Ainda existem pessoas boas!

Editorial
Guaíra, 23 de maio de 2019 - 08h30

Se não fosse pelo paletó e o nome conhecido mundo afora, talvez o bilionário Carlos Wizard Martins de 62 anos, passasse despercebido ao caminhar pelo Posto de Triagem da Operação Acolhida, principal estrutura destinada a assistir venezuelanos recém-chegados a Boa vista (RR). É sua rotina há nove meses.

Missionário mórmon da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a qual frequenta desde a juventude, ele foi designado junto com a esposa, Vânia Martins, 60, a participar de ação humanitária no estado. Mudou-se em agosto passado e se divide entre constantes viagens a São Paulo, para cuidar dos negócios pessoais, e Brasília, onde dialoga com o governo federal sobre a migração venezuelana.

O principal trabalho que faz em Roraima é na interiorização de venezuelanos.

Ele encabeça um grupo de voluntários que atua na transferência de imigrantes recém-chegados a outras partes do país e também articula empregos nas cidades de destino. Desde abril de 2018, seu grupo já levou 25% do total de venezuelanos interiorizados pela operação Acolhida, criada em fevereiro de 2018 para lidar com o fluxo migratório de venezuelanos em Roraima.

As viagens são feitas em voos comerciais a custo zero desde o ano passado, graças a um acordo que ele próprio costurou com as companhias Latam, Azul e Gol que prevê uso de assentos desocupados. No mês passado, 525 venezuelanos viajaram dessa forma.

”Diariamente levamos as pessoas ao aeroporto. Temos uma equipe de apoio e às vezes levamos pessoas até no meu carro”, explica o bilionário que já visitou 45 países, mas nunca esteve na Venezuela e, pela primeira vez, atua diretamente no acolhimento de refugiados.

”Minha rotina é simples. Nós recebemos as famílias, cadastramos, identificamos pessoas em outras partes do país que possam acolhê-las, trabalhamos com as empresas aéreas e acompanhamos essas famílias até o aeroporto. Enquanto a família não chega lá no seu destino a gente se preocupa com ela”. Ele explica que o objetivo do trabalho que lidera é mais do que assistencialismo ou tutela e quer ampliá-lo com ajuda de mais empresários e líderes religiosos do Brasil. Na semana passada, se reuniu com a ministra Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, para dialogar sobre a criação de um comitê inter-religioso de acolhimento aos refugiados.

”De nada adianta eu tirar um imigrante da rua aqui em Roraima e deixá-lo na rua em São Paulo. Eu não vou resolver o problema dele dessa forma. Então, felizmente, temos conseguido dentro de 30 a 60 dias que eles chegam aos locais consigam trabalho com carteira assinada e todos os benefícios de um trabalhador”, finalizou.


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