Sogube pode fechar as portas e encerrar o atendimento a 650 alunos

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Guaíra, 12 de setembro de 2017 - 09h43

Com as contas bloqueadas, a entidade não pode utilizar nenhum convênio ou contribuição recebidos. Funcionários estão com salários de agosto atrasados e sem 13º de 2016. Guardas mirins também podem não receber pelos serviços prestados

A situação da Sociedade Guairense de Beneficência é desesperadora. Com as contas bloqueadas, por causa de uma dívida com um fornecedor da Festa do Peão de 2016, realizada pela prefeitura em parceria com a instituição, as atividades podem ser encerradas.

Um ofício feito pelo atual presidente da entidade, Washington Campos, chegou à prefeitura e deixou Executivo e Legislativo preocupados. No documento, ele conta tudo o que acontece e, ao final, solicita o fechamento da Sogube.

Agora, a atual gestão de José Eduardo e a Câmara, através de seu presidente Jorge Domingos, tentam buscar soluções para, de alguma maneira, minimizar ou sanar os problemas da instituição, para que isso não afete o atendimento das 650 crianças.

“A real situação da Sogube é muito grave. Participei de uma reunião junto com o prefeito e toda a diretoria da entidade. A conta da instituição foi bloqueada, assim também como a conta e do ex-presidente de lá, por consequência de uma dívida de R$ 103 mil reais referente a um fornecedor da festa do peão de 2016. A empresa prestou serviço e não recebeu”, elucida Jorge Domingos.

De acordo com o vereador, também ocorreu o bloqueio de R$ 20 mil de convênio que seria para pagar funcionários e aplicado nas aulas das crianças. “Como esse valor não foi utilizado – porque não tem como a entidade retirá-lo, será necessário devolver para o Estado e não tem como isso ocorrer, porque a Sogube não pode movimentar a conta”, esclarece o presidente do Legislativo.

“O instituto não pode receber nenhuma verba estadual, municipal, federal, e até mesmo de alguma doação, promoção ou contribuição da sociedade, não pode se depositar nada nessa conta corrente porque será bloqueada”, completa.

Prejuízo interno

Além do possível encerramento das aulas de 650 alunos, a Sociedade Guairense de Beneficência também está incapacitada de pagar seus funcionários, que não receberam no mês de agosto e estão sem o 13º salário de 2016.

“Nesse ofício, o presidente Washington relata que os funcionários não receberam. Valores que poderiam vir de convênios para sanar esses débitos, para as oficinas que são utilizadas pelas crianças ou para pagamento dos servidores, não poderão ser utilizados. Se caírem nessa conta, agora não poderão ser debitados”, afirma Jorge Domingos.

Outra preocupação é em relação aos jovens que prestam serviços através da Sogube. “O que é pior, os 81 guardas mirins, que trabalham por todo o município, são pagos através da Sogube em uma conta onde as empresas depositam os salários. Agora, essa conta também está bloqueada, ou seja, os guardinhas também estão sem receber”, lamenta.

Herança de uma festa mal planejada

O presidente da Câmara ainda ressalta a incoerência do ex-prefeito Sérgio de Mello em realizar a festa do peão em 2016 sabendo de toda a crise financeira da Sogube e também do município. “Não sabemos se o ex-presidente da entidade foi ludibriado para aceitar participar do evento dessa maneira, ou se ele caiu no conto da sereia, ou se ele sabia dessa possível ocorrência. Mas foi uma irresponsabilidade muito grande. Não deveriam ter usado o nome da Sogube para isso. Uma entidade séria, com mais de 50 anos de história, que vem prestando serviço para as crianças carentes. É um absurdo o que a administração anterior fez, utilizou dessa maneira o nome da instituição e não a ajudou a pagar as contas da festa, que todos nós sabemos que deixou uma dívida de mais de R$ 200 mil reais, entre elas R$ 103 mil só de um fornecedor. Isso daí realmente é lamentável”, denuncia Jorge.

Outro ponto destacado no ofício mostra que a decisão da Sogube ocorreu de forma irregular. “Na época, não houve uma assembleia geral para que se aprovasse a situação e participação na festa do peão. E isso, de certa forma, foi ilegal”, demonstra o vereador.

Em busca de soluções

O Legislativo e Executivo trabalham juntos para encontrar alternativas que minimizem ou colaborem na situação da Sociedade Guairense de Beneficência. “Estamos conversando para ver qual solução pode ser apresentada. Temos um repasse que recebemos da prefeitura mensalmente e todo ano a Câmara devolve o que sobrou. Estamos vendo de utilizar uma parte desses valores para tentar ajudar a Sogube. Precisamos ver como poderá ser utilizado, uma vez que todo o dinheiro que deposita para a Sogube fica bloqueado.”

“Em relação ao que os vereadores podem fazer, acredito que cabe ao presidente da Sogube que realmente tome as providências, através do seu departamento jurídico, para saber o que pode ser feito. Estamos prontos para colaborar com o que precisar e chegar a uma forma para que a entidade volte às atividades e as 650 crianças não venham a sofrer como estão sofrendo”, encerra o presidente do Legislativo.



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