São 217 dias que nossa cidade (Guaíra), aqui no interior de São Paulo, aguarda os desdobramentos das operações realizadas pelo Gaeco – denominadas Hamelin e Golpe Baixo. Quanto tempo ainda teremos que esperar?
Afinal, a exposição da cidade teve repercussão nacional, onde a imprensa mostrou pessoas sendo presas em suas casas, sendo expostas em frente à prefeitura e tudo mais que já sabemos, com policiais autorizados por mandados para buscar provas de formação de quadrilha com chefe e tudo mais.
Pois bem, já se passaram 217 dias – sem contar o prazo da investigação que já estava em percurso há mais de um ano – desde o dia da ação, que culminou, entre outras coisas, no afastamento do prefeito eleito com mais de 60% dos votos, o que vem causando certa insegurança na condução da política do município, pois, apesar do prefeito interino estar realizando um bom trabalho, dando continuidade em grande parte dos projetos do prefeito afastado, seu mandato finda ao final deste ano, onde haverá nova eleição para presidência da câmara e, consequentemente, um novo prefeito interino.
Escutamos muito que manter o prefeito eleito afastado seria uma espécie de condenação antecipada, em um regime jurídico que obedece o regramento do transitado e julgado, a qual a população tomou conhecimento nas últimas atitudes tomadas pelo STF e, mais, ferindo um dos pilares básicos do estado democrático de direito, o da presunção de inocência; e também faz parte das diretrizes dos direitos humanos capitaneada pela ONU.
Não quero discutir o mérito da ação, mas acredito que todos são inocentes até que se prove o contrário, mais do que os prejuízos que vem causando ao município, da proibição do atual prefeito assumir o cargo que a população a ele delegou, por conta de uma presunção de que ele irá atrapalhar as investigações, mas não foram apresentadas à população nenhum fato ou circunstância fundamentado que abone tal decisão. Existe até algumas premissas que apontam que as falhas apresentadas pela operação possam pertencer ao âmbito político e administrativo, e nesse caso, não seria o povo junto com seus representantes os autorizados a pedir seu afastamento?
Para finalizar, quero deixar claro o excelente trabalho que os órgãos de fiscalização vêm exercendo para coibir a corrupção no nosso país, a exemplo da operação Lava Jato. Isso, com certeza, é uma demanda da nossa sociedade, mas também vejo com certa reserva quando coloca-se todos no mesmo do balaio de maus versadores do dinheiro público. Neste sentido, corremos o risco de condenar por antecipação. Separar o joio do trigo nestes casos é muito difícil, todos sabemos disso, mas é fundamental para não corrermos o risco de condenar inocentes.
Izildinha Lacativa, proprietária do Grupo Vicente Lacativa