Nilton Ortigoso, aniversariante da semana e participante ativo da romaria anual até a Capela do Pindoba, compartilhou conosco uma história peculiar que remonta ao início dessa tradição. Segundo ele, tudo começou de maneira descontraída, durante uma festa local, quando seu pai, o Sr. Antônio Ortigoso, e o amigo da família, Carlão (Mina Mercantil), estavam conversando sobre a necessidade de chuvas para salvar a safra.

Naquela ocasião, em meio às conversas sobre a condição das plantações e a esperança por um clima favorável, surgiu uma ideia inusitada: se chovesse o suficiente para salvar as plantações até a próxima semana, eles se comprometeriam a realizar uma caminhada até Pindoba. Era uma aposta divertida, mas também uma demonstração de fé na providência divina e na força da comunidade.

Para surpresa de todos, o clima colaborou e as tão aguardadas chuvas vieram. Com a safra salva, a promessa da caminhada até Pindoba tornou-se uma realidade. Inicialmente, era apenas um almoço informal na Chácara do Carlão, seguido pela caminhada até a capela. No entanto, ao longo dos anos, essa tradição cresceu, atraindo mais pessoas da comunidade e se transformando em um evento anual significativo.

Assim, graças à brincadeira e à fé compartilhada entre amigos, nasceu a romaria anual à Capela do Pindoba em Guaíra-SP, uma tradição que continua a unir e inspirar a comunidade local.

A história de Pindoba 

Na area rural da cidade de Guaíra, existe um monumento que transcende sua simples arquitetura para se tornar um símbolo de fé e justiça. A Capela do Pindoba, envolta em mistério e tragédia, não é apenas um lugar de culto, mas um testemunho de uma história marcada por injustiças e milagres.

A lenda que envolve Pindoba é tão angustiante quanto comovente. Este escravo, injustamente acusado de um furto que nunca cometeu, foi submetido a um dos atos mais desumanos já registrados na história. Enterrado vivo com apenas sua cabeça exposta, ele suportou dias de agonia, privado de alimento e atormentado por insetos vorazes. A narrativa sugere que o verdadeiro culpado era o filho do próprio fazendeiro, uma ironia cruel que ressoa através dos séculos.

Hoje, o local onde Pindoba sofreu seu martírio é um local de devoção e peregrinação. Anualmente, os habitantes de Guaíra e outros devotos se reúnem em uma jornada que culmina na Capela do Pindoba. É mais do que uma simples caminhada; é um ato de reverência à memória deste mártir, um testemunho de fé que ultrapassa as barreiras do tempo.

Em meio às histórias de milagres atribuídos a Pindoba, a romaria anual se torna um evento carregado de significado. Não apenas celebra a devoção religiosa, mas também serve como um lembrete da importância da justiça e da compaixão em nossas vidas. É uma oportunidade para a comunidade se unir, refletir sobre sua história e renovar seu compromisso com os valores que Pindoba representa.

E assim, a cada ano, a caminhada até a Capela do Pindoba continua, mantendo viva uma tradição que transcende gerações. É um lembrete de que, mesmo diante das adversidades mais sombrias, a luz da esperança e da justiça pode brilhar intensamente.