Se o governo Temer pudesse fazer um livro de regras do que NÃO se deve fazer em situações de crise, suas atuações na condução da greve dos caminhoneiros seria um best seller.
A começar por ignorar o que acontecia, mesmo quando as pessoas já não conseguiam circular por falta de gasolina, os próprios caminhoneiros fizeram pelo menos 4 avisos no último mês sobre a paralisação. E quando pararam, o governo ainda demorou 4 dias para começar qualquer diálogo. Na quinta-feira, quando já havia postos de combustíveis fechados pelo país, Temer discursou em uma inauguração qualquer no Rio de Janeiro e nem tocou no assunto.
Como se não bastasse, fez um reunião com os representantes dos caminhoneiros sem impor qualquer condição para que ela acontecesse: qualquer negociador de crises saberia que uma reunião desse porte só poderia acontecer se os caminhoneiros desbloqueassem as estradas. Teria que ser questão “sine qua non” para que se houvesse qualquer início de diálogo. Ao aceitar se sentar na mesa de negociações sem impor nada em troca, o governo deu a entender que aceitaria qualquer coisa que fosse imposta. E foi o que aconteceu.
O curso da crise ainda se tornou tragicômico quando finda a reunião e resolvidas todas as pendências, descobriu-se que os “representantes” da categoria não eram representantes de nada. Poderia ter ido na reunião a equipe do Pânico que o governo não notaria. E tudo voltou à estaca zero.
O que o governo então decidiu fazer? Chamou os militares, ao invés de acionar as polícias rodoviárias estaduais inicialmente. Uma medida criticada mesmo por gente de dentro do governo. Tanto que recuou logo em seguida. E serviu apenas para mostrar para todos o quanto perdido estava no meio de toda essa confusão.
Por fim, a forma com resolveu o problema (se é que resolveu). Primeiro, jogou a bomba nas costas da Petrobras, fazendo suas ações despencarem 40% em 3 dias. Depois viu a besteira e jogou a conta para ser paga pelo Tesouro (população).
Pra piorar, o ministro da Fazendo veio a público dizer que a solução encontrada para cobrir o rombo resultaria em aumento de impostos. E nem uma única palavra em cortes de gastos no próprio governo.
Se alguém tinha ainda dúvidas que a gestão Temer está em coma profundo, esperando apenas as eleições de outubro para se desligar definitivamente os aparelhos, elas se dissiparam como alface nos mercados.