No recente anúncio de que os alunos beneficiados pelo Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) poderão saldar suas dívidas através de serviços públicos, um feixe de luz pareceu penetrar o complexo labirinto da burocracia educacional brasileira. Esta medida, embora controversa, abre uma porta para reflexões mais amplas sobre a natureza do financiamento do ensino superior em nosso país.
Vamos encarar os fatos: quem paga a conta das instituições públicas de ensino superior? Não é um grupo seleto de contribuintes, mas sim toda a população brasileira. Desde o trabalhador incansável até o visionário empreendedor, cada cidadão tem sua parcela destinada a sustentar o nobre ideal da educação pública. Então, por que não considerar uma abordagem similar para aqueles que têm a sorte de estudar nessas instituições?
Ao estender a lógica do pagamento através de serviços públicos aos alunos das universidades públicas, estaríamos promovendo um sistema mais equitativo. Não seria uma medida justa permitir que os beneficiários do sistema educacional público retribuam à sociedade de maneira tangível? Afinal, uma educação de qualidade não é apenas um direito, mas também uma responsabilidade compartilhada.
Naturalmente, a proposta pode gerar algumas expressões de descontentamento entre a elite acadêmica, que muitas vezes se encontra envolta em uma névoa de privilégios. No entanto, seria ingênuo ignorar o fato de que a gratuidade do ensino superior público implica custos significativos para o conjunto da sociedade. Não estamos sugerindo uma punição, mas sim um reconhecimento mútuo do investimento coletivo na formação de profissionais capacitados.
A ironia do destino é que, enquanto os estudantes do FIES agora têm a oportunidade de “pagar” suas dívidas através de serviços à comunidade, seus colegas nas universidades públicas continuam isentos dessa contrapartida. Por que não estender a mão da reciprocidade a todos os alunos universitários? Seria uma maneira de promover a coesão social, reduzir disparidades e consolidar um senso genuíno de comunidade.
A educação é uma porta que se abre para oportunidades inigualáveis, mas também é um investimento da sociedade como um todo. Portanto, não seria de bom tom que todos os beneficiários desse investimento contribuíssem de alguma forma? A proposta de pagamento mediante serviços públicos para alunos universitários, se adotada e implementada adequadamente, poderia ser um passo audacioso em direção a um sistema educacional mais justo e sustentável.
Em um país onde as desigualdades persistem, é chegada a hora de repensar não apenas como financiamos a educação, mas como todos nós, como membros de uma sociedade coletiva, podemos contribuir para a construção de um futuro mais igualitário e promissor. Afinal, a verdadeira inteligência não está apenas em adquirir conhecimento, mas também em reconhecer nossas responsabilidades para com a sociedade que nos sustenta.