ATRAÇÃO FATAL

Editorial
Guaíra, 4 de setembro de 2024 - 09h04

Engana-se quem pensa que este título faz referência ao famoso filme; ele remete, na verdade, a um comportamento que, por mais absurdo que pareça, continua a cativar algumas pessoas de forma silenciosa e insidiosa: o complexo de Narciso. Ah, o velho e bom narcisismo, inspirado pela figura mítica da mitologia grega, sempre pronto para nos lembrar do quão profundamente podemos nos apaixonar por nós mesmos.

Certamente, ao longo da sua vida, você já encontrou alguém que personifique essa figura tragicômica. Narciso, aquele jovem de beleza inigualável, atraía olhares e suspiros por onde passava. Mas, pobre Narciso, seu único e verdadeiro amor era o reflexo que via no espelho de água. Sua devoção era tão profunda que ele, coitado, acabou se perdendo num ciclo infinito de auto-adoração, ignorando tudo e todos ao seu redor. E, ironicamente, foi essa mesma paixão desenfreada por si próprio que o levou à desgraça, afogando-se enquanto tentava, inutilmente, abraçar a si mesmo.

Essa lenda não é apenas um lembrete dos perigos do narcisismo; ela é um convite para o ridículo. Porque, convenhamos, quão cego é preciso ser para se afogar na própria imagem? Mas aqui estamos nós, nos tempos modernos, onde essa advertência é mais pertinente do que nunca. Afinal, com as redes sociais, o espelho d’água de Narciso virou tela de smartphone, e a busca incessante por curtidas e seguidores tornou-se quase uma competição olímpica.

A história de Narciso não é apenas um conto antigo, mas uma advertência atual. Ela nos provoca a refletir sobre nossa própria auto-obsessão e a lembrar que talvez, só talvez, haja mais na vida do que nossa própria imagem. Afinal, quem quer acabar como Narciso, afogado na própria vaidade, sem perceber que o mundo ao seu redor tem muito mais a oferecer? 

 


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