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Para evitar queimadas, é preciso investir em conscientização ambiental

O Brasil assumiu a liderança do ranking de queimadas na América do Sul, superando a Venezuela, como mostram os dados levantados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Foram mais de 15 mil focos de incêndios, três mil a mais do que nossos vizinhos, seguidos da Colômbia, com pouco mais de nove mil registros. Em grande parte, o clima mais seco do inverno contribui para o aumento, principalmente nos biomas do Centro e Norte do país, além da irregularidade das chuvas no Sul. 

Mas não se trata apenas de uma questão climática, já que as queimadas também subiram em 49% na Amazônia Legal – território brasileiro que corresponde a oito estados, como Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, e ainda parte do Maranhão. Isso porque a Amazônia bate recordes de desmatamentos há pelo menos três meses! Somente em maio de 2021 foram registrados 2.679 focos de fogo na floresta, contra 1.798, no mesmo período do ano passado. 

Os números são alarmantes e indicam que as condições de fogo em todos os cantos do Brasil serão catastróficas. Em 2020, o Pantanal sofreu com um dos maiores combates a incêndios florestais já vistos no país, com cerca de 40% do seu bioma queimado, e hoje, após um ano do desastre, vê as suas primeiras vegetações verdes tentando superar o ocorrido – com muitas ressalvas. Os frutos das árvores caíam nos rios e alimentavam a fauna, porém, sem elas, os peixes buscam outras fontes de alimentos ou se tornam mais pequenos e “miúdos”. Não há registros também do deslocamento dos peixes rio acima, o que era típico da região, e a falta de chuvas faz surgir montantes de areia no meio do rio São Lourenço.

Tudo isso impacta na vida da comunidade local, ocasionando uma grande perda no sustento familiar. E não é apenas um problema regional. Se não for bem controlado e novas medidas forem tomadas, cada estado brasileiro começará a sentir os problemas, seja na alimentação que vai à mesa, nas finanças, ou na saúde do planeta e da sua própria população. Recentemente, o Governo Federal determinou a suspensão de queimadas legais em todo o Brasil por 120 dias, com o objetivo principal de conter os focos de incêndios na Amazônia e no Pantanal, e também o retorno das Forças Armadas para combater os desmatamentos.

No entanto, estas medidas foram adotadas também há dois anos, e ainda não impedimos o Brasil de bater recorde atrás de recordes. É preciso ter uma consciência maior dos impactos das ações humanas nas florestas, principalmente quando falamos de empresas extrativistas e de criação de rebanhos, que são as que mais praticam ou provocam incêndios nessas regiões a fim de atividades da agricultura. Muitas delas ainda não se preocupam em fazer a compensação ambiental ou se prendem a conceitos errôneos sobre o reflorestamento. 

Por isso, é fundamental ter ao lado os stakeholders especialistas em compensação ambiental capazes de promoverem essa transformação, enquanto as organizações podem focar em seu ramo de atuação e nos seus negócios. O meio ambiente agradece!

 

Por Antonio Borges, CEO da PlantVerd, startup que opera na execução de serviços ambientais para a recuperação de áreas degradadas em todo o Brasil


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