
Certamente, ao longo da sua vida, você já encontrou alguém que personifique essa figura tragicômica. Narciso, aquele jovem de beleza inigualável, atraía olhares e suspiros por onde passava. Mas, pobre Narciso, seu único e verdadeiro amor era o reflexo que via no espelho de água. Sua devoção era tão profunda que ele, coitado, acabou se perdendo num ciclo infinito de auto-adoração, ignorando tudo e todos ao seu redor. E, ironicamente, foi essa mesma paixão desenfreada por si próprio que o levou à desgraça, afogando-se enquanto tentava, inutilmente, abraçar a si mesmo.
Essa lenda não é apenas um lembrete dos perigos do narcisismo; ela é um convite para o ridículo. Porque, convenhamos, quão cego é preciso ser para se afogar na própria imagem? Mas aqui estamos nós, nos tempos modernos, onde essa advertência é mais pertinente do que nunca. Afinal, com as redes sociais, o espelho d’água de Narciso virou tela de smartphone, e a busca incessante por curtidas e seguidores tornou-se quase uma competição olímpica.
A história de Narciso não é apenas um conto antigo, mas uma advertência atual. Ela nos provoca a refletir sobre nossa própria auto-obsessão e a lembrar que talvez, só talvez, haja mais na vida do que nossa própria imagem. Afinal, quem quer acabar como Narciso, afogado na própria vaidade, sem perceber que o mundo ao seu redor tem muito mais a oferecer?

