Colunista

Direita ou esquerda: a intolerância prevalece

As expressões direita e esquerda como referência de ideologia política surgiram por ocasião da revolução francesa, movimento social e político fortemente influenciado pelos ideais iluministas, que aconteceu na França no final do século XVIII, entre 1789 e 1799.

Foi um acontecimento de imensurável importância, período o qual esteve sujeito a uma forte onda de movimentos políticos e sociais, o qual resultou em mudanças importantes e necessárias não só para a França como para todo o continente europeu. 

Após esse período, os parlamentos de toda a França tinham a seguinte disposição: os representantes da aristocracia, que defendiam os interesses da igreja e das classes abastadas já existentes, os quais eram extremamente conservadores no sentido de não permitir mudanças e manter os privilégios que possuíam, sentavam-se à direita do orador. 

Os representantes dos camponeses, trabalhadores e das classes menos abastadas em geral, os quais aspiravam por mudanças e que ainda não tinham direitos políticos, sentavam-se à esquerda do orador.  Daí surgiram  as expressões direita e esquerda como referência de ideologia política.

Do século XVIII vamos “voar” para o século XXI, mais precisamente no Brasil, para tentarmos entender toda essa paranoia e loucura que estamos vivendo, baseada na polarização extremamente equivocada de ideais de direita ou  de  esquerda. Ou você é de direita ou é de esquerda. Errado. Existem pessoas mais flexíveis e equilibradas nesse jogo. 

Me refiro às pessoas e políticos que se posicionam mais ao centro, com uma ligeira tendência à esquerda ou à direita. Ao meu ver, são as mais equilibradas. Já as que se posicionam totalmente à esquerda ou à direita,  considero-as  intolerantes,  inflexíveis e de difícil diálogo. São os representantes desse bloco que criaram a guerra ideológica, que apregoa a definição de esquerdistas e direitistas. “Se  for de direita  é fascista, se for de esquerda é comunista”. Santa ignorância, delírio total.

Depois dos últimos acontecimentos envolvendo o partido dos trabalhadores e partidos aliados em escândalos de corrupção dos quais muitos políticos foram justamente  condenados e presos,  estabeleceu-se a imagem de que no Brasil somente  os políticos e partidos de esquerda são  corruptos. Erro gravíssimo.

Primeiro,  torna-se necessário  esclarecer que a corrupção não está diretamente ligada à ideologia política, mas sim à honestidade e caráter dos políticos e representantes que compõem o governo. Desde 1889, quando da proclamação da república, o Brasil vem sendo fortemente saqueado pelos representantes do povo e na maioria das vezes esses representantes não eram de esquerda. Basta conhecer um pouco sobre a história da corrupção no Brasil.

O juiz Marlon Reis, que é um dos autores da Lei da Ficha Limpa, cita que durante o governo militar, obras faraônicas como Itaipu, Transamazônica e Ferrovia do Aço foram realizadas sem qualquer possibilidade de controle e que nunca saberemos do montante desviado. 

Indo mais longe nessa questão, é importante lembrar que a corrupção não existe apenas na esfera política, mas no cotidiano e no  dia a dia das pessoas comuns, independentemente da ideologia política de cada cidadão. 

Portanto, ideologia política não tem ligação qualquer com corrupção e a melhor forma de acabar com esse mal que assola o Brasil é institucionalizar o fim da impunidade, porque a impunidade estimula fortemente  o crime. 

 Para  vocês me conhecerem melhor e para que não gere dúvida alguma sobre a minha forma de pensar,  me considero um democrata, capitalista, republicano presidencialista e que defende a divisão de classes. A sociedade dos  sonhos é aquela  que possui  classe alta, classe média e classe baixa.  Entretanto, a classe baixa deve viver bem e com dignidade, reunindo condições para uma vida em que as necessidades básicas como educação, saúde, habitação e alimentação  estejam disponíveis e acessíveis  de forma decente e humana.

Carlos Eduardo Braghim é consultor técnico agronômico.

 


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