Colunista

Esse tal de protocolo

Desde que começou a se falar no retorno das atividades na pandemia, tenho visto certa segurança em nome do chamado “protocolo”. Muitas vezes, pela forma que falam, penso que não entendem o que a palavra significa.

Pois bem, protocolo, dentro desse contexto, significa etiqueta (jeito de se fazer, modelo, padrão, convenção). Assim, por natureza, exige uma sequência, posição, materiais, ferramentas etc., tudo de modo padronizado. Todo padrão funciona? É aí que mora o perigo.

Padrão é paradigma. Então, pode servir por um tempo e, por mudanças contextuais, deixar de ser efetivo. E há aqueles que, por natureza não servem de nada, muitas vezes por não se entender, ou ignorar, os nexos causais. Portanto, protocolos são falíveis. Assim, como termos certas garantias de sucesso em nossos protocolos? 

Bem, a primeira coisa é pensar em nexo causal, ou seja, essa ação trará quais resultados? Por quê? Exemplo: a Assembleia Legislativa de Mato Grosso aprovou público em eventos esportivos. Um deputado, em entrevista à TV, disse que isso foi feito porque os protocolos serão seguidos. Um deles é a apresentação de testes de Covid negativados até 3 dias antes do evento. Valha-me Deus! Há testes que demoram até 7 dias para ficarem prontos e que, por conta dos dias de sintomas, ou contato com alguém contaminado, pode ser falso negativo. Assim, a pessoa entra no estádio na premissa de não estar contaminada, com um exame que retrata a realidade de 10 dias atrás, e que pode não ser verdade naquele momento. É quase como atravessar a rua de olhos vedados, com a informação de que há 5 minutos, por exemplo, nenhum carro passava por ela. Portanto, protocolo furado.

A presença do álcool em gel é outra questão. Para ser efetivo, deveria ser passado nas mãos todas as vezes que se toca em algo, ou na boca ou nariz. A primeira para evitar a própria contaminação. As outras, para evitar a contaminação dos outros. Manter essa rigidez em longos períodos (mais de meia de hora), exercendo outras atividades, é algo muito difícil de fazer.

Distanciamento social e uso de máscara são mais eficazes (em si, não em relação com os outros), desde que usados em conjunto, questão que coloca em xeque a segurança das aulas presenciais com 100% de alunos nas salas, como o estado de São Paulo decidiu fazer. Lamentável!

Portanto, é preciso protocolo. Mas ele tem que ser efetivo. Convencionar a forma por si só não garante resultado. Fica o jeito certo de se fazer o errado. O avião da TAM não freou em Congonhas, em 2007. Voava com um defeito sabido, mas dentro de um protocolo de segurança (podia voar até 10 dias naquelas condições). Deu no que deu.

Pense nisso, se quiser, é claro!

 

Prof. Ms. Coltri Junior é estrategista organizacional e de carreira, palestrante, cirurgião-dentista, adm. de empresas, especialista em gestão de pessoas e EaD, mestre em educação, professor, escritor e CEO da Nova Hévila Treinamentos. www.coltri.com.br; Insta: @coltrijunior 

 


PUBLICAÇÕES

RECEBA A NOSSA VERSÃO DIGITAL!

As notícias e informações de Guaíra em seu e-mail
Ao se cadastrar você receberá a versão digital automaticamente