Entrevista da Semana

Geral
Guaíra, 1 de outubro de 2017 - 10h00

Maria Douglas: história de superação e fé

Maria Douglas Alvarenga Lourenço, 75 anos, natural de Ipuã, mãe de Mauro, Lucimar e Ana Luciene, avó de oito netos e dois bisnetos é uma das mais antigas assinantes do nosso Jornal. Maria Douglas admira nossas páginas e nós a admiramos. De uma coisa é certo, quem não conhece a elegantíssima Douglas terá, no fim da página, muito prazer em conhecê-la.

Como Guaíra entrou na sua vida?

Eu nasci em Ipuã. Sou neta de Pedro Carlos Alvarenga, um homem de grandes posses por lá. Meu pai foi delegado e também detinha propriedades, gados, de modo que tive uma infância tranquila e maravilhosa. Desde pequena, ele me ensinou a rezar o Pai Nosso. Chegava tarde da noite, nós jantávamos, meu pai, minha mãe, minha irmã e eu, e então íamos para quarto e ele falava que ia ensinar a oração que Jesus nos deixou. Eu tinha 2 anos e já sabia rezar. Nesta época, quando havia festas, reuniões, as crianças não ficavam perto dos adultos. Tinha uma mulher – a Dona Benedita – que ficava com todas as crianças e eu era sempre requisitada para rezar o Pai Nosso. Meu pai nos proporcionou uma vida muito confortável. Depois de algum tempo, ele resolveu mudar-se para Guaíra, pois tinha uma irmã que morava aqui de nome Torquata e, num prazo de três dias, vendeu tudo o que tínhamos: propriedades, gados, sítios, chácaras, hotel e viemos para cá.

 

Diversão

Não posso me queixar da adolescência, era tudo maravilhoso, tinha o Clube de Campo, o Grêmio e tanto aqui como em Ipuã, frequentávamos a Praça. Minha turminha e eu gostávamos de ir ver a banda, na praça, de correr em volta do coreto. Mas, o que eu gostava mesmo era de cinema! Primeiro na rua 10, depois passou para a rua 8 e mesmo depois de casada, a minha diversão favorita era o cinema. Se tivesse filme todos os dias, nós íamos, meu marido e eu, assistir aos que passavam. Aliás, este meu nome, Maria Douglas, foi dado por meu pai que era admirador de um artista do cinema de modo que ao invés dele colocar Maria José, Maria João, que seria “Maria” acrescido de um nome masculino, ele colocou Maria Douglas e devo confessar que ainda não encontrei ninguém com um nome igual ao meu. Quando estou em uma cidade de fora e dou um cheque e as pessoas leem o meu nome acabam por dizer que ele é diferente. No começo eu estranhava, na escola, por exemplo, mas hoje eu gosto. Herdei esta predileção pelo cinema do meu pai… Ele saia para Ribeirão Preto só para ver filme. Hoje, como não estou dirigindo mais, saio pouco. Mas tinha também como quase uma diversão, auxiliar quem precisasse de um favor. Levava, de carro, quem precisasse de um transporte: no médico, no pronto-socorro, nos bairros mais afastados. Esta era a minha diversão e a Igreja.

 

Bazar

Nós tivemos um Bazar na Rua 10 entre as Avenidas 11 e 13. Ficamos ali por 25 anos. Era muito prazeroso. Eu adorava morar ali, à noite, colocávamos um tapete na calçada e a meninada ia brincar ali. Aí apareciam as crianças da Isabel, da Marina, da Rute e ficávamos ali. Tenho saudade desta época. Neste bazar tinha de tudo. Às vezes uma pessoa ia para comprar um carretel de linha e saia com uma blusa também.

 

Alma gêmea

Há coisas que a gente não esquece. Fui muito feliz no casamento. Quando meu marido passava para ir almoçar, e eu estava na loja, ele dava um sinal, eu descia para nossa casa, ele esperava no portão, me pegava no colo e levava para cozinha. Não havia briga que resistisse a um ato desses (risos). Eu o conheci na minha festa de 15 anos. Foi uma festa linda. Logo depois fui pedida em casamento. Eu tinha 17 anos quando me casei. Minha viagem de núpcias foi no Rio de Janeiro, no Palace Hotel. Era nova e pequenininha, no Rio não podia sair sem documentos, tinha que sair com a certidão de casamento. Fiquei casada 45 anos e já estava programando as bodas de 50 anos, iríamos fazer novamente a mesma viagem, mesmo hotel, eu já tinha idealizado minha roupa, tanto que bordei uma blusa inteirinha de lantejoulas, já tinha também idealizado a saia, meu marido chegou a ver esta roupa.

 

Um momento difícil

Quando meu marido faleceu, tive uma forte depressão. Quem me auxiliou muito foi a Maria Luisa Lelis e a Igreja.  A depressão deixa a pessoa mal e perdida. Eu era uma pessoa muito ativa antes… Quando tivemos o bazar, ia fazer compras em São Paulo, sempre trabalhando no comércio e meu marido me poupava muito, por exemplo, eu não fazia trabalhos domésticos porque sempre tive quem fizesse, nunca fui em um posto de gasolina colocar combustível, se eu precisasse sair ele providenciava o carro abastecido na porta de casa. Quando ele faleceu fiquei perdida, já tinha parado com o bazar, meus netos pequenos e todos nós ficamos muito assustados. Então fui para a Igreja!  Me recuperei sem tomar remédios! Quando a Maria Luisa faleceu, ela deixou o lugar de coordenadora do Terço Nossa Senhora de Fátima para mim e sou a coordenadora até hoje.

Acredito que todos têm problemas, eu também tive, mas se for colocar na balança, os momentos felizes foram infinitamente maiores.

 

Gosto pelas pessoas!

Quando voltei da depressão eu pensei que queria pessoas à minha volta, tinha necessidade e queria ajudar outras pessoas, principalmente crianças. As mães levam as crianças em casa e rezo para elas.  Eu rezo o Pai Nosso porque foi ELE que nos ensinou e rezo o Credo, porque é a vida de Cristo. Assim elas chegam debilitadas em casa e saem falantes a animadas. Para mim não há nada melhor que isto.

 

Gosta da televisão?

Já gostei muito. Hoje nem tanto. Gosto mais de músicas! Os “meninos” gravam os pen-drives e eu canto e danço junto com as letras. Todos os domingos era uma festa na minha casa. Adoro qualquer tipo de música. Então me apego às músicas, sertanejas, por exemplo. Gosto de algumas novelas, por exemplo, esta novelinha da vida de D. Pedro, assisti a todos os capítulos, a minha filha Lucimar que é professora, me advertiu que a princesa Leopoldina iria morrer, o que seria o real, mas gostei porque o autor não deixou que ela morresse para o final não ficar triste (risos).

 

Você gostaria, se pudesse, voltar a viver tudo de novo?

Viveria tudo de novo! Casaria com a mesma pessoa, teria os mesmos pais, o mesmo bazar, agradeço a Deus pelos filhos que foram dados, aos netos, bisnetos e gostaria de externar a minha admiração pelo jornal, gosto de tudo que é publicado, leio com gratidão porque aprendi que perdoar e ser grata ao que vida oferece é uma bênção que só faz bem a si mesma!!!


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