Entrevista da Semana

Teacher Beth e seu dom com os livros

Cidade
Guaíra, 17 de dezembro de 2017 - 15h15

Elizabeth Ribeiro do Nascimento – a Teacher Beth – mãe da campeã Joyce, avó  do  coração de Arthur e Gabriel e tem o Rubão Katsuoka como companheiro, amigo e parceiro, nos fala, neste domingo, da sua saga e do acolhimento que teve em nossa cidade.

 

Você sempre foi professora?

Antes de ser professora, fui secretária, fui vendedora, trabalhei em rádio, em Barretos, sempre trabalhando e estudando!

 

Com veio para Guaíra?

Através de um amigo, já falecido, João Carlos Vasconcelos Guimarães, um dos primeiros secretários da escola Dalva Lellis, era meu vizinho, em Barretos e tinha amizade com a Joana, secretária do Francisco Gomes, que o informou que estava precisando de uma professora de Inglês. Nesta época, meu inglês era fluente, fui na Delegacia de Ensino, então peguei umas aulas no Francisco Gomes e na Escola Dalva.

 

Assim, você mudou-se para Guaíra?

Não. Eu viajava todos os dias. Tinha um pessoal, uns investigadores de Polícia que me davam carona. Haviam me falado que tinha ônibus de hora em hora para Guaíra, mas não era verdade. Eu não tinha carro e foi complicado. Tinha dia que eu chegava em Guaíra ônibus e voltava de carona. Na Vicencina, havia um professor de matemática, o Joseli Lelis, que também me dava carona. Foi assim durante muito tempo.

 

Quando você “sossegou” na cidade?

Em 1989, a Jandira Ogane se aposentou, então sobraram mais aulas. Assim, me mudei para Guaíra, na casa da Ana, do Celso Dedemo Prado, que era nossa secretária. Ela me ofereceu um quarto, então eu só pagava a água, ela nem me cobrava aluguel. A Ana Branca me ajudou muito, a Joana e a Sebastiana Pontim, todas me acolheram de alguma forma. Eu comia na cozinha do Francisco Gomes ou trazia marmita… Comi muito lanche na “Vovó Landa” e no Lero-lero. Seu Tutomu Saito também me ajudou demais. Meu irmão foi policial aqui durante nove anos e ele me alertou: “Beth, você não vai mais voltar para Barretos, o povo de Guaíra é muito especial é muito acolhedor”. Eu era solteira e aqui não tinha muitas opções, não tinha ainda muitas amizades, as professoras eram quase todas casadas, mas eu conversava muito com a Lucimar, de Geografia, a Carolina e fui cativando e sendo cativada. Almocei na casa do Diretor, seu José Maria, e todos foram muito bacana comigo. Tenho grandes lembranças do Professor Silvio Vacaro e da Marli, me ajudaram demais. O Professor Marco Antonio, de Educação Física, se transformou em grande amigo, assim como a Cida do Fisk, onde fiz aulas de conversação. A Maria Helena Nogueira também me ajudou muito. Durante uma greve em que ficamos quase 90 dias sem aulas, a Maria e o Toninho do Supermercado me deram um emprego temporário de estoquista, porque eu precisava ganhar alguma coisa. Sou muito grata a eles também.

 

Enfim, um carro!

Eu tinha um terreno em Barretos e uma moto. Vendi e comprei um “Passat”. Minha mãe vinha comigo e ela era também muito boa para fazer amizades. Eu tinha aulas à noite e, para não voltar sozinha, ela vinha, ficava na casa dos caseiros das escolas, ajudava fazer merenda… No Francisco Gomes, na época em que o Betinho foi diretor, ele ofereceu um jantar e, na ocasião, presenteou cada um de nós com um coraçãozinho (que tenho até hoje!); minha mãe ajudou a fazer aquele jantar. Uma vez ela trouxe uma panelada de mafufo, não era um mafufo igual ao da Fumia, mas todos gostaram.

 

Tem carinho pelas escolas que passou?

Muito carinho! No Francisco Gomes havia professores que me aconselhavam muito. Tive problemas com uma sala e a Altina, de matemática, me orientou como eu deveria proceder. Eu era recém-formada!

 

Como é ser mãe de uma campeã?

A Joyce é uma bênção em minha vida. Conheci o pai dela dentro da casa do José Carlos Soares. Os pais dele, o Sr. Zé e dona Mercedes me adotaram como filha. Eu morei numa casa que era deles durante 13 anos e os “meninos” moravam em Brasília. Quando eles vinham, nos carnavais e datas comemorativas, era uma festa! Quando engravidei da Joyce, trabalhei até o oitavo mês, os alunos do Francisco Gomes fizeram um Chá de bebê no Clube de Campo, o Lora, marido da Lucimar, levou umas caixas de som, e parecia uma festa. A Joyce cresceu, começou a estudar no Ouro Branco e lá o professor de Judô reconheceu a força dela. O Paulo Rocca queria levá-la para o futebol, mas ela decidiu pelo Judô. Veio também o Professor Tiago. Ela começou no Judô com 6 anos de idade. De 2002 até 2012 foi destaque em todos os anos, foi revelação, foi campeã sul-americana, ganhou o campeonato brasileiro muitas vezes. Tive ajuda de muitas pessoas, pois cada viagem era muito cara. Esse ano ela teve muitas vitórias e continua fazendo Educação Física em São Paulo.

Certa vez, ocorreu um lance em Araraquara, quando o Stefanio Stafuzza a levou para competir mesmo ela estando parada há dois anos, acima do peso – sou grata a ele por isso e devemos a ele por esse empenho – e lá uma técnica viu a Joyce e disse que a queria em São Paulo. Ela foi. Tinha 20 atletas e ela foi a única classificada. Foi para o Centro de Excelência Esportiva do Estado de São Paulo, onde tem os melhores atletas, e treina até hoje. É um orgulho!

 

Como é o Rubão companheiro?

O Rubens entrou na minha vida quando a Joyce tinha 3 anos. Ele criou a Joyce. Os filhos dele entraram na minha vida de uma forma tão boa que acho eu fui adotada pela família toda. Formamos uma grande família. Foi e é um paizão para a minha filha e para os filhos dele.

 

Como o IORM entrou na sua vida?

Antes de me aposentar, me inscrevi no Projeto “Mais Educação” e comecei a trabalhar como voluntária na Escola Dalva Lellis. Depois trabalhei com rádio na Escola. Como já tinha experiência com o rádio, fiz um projeto e ampliei para o jornal. Trabalhei também, dentro da escola, com o projeto das Salas de Leitura. As bibliotecas estavam sendo substituídas pelas salas porque naquela época não passavam de depósito de livros. Então, a Elaine Oliveira e eu organizamos os livros e começamos no Projeto “Mais Educação”. Fizemos os jornais, na escola e o Instituto Oswaldo Ribeiro de Mendonça era parceiro. Eu levava os jornaizinhos para a Mirian Miata, para a Maira e acabaram me convidando para assumir a biblioteca do Instituto. Foi engraçado, porque era uma quarta-feira e o Rafael pediu para eu começar na segunda-feira. Eu estava tão ansiosa que falei: “não dá para começar amanhã?” (risos). Estou lá até hoje, me realizei na biblioteca do Instituto! Lá faço a roda de leitura, virei contadora de histórias e participo do projeto “Guaíra Cidade que Educa”.

 

O que é este projeto “Cidade que Educa?”

Este projeto chegou através do IORM, do Tião Rocha, que veio para mudar a cidade. Nossa cidade é uma cidade educadora, temos o SOS, APAE, SOGUBE, que são entidades que visam a educação. Os livros e as histórias são matérias ativas nestes lugares. Inclusive nas Escolas públicas. Eu trouxe alguns autores de livros, tudo para fazer um diferencial e ampliar a visão educativa. Na biblioteca, não estou somente para emprestar os livros, fazemos dramatizações, um trabalho pedagógico, enfim… Valorizamos as crianças com a entrega de certificados, com um destaque das dez que mais leem, entre outros. Estou ali para incentivar a criança a ler. Montamos a Gibiteca também. Agora estamos tendo uma saída de cerca de duzentos livros por mês.

 

Os livros, sempre!

Na verdade, comecei a fazer uma “cidade que Educa” sem saber quando pedi para o Stefanio fazer uma mini-biblioteca no Judô. Levei livros da Joyce, o Stefanio ganhou alguns, então ali foi surgindo mais um polo de Educação. A Joyce tem um carinho especial por este professor, que até hoje a aconselha nos seus caminhos.

 

Um pensamento

“O bem que faz um dia é a semente de felicidade para o dia seguinte.”


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