A especulação é que, agora, o governo federal estaria cortando bolsas no exterior para reduzir custos, diante da atual crise econômica
Estudantes de doutorado pleno no exterior do programa federal de intercâmbio Ciência sem Fronteiras estão enfrentando problemas para renovar a concessão de suas bolsas – o que já tem deixado alguns deles sem dinheiro ou em situação ilegal no país em que estudam.
As informações são do jornal Folha de S.Paulo, que conversou com quatro doutorandos que esão nessa situação em universidades do Reino Unido, da Holanda e da Itália. Eles tiveram a bolsa mensal interrompida indefinidamente após parecer negativo da Capes, agência federal que participa do programa Ciência sem Fronteiras pelo MEC (Ministério da Educação).
Cada doutorando tem um contrato de quatro anos com o governo e deve mandar relatórios anuais de desempenho para que a concessão da bolsa seja renovada. Com a renovação, que deveria acontecer em maio, eles ingressariam, em agosto, no 3º ano de doutorado.
O problema é que eles tiveram a renovação da bolsa indeferida. Ou seja: a Capes considerou insuficiente o relatório anual desses alunos. Após envio de documentação adicional para revisão do parecer sobre o relatório, dizem os doutorandos que estão sem resposta e tiveram a bolsa mensal interrompida.
Não há dados oficiais de quantos doutorandos brasileiros estejam no mesmo imbróglio – há 2.713 alunos de doutorado com bolsa plena do governo federal fora do país. Um dos estudantes ouvidos pela reportagem da Folha de S. Paulo disse que está sem dinheiro e em situação ilegal, já que o visto de permanência no país depende da renovação da concessão da bolsa.
Outro afirma que teve a concessão da bolsa indeferida com um parecer de três linhas, que alegava que o relatório estava redundante.
A especulação é que, agora, o governo estaria cortando bolsas no exterior para reduzir custos, diante da atual crise econômica. Para se ter uma ideia, o investimento mensal para manter um bolsista de doutorado pleno nos EUA – onde há 573 deles – em cidade considerada “de alto custo” é de U$ 1.700 (quase R$ 6 mil). (Folha de S.Paulo)