“Independência ou morte”

Editorial
Guaíra, 7 de setembro de 2017 - 09h50

O nome original dessa tela que ilustra nosso artigo é “Independência ou Morte”, mas ficou conhecida como “O Grito do Ipiranga”. 

O artista Pedro Américo terminou de pintar o quadro em 1888 em Florença, na Itália (66 anos após a independência ser proclamada). Foi a Família Real que encomendou a obra, pois ela investia na construção do Museu do Ipiranga (atual Museu Paulista da USP). A ideia era ressaltar o poder monárquico do recém-instaurado império.

A obra representa a cena de Dom Pedro I proclamando a independência do Brasil. Na tela também aparecem à direita e à frente do grupo principal, em semicírculo, os cavaleiros da comitiva; e à esquerda, e em oposição aos cavaleiros, está um longo carro de boi guiado por um homem do campo que olha a cena curiosamente.

O artista se preocupava em estudar todos os detalhes de seus quadros, como roupas, armas e os tipos físicos das pessoas. Para a produção deste quadro, ele se dirigiu frequentemente ao bairro do Ipiranga para conhecer a luz, a topografia e outros aspectos do lugar.

A imagem que consagrou o 7 de Setembro é verossímil, mas não relata com exatidão o ocorrido no Dia da Independência. Essa cena foi produzida pela imaginação do pintor. O próprio Pedro Américo reconheceu que seria impossível fazer uma relação entre a pintura e o episódio. Não apenas porque havia uma grande diferença de tempo, entre a tela pintada e a proclamação da Independência, mas também porque não seria possível reconstituir minuciosamente o acontecido, pois faltavam relatos.

Essas diferenças são significativas. Primeiro, não era comum usar cavalos, mas sim mulas, para fazer o trajeto da Serra do Mar. Os uniformes também eram galantes demais para o tipo de viagem que D. Pedro I estava fazendo. Sua comitiva também nem era tão numerosa – no máximo levava 14 pessoas. A pintura histórica retrata o episódio de maneira grandiosa, e Pedro Américo criou toda uma situação na tela para ressaltar esse aspecto. D. Pedro I estava voltando a São Paulo quando recebeu documentos vindos de Portugal e, depois de os ler, declarou o Brasil independente.

Tudo que parece, no Brasil, não é bem assim desde há muito tempo! Não dá para confiar!


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