“Brasileiro é bonzinho”

Editorial
Guaíra, 7 de março de 2017 - 08h11

No ano de 1977, a rede Globo de Televisão exibia um programa chamado “Praça da Alegria” onde havia uma atriz americana – Katy Lira – que fazia o papel de uma personagem supostamente inocente que se surpreendia com a prestatividade do povo brasileiro e soltava o bordão: “brasileiro é tão bonzinho”.

Anos depois, quem deve falar que o brasileiro é bonzinho deve ser os cubanos, equatorianos, peruanos, panamenhos, argentinos, venezuelanos, nicaraguenses, venezuelanos e os tantos outros países que se beneficiaram dos empréstimos do BNDES para fazer obras em seus países enquanto o Brasil não tem como escoar a sua safra por falta de infraestrutura nas estradas. Sem falar nas mortes nos hospitais, na falta de médicos, de remédios, de moradias, etc., etc.

Não é novidade para ninguém que o Brasil tem todos estes problemas graves de infraestrutura. Diante dessa questão, o que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social faz? Financia portos, estradas e ferrovias – não exatamente no Brasil, mas em diversos países ao redor do mundo.

Alguns desses empréstimos, aqueles destinados a atividades de empresas brasileiras no exterior, eram considerados secretos pelo BNDES e só foram revelados porque o Ministério Público Federal pediu na justiça a liberação dessas informações.

Em agosto, o juiz Adverci Mendes de Abreu, da 20ª Vara Federal de Brasília, considerou que a divulgação dos dados de operações com empresas privadas “não viola os princípios que garantem o sigilo fiscal e bancário” dos envolvidos. A partir dessa decisão, o BNDES é obrigado a fornecer dados sobre que o TCU, o MPF e a Controladoria-Geral da União solicitarem. Descobriu-se assim uma lista com mais de 2.000 empréstimos concedidos pelo banco desde 1998 para construção de usinas, portos, rodovias e aeroportos, tudo no exterior.

Ao subsidiar os empréstimos, o BNDES funciona como um Bolsa Família, mas ao contrário, um motor de desigualdade: tira dos pobres para dar aos ricos. Ou melhor, capta dinheiro emitindo títulos públicos, com base na taxa Selic (11% ao ano) e empresta a 6%. Isso significa que ele arca com 5% de todo o dinheiro emprestado.

Por isso que o Brasil está quebrado, para fazer gracinha lá fora!


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