Eduardo buscou as demandas dos trabalhadores. “Quando o servidor empenhou o seu voto, a gente foi para mudar, isso tudo ele sabe porque eu falei com ele quando nos procurou no sindicato para saber o que estava errado. Agora, o atual está fazendo tudo o que o ex-prefeito fazia”, finalizou Rodrigo.

O OUTRO LADO

O prefeito José Eduardo Lelis e o departamento financeiro da prefeitura estudaram um aumento para os funcionários do governo municipal e chegaram a um consenso: 3,5% para 2018 e R$ 20 a mais no auxílio-alimentação.

“Sabendo que o salário mínimo do Brasil teve um aumento este ano de somente 1,81% e o funcionalismo público receberá 3,5%.  Para o auxílio alimentação, o reajuste será de 4,34%. Mesmo em ano de crise, a administração pública tem a responsabilidade com o servidor público, com um reajuste acima do índice do IPCA”, ressalta o chefe do Executivo.

“Este ano, será repassado o índice do IPCA, 2,84%, mais 0,66% de aumento real, o que representará 3,5% para o reajuste dos funcionários públicos municipal. Entretanto, uma maioria ainda terá um acréscimo no salário devido à progressão de letras e quinquênios”, completa.

O governo também aumentará a porcentagem de contribuição da administração em relação ao Plano de Saúde dos funcionários que têm menor ganho de salário. “A Administração busca uma gestão horizontal, em todos os segmentos e, por outro lado, o Executivo ressalta a importância do funcionalismo em ter um comprometimento em oferecer qualidade no atendimento à população. A responsabilidade da administração se dá na economicidade, seriedade e transparência em todos os atos e a responsabilidade dos servidores é em oferecer a eficiência do seu trabalho perante a população, uma vez que, quem paga o salário do funcionalismo público é o cidadão, por meio dos seus impostos”, finaliza o gestor.

 


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