Como falar da morte para as crianças?

Opinião
Guaíra, 14 de junho de 2023 - 10h51

A morte é um tema difícil e delicado, que muitas vezes evitamos abordar com as crianças. No entanto, é inevitável que elas se deparem com essa realidade em algum momento da vida, seja pela perda de um familiar, de um amigo ou de um animal de estimação. Como os adultos podem ajudar as crianças a lidar com o luto e a compreender a morte de forma saudável e respeitosa?

A primeira coisa a saber é que as crianças têm diferentes formas de entender a morte, dependendo da idade e do contexto em que vivem. Segundo a psicóloga Cristina Borsari, a compreensão das crianças sobre a morte varia de acordo com as seguintes faixas etárias:

– Até os 3 anos: a morte é entendida como a ausência ou a falta de alguém, algo que pode ser reversível.

– Dos 3 aos 7 anos: a morte ainda é vista como a ausência de alguém, mas que não volta mais;

– A partir dos 7 anos: a morte começa a ter o seu significado de finitude, algo que aconteceu, é inevitável e irreversível.

Dessa forma, é importante adaptar a linguagem e o conteúdo da conversa à capacidade de compreensão da criança, sem mentir ou omitir informações essenciais. O Dr. Drauzio Varella, recomenda em seu site, algumas dicas para falar sobre a morte com as crianças:

– Seja honesto e claro: explique que a pessoa morreu e não irá voltar, sem usar metáforas como “dormiu para sempre”, “virou estrelinha” ou “foi fazer uma longa viagem”, que podem confundir ou assustar a criança.

– Respeite o tempo e o espaço da criança: não force a conversa se ela não quiser ou não estiver pronta. Deixe que ela faça perguntas e expresse seus sentimentos à sua maneira. Ofereça apoio e acolhimento, mas não invada sua privacidade.

– Não esconda suas emoções: mostre que você também está triste e que é normal chorar ou sentir saudade. Isso ajuda a criança a perceber que não está sozinha e que pode contar com você para enfrentar o luto.

– Valorize as lembranças positivas: fale sobre os momentos felizes que vocês viveram com a pessoa que morreu, as qualidades e os ensinamentos que ela deixou. Isso ajuda a manter viva a memória e o afeto pela pessoa que se foi.

– Respeite as crenças da família: se você tem uma religião ou uma espiritualidade, pode compartilhar com a criança sua visão sobre o que acontece após a morte, desde que isso não contradiga o fato de que a pessoa não irá retornar fisicamente. Se você não tem uma crença definida, pode dizer que existem diferentes formas de pensar sobre esse assunto e que cada um pode escolher aquela que faz mais sentido para si.

– Busque ajuda profissional se necessário: se você perceber que a criança está tendo dificuldades para lidar com o luto, como mudanças bruscas de comportamento, isolamento social, queda no rendimento escolar, medos excessivos ou sintomas físicos, procure um psicólogo ou um psiquiatra infantil para orientá-lo.

Falar sobre a morte com as crianças não é fácil, mas é necessário. Ao abordar esse tema com honestidade, respeito e afeto, você estará ajudando a criança a desenvolver sua resiliência e sua capacidade de superar as adversidades da vida.

Andersson Pedroso

Autor do livro “Sonho Azul – A luta pelos inocentes”

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