Um voto de confiança

“Aquele que se volta para a força construtiva do trabalho, encontrará o entendimento e sua proteção”- Orlando Garcia Junqueira

Cidade
Guaíra, 1 de agosto de 2021 - 10h34

Dentre os guairenses que participam mais ativamente das discussões políticas, seja nas redes sociais ou fora delas, os mesmos entendem que a atual Câmara, de forma geral, está muito pouco expressiva. Alguns motivos ou justificativas são apontados para o fenômeno: 1) Devido à pandemia, os novos mandatos já se iniciaram com uma defasagem, um maior distanciamento da população, impedindo o acesso da mesma às sessões e aos gabinetes da Câmara; 2) O resultado das Eleições 2020 e derrotas atribuídas a mandatos mais fiscalizadores e aguerridos por parte de três vereadores da legislatura passada; 3) Com a situação política–administrativa de Guaíra após o afastamento do prefeito José Eduardo pelo GAECO, alguns entendem que uma trégua é necessária já que não teríamos um prefeito eleito conduzindo a Prefeitura, outros entendem como necessária maior cobrança por se tratar da manutenção do mesmo grupo político investigado no poder; 4) A possibilidade de nova eleição (a suplementar), quando então as atenções devem se voltar, novamente, ao processo eleitoral e não no processo legislativo; 5) O primeiro ano dos novatos na vereança, são 7 de 11 vereadores, tendo mais um vereador com experiência anterior, mas não imediata. 

CÂMARA EXPRESSIVA

Apesar da inexpressividade apontada, consultei um vereador e ele me esclareceu sobre um fato que foi pouco valorizado e que, por isso mesmo, vale a pena destacar. A curiosidade surgiu quando soube da agenda de licitação dos perueiros na Casa de Cultura. Mas, as licitações maiores não seriam realizadas na Câmara Municipal? 

A Comunicação da Prefeitura fez uma divulgação muito eloquente pouco tempo depois do aniversário da cidade, em maio. Foi uma publicação tão confiante que parecia estar tudo acertado entre prefeito interino e o presidente da Câmara quanto à realização de licitações no interior do prédio do legislativo guairense. No entanto, faltou este combinado. O presidente Moretti (PSDB) poderia ter respondido à solicitação do Executivo sozinho, ainda mais sendo do mesmo partido do prefeito, mas ouviu os demais vereadores para tomar sua decisão. O “não” prevaleceu para não se sobrepor as funções dos poderes executivo e legislativo. Pode parecer um ato pequeno ou insignificante mas não é, principalmente quando se pensa que a maioria da Câmara é composta pelo grupo político que está à frente do governo municipal. Que continuem decidindo com independência, é o que a população espera. 

CÂMARA INEXPRESSIVA

A votação mais esperada do primeiro semestre não chegou a acontecer, porque o projeto foi retirado pelo líder do governo. Foi iniciado o debate sobre a função da Agência Reguladora no DEAGUA, mas pouca coisa concluída. A discussão não avançou de forma produtiva na cidade e na Câmara. O governo tentou separar o conteúdo votado da consequente discussão sobre o “aumento da tarifa de água” e especulações sobre terceirização da autarquia foram ventiladas, o que também não procedia naquele momento. Os burburinhos não viraram tumulto na sessão da Câmara, por conta da pandemia, mas ajudaram a fazer o governo, os governistas e a oposição a se movimentarem até adiar a votação. Alguns garantem que foi retirado porque não passaria. Pelo sim, pelo não, teria que ser votado e encerrada a discussão. O que de fato faltou foi estudo da matéria pelos vereadores. Daí os boatos assustam e já era! Quando voltar, que volte e seja discutido à luz da razão. 

VEREADORES NOVATOS

É um número significativo de pessoas eleitas no desafio de “tornar-se vereador”, já não basta ser eleito, mas sim exercer e se adaptar à função pública. A questão é: quanto tempo é necessário para tal transformação? Quando os eleitores escolhem seu vereador, sabem disso?

A desconfiança da sociedade os políticos já possuem. Contra toda esta maré, aposto sempre no voto de confiança. Estar junto com eles, que seja nos meios virtuais, não para bajulá-los, mas para pedir informações, cobrá-los ou apontar alternativas… Parece um melhor caminho que a descrença, sempre. A proximidade não pode cegar ou perder a liberdade para a crítica. É, sem dúvida, um horizonte mais seguro para nosso futuro. 

 

Camilo Junqueira Prata, 38, psicólogo social, criador e mantenedor da página Guaíra em Pauta.


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