Entrevista da Semana

Dona Lourdes Vacaro: espírito puro e jovem!

Cidade
Guaíra, 13 de maio de 2018 - 12h42

 

 

 

 

 

 

 

Maria de Lourdes Vacaro Carvalho, ou simplesmente Dona Lourdes Vacaro, é mãe de Raquel, Francisco, Mara Silvia, Benedito e Beatriz. Simpática, elegantíssima, com uma memória prodigiosa, Dona Lourdes vem de uma família tradicional de nossa cidade: os Vacaro, que muito contribuíram para o desenvolvimento de nossa Guaíra. Com 88 anos (não demonstra e nem aparenta ter essa idade), se mostra uma pessoa alegre, comunicativa e cheia de vida. Adora assistir aos jornais televisivos para ficar em dia com as notícias. Faz crochê e já fez muitas palavras cruzadas. Gosta de festas, de bailes e nunca vai envelhecer, porque seu espírito é jovem! Dona Lourdes é um exemplo de vida, não tem tristeza, por isso mesmo a alegria, o sorriso fácil, fazem parte de seu dia a dia.

 

Há quanto tempo você é assinante deste jornal?

Há muitos anos! Eu me casei em 1953 e desde esta época nunca deixei de receber o jornal. Faço questão de recebê-lo e o leio inteirinho. Sou fã deste jornal!

 

Como conheceu o Vicente Lacativa?

Assim que o Vicente chegou em Guaíra, veio morar na casa dos meus pais. Eu era garota, mas me lembro bem do rapaz esguio, elegante, educado, que foi recebido como um filho pelo Seu João Vacaro e Dona Aurora. Morávamos na esquina da Rua 10 com a Av. 9 e ali também foi a sua primeira tipografia.

 

História para ser lembrada…

Eu era muito levada, arteira mesmo e o Vicente tinha acabado de arrumar os tipos para começar fazer o jornal. Fui lá e mexi em tudo, tirei tudo fora do lugar. Foi uma anarquia! Vicente foi reclamar com minha mãe… Ele me chamava de “Capetinha” ou então de “Pimentinha”. A bronca em casa foi grande também!

Numa dessas traquinagens, cortei o braço no facão de papel porque estava correndo dentro da tipografia. O Zeferino fez um curativo e tudo ficou bem!!!

 

Outra…

Quando era menina, o Tião Queirós tratava dos nossos dentes. Um dia, cuidando do meu dente da frente, o Tião colocou um de ouro! Quando cheguei em casa com este dente de ouro, bem na frente, foi um Deus nos acuda! Precisei voltar lá rapidinho para o Tião tirar o ouro!

 

Grandes recordações…

Há em cima do balcão da redação do jornal um “jornaleiro” que é a imagem de um garoto distribuindo jornais. Me lembro quando ele foi adquirido! Vicente e a Nádoa adoravam este jornaleiro!!! Deve ter mais de 50 anos!

Nos dias 20 de Janeiro de todos os anos, Vicente reunia os funcionários e os assinantes para comemorar o aniversário do jornal. Que festas maravilhosas! Uma turma de amigos se confraternizando, saíamos à noite, eram cantorias, piadas, conversas boas dos amigos o dia todo.

Como eu disse, Vicente morou em casa e minha mãe fazia pães para a família. Vicente cortava o pão ao meio, enchia de pimenta dedo de moça e comia sem sentir nada. Ficávamos abismadas com aquilo.

 

Conte-nos mais?

Uma das recordações que mais dói no coração foi a demolição da velha Igrejinha, na Praça São Sebastião. O pessoal mais velho de nossa cidade foi batizado lá, muitos casamentos foram também realizados na Igrejinha, que, diga-se de passagem, era linda e aconchegante. No meu ponto de vista, acho que deveria sim fazer uma Igreja maior, mas não somente eu, mas muitos da nossa comunidade achávamos que a Igrejinha deveria ficar ali, com seus bancos de madeira, o altar, as imagens. Foi uma pena!!!  Outra casa que também não deveria ser demolida, foi onde o Capitão José Custódio residiu. Era uma casa linda, no coração da cidade, bem em frente à praça!

 

Como a juventude se divertia?

Tinha o Grêmio, onde foi o Chopão e hoje é o Espetinho. Ali eram realizados nossos bailes e os carnavais, não tínhamos muita opção, então fazíamos os bailes nas residências. Dançávamos muito onde foi a antiga casa do Dr. Nenê Pugliese. Guaíra era como uma imensa família, todos se conheciam. Íamos também passar as tardes nas “Antas”, tinha um córrego de água e era onde o Sr. Enoch morava com a Dona Naninha, mãe da Dalvinha. Ali ficávamos todos os dias, íamos a pé, tinha uma estrada e não havia bichos, não tinha violência e dona Naninha mimava muito a gente com pães de queijo, biscoito… Não tinha maldade. Então reuníamos: a Magda do Seu Fausto, Iône Lelis, Iône Cavenaghi (que se casou com o Valdemar Moreira), a Maria Sales, irmã do Colô…

 

E o cinema?

O primeiro cinema foi na Casa Paroquial, tocado pelo Seu Jorge Tibiriçá, depois passou para os Cavenaghi. Nesta época, nossos ídolos eram Errol Flynn, Betty Davis, Sofia Loren… Íamos mais na matinê, então, minhas amigas passavam em casa, me ajudavam a lavar as louças e nos deslocávamos à Casa da Dona Clementina, que ficava nos fundos do cinema. Limpávamos todas as cadeiras e dona Clementina dava os passes para assistirmos aos filmes.

 

Máquina de arroz

Meu pai tinha uma máquina de beneficiar arroz na baixada.  Então, levávamos ovos e colocávamos embaixo das palhas de arroz porque elas tinha fogo por baixo. Os ovos cozinhavam e comíamos, ali mesmo, uma traquinagem do tempo de menina. Muitas crianças iam brincar nas palhas de arroz. Brincávamos também na serragem da serralheria do Sr. Flores. Era o dia inteiro brincando na serragem: a Ilca Vacaro, a Iône, Odete Moraes, nunca ficamos doente, nunca tivemos alergia, nada! Foi uma infância que deixou saudades.

 

E os estudos, como ficaram?

Fiz o primário em Guaíra e depois da admissão concluí os estudos em Orlândia, no Colégio interno. Neste colégio tinha uma parte masculina e uma parte feminina. Foi aí que conheci meu primeiro e único namorado: Chico Carvalho, que também estudava lá.  Uma curiosidade foi que numa dessas brincadeiras, nós tirávamos uns papeizinhos com os nomes dos rapazes. Pois no meu papelzinho veio o nome de Francisco! Eu falava: “Quem é este Francisco?” “Quem é este Francisco?” e disseram que era o menino novo que tinha acabado de chegar no colégio. Pois namoramos por 15 anos e nos casamos…

 

Família grande?

Minha família é composta por 12 filhos: Alaor, Aurora, Mafalda, Geada, Vicencina, Elisa, Lourdes, Silvio, Ilca, Airton, Antonio e João – o Lão! A Aurora foi a nossa mentora: deixou de estudar para ajudar a mamãe a cuidar de nós! Incentivou todos nós a estudar… Formamos graças a ela.

 

Uma paixão declarada?

Meu neto Fábio, filho da Beatriz, é a minha grande paixão. Ficou sem o pai com 11 anos. É um garoto carinhoso, estudioso, se forma ainda este ano em Engenharia Mecânica. Tenho muito orgulho dele, porque vai se tornando um homem de bem, trabalhador, é muito especial. Tenho cinco netos e cinco bisnetos que moram longe, mas moram dentro do meu coração!!!

 

Desejos!

Eu amo Guaíra. Tenho muita vontade de ver a nossa cidade no caminho do progresso. Desejo que os administradores de Guaíra governem com amor no coração. Muita Paz para nossa cidade, tenho grandes e bons amigos aqui. Lembro-me com carinho do Aloísio que muito fez para cidade, o Dr. Nenê, o Chubaci, Fábio Talarico, Orlando, governantes que deixaram suas marcas de grande homens e grandes realizações.


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