Guaíra está entre as cidades com maior índice de mortes por câncer

No município guairense, as neoplasias representaram 21% dos óbitos. Especialistas culpam sedentarismo, exposição ao sol sem uso de protetor, cigarro e falta de diagnóstico precoce

Cidade
Guaíra, 18 de abril de 2018 - 10h18

 

 

 

 

 

 

O Estudo feito pelo Observatório de Oncologia do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), divulgado nesta segunda (16), mapeou as causas de morte em 5.570 municípios do país.

O levantamento descobriu que em 516 cidades, a principal causa foi o câncer. Entre estas, três cidades região de Ribeirão Preto aparecem com números significantes: Guaíra, Vista Alegre do Alto e Dumont.

Os especialistas fizeram esse alerta para que os resultados ajudem na prevenção através de política se públicas eficientes. De acordo com eles, esse aumento pode estar associado ao crescimento da expectativa de vida e também aos hábitos da população, como o sedentarismo, o tabagismo, a exposição ao sol sem uso de protetor, além da falta de diagnósticos precoces e a dificuldade de acesso ao tratamento.

“O aumento da mortalidade pela doença aqui está relacionado, também, às dificuldades enfrentadas pelo paciente para o diagnóstico e para o acesso ao tratamento. Diversos tipos de câncer são preveníveis e outros têm seu risco de morte significativamente reduzido quando diagnosticado precocemente. Nosso objetivo é alertar e engajar os múltiplos atores a somarem esforços no combate ao câncer”, destacou a coordenadora do movimento “Todos Juntos Contra o Câncer”, Merula Steagall.

Já o 1º secretário do CFM, Hermann von Tiesenhausen, enfatizou a importância de se discutir o avanço do câncer, especialmente no momento em que os candidatos a cargos eletivos elegem suas prioridades para as Eleições Gerais de 2018. “Este diagnóstico revela um grave problema de saúde pública que, a cada ano, assume maior relevância na lista de prioridades dos gestores. Na visão do CFM, é preciso envidar todos os esforços para conter essa epidemia e manter a obediência às diretrizes e aos princípios constitucionais que regulam a assistência nas redes pública, suplementar e privada no Brasil.”

Os dados mostram que a maior parte das cidades onde o câncer já é a principal causa de morte está localizada em regiões mais desenvolvidas do País, justamente onde a expectativa de vida e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) são maiores. Dos 516 municípios onde os tumores matam mais, 80% ficam no Sul (275) e Sudeste (140). No Nordeste, estão 9% dessas localidades (48); no Centro-Oeste, 34 (7%); e no Norte, 19 (4%).

Em Guaíra e Dumont, as neoplasias representaram 21% dos óbitos. Já em Vista Alegre do Alto, 25% das mortes foram atribuídas ao câncer.

“O nosso próximo passo é sentar com esses municípios onde a situação está mais alarmante e planejar com esses gestores medidas de prevenção e controle pra que os pacientes cheguem antes ao diagnóstico”, diz Merula.

Ao comparar o período entre 1988 e 2015, o estudo evidenciou que a doença cresce a um ritmo três vezes maior do que os problemas cardiovasculares e deve se tornar a principal causa das mortes no país nos próximos dez anos.

HISTÓRICO

Atualmente, as complicações no aparelho circulatório, especialmente o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o infarto agudo do miocárdio, ainda são responsáveis pela maior parte dos óbitos. Em geral, são doenças associadas a má alimentação, consumo excessivo de álcool, tabagismo e sedentarismo. Contudo, os registros que ficam sob a supervisão do Ministério da Saúde mostram que a incidência de neoplasias com desdobramentos fatais tem avançado.

No ano de 2015 (último período com estatísticas disponíveis), foram registradas 209.780 mortes por câncer e 349.642 relacionadas a doenças cardiovasculares e do aparelho circulatório. No entanto, quando comparados com os dados de 1998, por exemplo, percebe-se uma grande diferença no comportamento desses dois tipos de transtornos.

Os registros mostram que o número de mortes por câncer aumentou 90% em 2015 com relação a 1998, quando 110.799 pessoas foram à óbito por conta da doença. Nos mesmos períodos, houve uma alta de 36% entre as vítimas de doenças cardiovasculares, que na época somavam 256.511 pessoas. Ou seja, o crescimento das mortes por neoplasias foi quase três vezes mais rápido do que daquelas provocadas por infartos ou derrames.

No mundo, o câncer é responsável por 8,2 milhões de mortes por ano em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Aproximadamente 14 milhões de novos casos são registrados anualmente e o organismo internacional calcula que essas notificações devam subir até 70% nas próximas duas décadas.

Doença da modernidade

Na avaliação da coordenadora do movimento “Todos Juntos Contra o Câncer”, a mudança nos indicadores desses municípios reflete o novo perfil epidemiológico do Brasil, pois o câncer pode ser considerado uma doença vinculada ao desenvolvimento e à modernização em sociedade. “Dentre as hipóteses que justificam esses números estão: o aumento da expectativa de vida e consequente mudanças genéticas decorrentes do envelhecimento da população; e o comportamento não saudável de milhões de brasileiros, que ainda são adeptos do consumo do tabaco, não realizam atividades físicas, sofrem com os efeitos da obesidade ou se expõem ao sol de forma excessiva e sem proteção”, aponta Merula Steagall.

Tabela 3. Quantidade de óbitos nos 516 municípios, segundo faixas etárias – 2015

Faixa Etária Quantidade de Óbitos
0 a 9 anos 56
10 a 19 anos 71
20 a 29 anos 109
30 a 39 anos 252
40 a 49 anos 690
50 a 59 anos 1700
60 a 69 anos 2408
70 a 79 anos 2474
80 anos e mais 1925

 

 


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