As crianças e a EaD

Opinião
Guaíra, 21 de junho de 2020 - 14h27

Muito se diz e se prega que a Educação à Distância não serve para as crianças. É verdade? Depende.

Em tempos normais, não. Não pelo fato da aprendizagem em si, mas pelo contexto social que a escola possibilita. Como seres sociais, viver a infância e a adolescência com colegas, professores, supervisores de pátio etc., é muito salutar. Tanto para a convivência em pares, como para respeitar outras “autoridades” (no sentido da responsabilidade de cuidar), além dos pais. Portanto, não defendo a sua regularização para esse grupo de estudantes no período pós pandemia.

Porém, não podemos dizer que a criança e o jovem não conseguem aprender com ela. Vila Sésamo, por exemplo, foi um programa concebido para a aprendizagem pela TV. Tenho minhas ressalvas por conta da alfabetização precoce, mas, para o momento, início da década de 1960, foi fundamental para colocar as crianças de baixa renda no mesmo nível das de classe mais alta nos EUA. Essa foi a grande missão do programa.

Por conta disso, muitos estudos científicos foram desenvolvidos durante a sua exibição, exatamente para o aprimoramento constante epara que seu ideal fosse realmente atingido.

Alguns resultados foram surpreendentes. Um delesmostrou que, quando o programa era desinteressante e desconexo, as crianças perdiam a atenção (trocavam-se as sequencias lógicas de aprendizagem, mas mantinham-se as cores, os movimentos etc., aquilo que supostamente mantinha a atenção, quando, na verdade, o sentido é que era valorizado pelas crianças).

Outro estudo foi a divisão de crianças em dois grupos. Um deles com brinquedos e outro sem. O nível de atenção ao programa no primeiro grupo foi de aproximadamente 47%. O do segundo, quase 90%. Porém, na avaliação da aprendizagem, os resultados eram muito parecidos. Isso mostra que as crianças do primeiro grupo mantinham a atenção seletiva para aquilo que realmente precisavam aprender. E o mais interessante: brincar e aprender não atrapalha! Isso mostra o acerto, na presencial, de algumas escolas que preservam a infância da criança.

Assim, a EaD não deve substituir a educação presencial na Educação Básica. Iríamos perder muito por conta da formação social, imprescindível, que os encontros escolares possibilitam. Porém, é grande alternativa para o momento. Funciona. Só não se pode espelhar o modelo presencial no EaD. Sabendo como as crianças aprendem (como reagem a essa modalidade), podemos aplicar novos modelos. E vale estudar tudo o que Vila Sésamo deixou (disponíveis no livro O Ponto da Virada, de Malcom Gladwell).

Pense nisso, se quiser, é claro!

 

Prof. Me. Coltri Junior é mestre em educação, especialista em EaD, palestrante, administrador, consultor organizacional e educacional, professor e diretor da Nova Hévila Treinamentos. Website: www.coltri.com.br–Insta: @coltrijunior


TAGS:

Coltri Junior

Professor Coltri Junior é palestrante, consultor organizacional e educacional, professor e diretor da Nova Hévila Treinamentos

Ver mais publicações >

OUTRAS PUBLICAÇÕES
Ver mais >

RECEBA A NOSSA VERSÃO DIGITAL!

As notícias e informações de Guaíra em seu e-mail
Ao se cadastrar você receberá a versão digital automaticamente