Vinda de Econew para Guaíra deve solucionar problemas com embalagens vazias de agrotóxicos

Através de uma concessão feita pela prefeitura, a EcoNew irá implantar um projeto de captação de resíduos sólidos agrícolas (galões de defensivos) no local, que será totalmente reformado, com abertura de novos empregos na cidade e geração de impostos para o município

Cidade
Guaíra, 7 de maio de 2021 - 14h33

Em agosto de 2020, o então prefeito José Eduardo publicou decreto de concessão da área da antiga Usina de Reciclagem para a empresa EcoNew Usina de Reciclagem e Transporte, por cinco anos. A vinda da empresa, além de resolver o grave problema de destinação de embalagens de agrotóxicos que os produtores rurais têm, ainda geraria empregos e beneficiaria o município economicamente. 

Entretanto, com as incertezas do cenário político da cidade, entre outras situações relacionadas ao prédio em questão, a empresa solicitou, na última semana, ao prefeito interino Edvaldo Morais, que o processo de doação do local e incorporação para a EcoNew seja executado e aprovado pela câmara dos vereadores, com cláusulas de retroatividade caso não sejam cumpridas as promessas acordadas por ambos os lados. 

Na oportunidade, em reunião no gabinete do Paço Municipal, reuniram-se representantes da firma (Demetrius Mota Inglez e José Rodrigo Gomes dos Santos), o chefe do Executivo e ainda os dois vereadores, Chiquinho Souza e Denir Ferreira, que estão acompanhando o caso após visitarem a antiga usina de reciclagem e constatarem os diversos furtos que ocorreram de equipamentos e utensílios e o abandono da área pública. 

Sabendo da necessidade para a captação desses resíduos sólidos agrícolas, o prefeito Edvaldo Morais acenou positivamente para a EcoNew e deverá enviar ao legislativo um projeto de lei de doação com retroação, do terreno da antiga usina de reciclagem, nos mesmos moldes em que foram doados outros, como para Predilecta e a Faculdade. 

A área possui tamanho aproximado de 30 mil metros quadrados, porém, a área útil fica em torno de 3.500m², já que o restante é o antigo aterro sanitário. 

“Estamos caminhando a passos largos neste projeto, mais uma doação com cláusula de reversão daquele local, para que eles venham montar uma indústria, gerar empregos  e resolver nosso problema, de vez, do meio ambiente referente às embalagens vazias de agrotóxicos”, disse o prefeito.

“Nós temos três problemas graves no município de Guaíra:  lixo doméstico, que já temos o destino, sendo todo enterrado em Guará, tudo vendido para Guará; entulhos, um problema crônico que teremos também que, no final, triturar ou terceirizar para tirarmos esse problema do  município; e, o mais grave, o ‘lixo’ do agrotóxico, esse não tem como resolver se a empresa não vier para cá. Imagina se a EcoNew vem para resolver essa questão e ainda gerar milhões de impostos para o Município de Guaíra? Isso é um avanço muito grande! Vou preparar o projeto, mandar para câmara de vereadores e tenho certeza que os vereadores irão aprovar, porque vamos melhorar o projeto em conjunto. E vamos resolver isso de uma vez por todas, esse grande  problema de lixo, que contamina nossos solos, nossos rios e o nosso meio ambiente, que é o descarte de embalagem vazia de defensivos”, acrescentou Edvaldo Morais. 

Problemas das embalagens

Sendo a maior parte de sua economia gerada em torno do agronegócio, Guaíra deveria estar com sua central de embalagens, localizada dentro do terreno da antiga usina de reciclagem, funcionando a todo vapor. Entretanto, não é assim que acontece.

Atualmente, os agricultores sofrem com o destino das embalagens vazias de agrotóxicos utilizadas em suas propriedades. A central, nomeada de Chiquinho Oride, não funciona corretamente há anos, causando um grande transtorno para o agro local, que precisa se adequar aos horários da associação responsável pela coleta desses resíduos. “Deixaram a central deteriorar, as pessoas foram parando de receber embalagens. Olha a gravidade disso e, hoje, recebem, mas muito pouco, pois a maior parte do tempo o espaço fica fechado com um telefone anotado em uma placa. Tudo que tinha lá foi furtado – telhas, torneiras, vasos sanitários, porta – deterioram tudo. Os agricultores estão com seus galpões nas fazendas super lotados e já não têm condições nenhuma de receber embalagem, mesmo tendo a Araguair lá dentro, que está recebendo, mas estão recebendo apenas 1%!” apontou o prefeito. 

 Proposta do Centro de Distribuição em Guaíra

Todas as embalagens derivadas de produção agrícola não podem ser

reaproveitadas. Diante deste cenário, a Econew vê a oportunidade de iniciar a

profissionalização desta logística em Guaíra onde, primeiramente, após a identificação do

término do processo de aplicação de defensivos em uma área que já estará

cadastrada em seu sistema de informação, começa-se o processo de coleta das embalagens. Segundo o gestor do projeto, José Rodrigo Gomes dos Santos, esse processo industrial é voltado para captação de resíduos sólidos agrícolas – galões de defensivos, com tratamento biológico e sua descontaminação. “Será aplicado e desenvolvido na antiga usina de reciclagem. A logística de recebimento de galões é muito ágil, com facilidade na entrega, funcionando de segunda a segunda, com fácil agendamento. Será implantado um centro de distribuição onde todo material processado em outro Estado será acondicionado em um estoque circulante em Guaíra e será, daqui, destinado para o fornecimento das empresas que irão comprar nossos produtos”, explicou o profissional, demonstrando o quanto isso beneficiará a geração de impostos para o município.

Opinião dos vereadores

Denir Ferreira acredita ser positiva a chegada de empresas no município, desde que haja benefícios a ambos os lados. “Sou favorável à vinda de empresas, principalmente se vai resolver o problema do meio ambiente, mas temos que  nos certificar de que eles realmente estarão comprometidos com a cidade”, apontou, comentando sobre o encontro que tiveram na última semana: “Eles nos convidaram para participar da reunião, porque fomos os vereadores que nos preocupamos com o abandono daquela área. Agora, eles vêm com uma outra proposta, diferente do decreto que o José Eduardo fez. Porque antes era uma cessão por 5 anos, e depois teriam que devolver, agora, querem de outra maneira, depois de 5 anos e cumprirem com o que for exigido, querem tomar posse definitiva do terreno. É algo a ser bastante debatido na Câmara, para verificarmos o funcionamento dessa empresa e, ao mesmo tempo, como falaram que vão fazer um investimento de quase R$1,5 milhão no local, queremos ver a planta, como ficará o projeto.” 

Chiquinho Sousa também falou sobre a concessão do terreno. “No contrato está que a empresa começaria no ano passado, o que não foi honrado. Recebemos denúncias de que havia furtos no local e fizemos visitas, constatando que havia sumido muita coisa. Fizemos o pedido de informação para a prefeitura, que nos cedeu alguns documentos e, inclusive, agora, o Ministério Público se interessou pelo caso. Claro que a empresa é nova e possui um projeto promissor para a cidade. Seria muito bom para o município, mas tem mais um porém: ela quer a doação do terreno, o que fica mais complicado, mais burocracia; projeto polêmico, assim como foi o da Predilecta. O Edvaldo, inclusive, cogitou aumentar a concessão para 10 anos, para somente depois ela ser dona do terreno. A empresa não vai gerar muito emprego, porque seu processo é mais automático, mas ajudará na questão ecológica, vai auxiliar os recicladores com carrinhos e EPI, gerar impostos para a cidade… Porém, doação de terreno para empresa particular é algo a ser estudado com cautela”, enfatizou.

 


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