No próximo ano, o Paço Municipal Messias Cândido Faleiros – o prédio da Prefeitura – celebrará seu Cinquentenário. São cinquenta anos de história, dos 92 anos de emancipação política de Guaíra, após a mudança promovida pelo ex-prefeito Aloízio Lelis Santana das instalações do Executivo Municipal do prédio da CTBC para o imóvel de arquitetura moderna à beira do então jovem Lago Maracá.
Mas, afinal, qual a relevância da data, mais precisamente dia 12 de agosto? Do ponto de vista histórico, bem pouco, já que o brasileiro e o guairense não aprenderam a valorizar suas histórias e seus patrimônios. No entanto, se desejar caminhar na contramão desta tradição, ainda dá tempo das escolas públicas e particulares se organizarem para visitas ao Paço ou – ao menos – contar a história do ex-prefeito homenageado, Messias Cândido Faleiros, que foi um exemplo de zelo e responsabilidade com o dinheiro público, orgulho para nossa terra e modelo a ser seguido sempre.
Agora, diante de uma crise sanitária (pandemia), uma crise político-institucional (eleição/Gaeco) e o retorno da crise hídrica (falta de água), há espaço ou clima para pensar em um evento que ainda ocorrerá daqui a pouco mais de um ano? O fato é que os problemas já instalados teriam sido sanados com planejamento e responsabilidade, com exceção da pandemia, evidentemente. Não há o que fazer a não ser esperar eles se processarem e liquidarem. Nada mais saudável para Guaíra que olhar para frente e construir uma agenda positiva – livre de ansiedade, de obsessão e de tédio – e que possa ser útil no planejamento a médio e longo prazo, inclusive para a eleição suplementar.
Do ponto de vista do planejamento, importante quando se fala em construção de uma agenda de prioridades, o Cinquentenário do Paço merece uma ponderação. São poucos – para não dizer pouquíssimos – os setores administrativos do total existente que o Paço comporta. De imediato, a falta de visão ou planejamento pode surgir como uma hipótese na planta original do Paço. No entanto, a Constituição de 1988 fez os municípios ampliarem suas responsabilidades em diversos campos das políticas públicas, tendo também necessitado criar novos setores para administrá-las.
Atualmente, tem causado indignação nas redes sociais o pagamento excessivo de aluguéis pela Prefeitura. Contabilizado e divulgado pela página “Guaíra em Pauta”, são quase um milhão de reais por ano. Os dados são oficiais, do Portal Transparência. Assim sendo, não há quem não se lembre da proposta de construção de um Centro Administrativo.
A projeção de uma obra desta magnitude ficou conhecida na eleição de 2000 pelos candidatos Minininho e Dr Orlando e reforçado na publicação do Plano de Administração da Coligação União e Progresso. No entanto, em recente pesquisa, no Plano de Governo da chapa Dr. Aloízio e José Carlos Augusto, de 1992, já se fazia presente à preocupação com a viabilização de um Centro Administrativo: “O Paço Municipal inaugurado em 1972, vinte anos atrás, não tem condições de abrigar hoje em dia todos os serviços prestados pela Prefeitura. Alguns setores da Prefeitura deverão ser transferidos para outro local que se constituirá no futuro Centro Administrativo da Prefeitura”.
Com este trecho, conclui-se que quase 30 anos de idealizações sobre o Centro Administrativo não foram suficientes para torná-lo real! E quase 50 anos depois, o Paço já possui desgaste pelo tempo e uso e maiores necessidades de reparação. E, agora, o que priorizar? Melhor desistir deste projeto que muitos outros municípios já realizaram? Respostas não-eleitoreiras são bem-vindas.
Foto: Inauguração do Paço. Todos os nomes dos presentes estão no livro “Águas que correm pelos sertões do Caiapó. História de Guaíra do século XIX a 1980”, de Marcelo Borba de Freitas.
Camilo Junqueira Prata, 38, psicólogo social, criador e mantenedor da página Guaíra em Pauta no Facebook.