Além da capacidade absurda do brasileiro em criar piadas extremamente engraçadas, a operação “Carne Fraca” da Polícia Federal acabou por revelar um submundo assustador.
Quantos proprinodutos existem no Brasil para bancar a corrupção governamental, o caixa 2 dos partidos, o troca-troca de apoio por cargos que possam ter um quinhão desse dinheiro todo?
A Lava Jato já tinha desbaratinado o propinoduto da Petrobrás e das grandes empreiteiras como Odebrecht e Andrade Gutierrez, o Mensalão já tinha revelado a corrupção do Banco do Brasil e Caixa Federal, e agora vemos um escândalo dos principais frigoríficos do país.
Aparentemente, toda empresa que tem qualquer relação com poder público automaticamente tem que criar seu “esquema” para se ligar à máquina e começar a prover o mar de dinheiro sujo para o governo brasileiro.
Vivemos uma rede de canais maior do que qualquer outro sistema de túneis do mundo, onde o dinheiro flui das empresas – sem preconceito de ser estatal ou não – para as classes políticas dominantes – sem preconceito de partido ou ideologia. E o que a Polícia Federal descobriu até hoje é um décimo da ponta de um iceberg!
Os desdobramentos da operação “Carne Fraca” são ainda impossíveis de se prever. Mas o estrago é grande. A (pouca) confiança que o mercado internacional tinha dos produtos nacionais praticamente foi ao menor nível possível. Se a fiscalização da qualidade de carnes é assim, por que não seria também a da soja, do arroz, do iogurte, do minério de ferro, da água mineral…?
Se já estávamos em uma crise de difícil saída, com um eventual bloqueio dos produtos brasileiros como um todo no mercado exterior. Agora, o cenário só tende a ser pior.
Apostar na subida do dólar e queda da bolsa agora não seria de todo uma aposta ruim. E uma coisa que eu aprendemos é que o mercado nunca está errado.